Silêncio

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Pego-me observando Marcos, me aproximo dele lentamente, assustado, ele se afasta olhando fixamente em meus olhos. Sem entender, estendo as mãos para tentar acalmá-lo.

— O que houve? Por que está se afastando? — Perguntei sem entender.

— Eu vi o que você fez, garoto! — Falei com uma voz que não era a minha.

O que está acontecendo? Não consigo controlar meu corpo, nem o que falo… 

— HAHAHA. Se seu amigo aqui, fosse covarde como vocês, eu não estaria aqui. — Gargalhou a coisa.

— O que é você? O que fez com o Oliver? — Gritou Marcos assustado.

— Eu sou… Hihihi. Não pense que vou falar para alguém como você! — Respondeu apontando o dedo ensanguentado.

— Não se preocupe, embora eu queira muito rasgar você ao meio, seu amigo aqui não me permitiria. — Deu um sorriso irônico. 

— Enfim, tenho que me livrar desse corpo. — Mostrou, segurando o assaltante.

Rebeca nesse momento se aproxima de Oliver e o abraça por trás.

— Não importa como você aparenta ser agora, eu sei que é você, Oliver! — Chorando, ela o abraçava. — Não se preocupe, eu vou te ajudar!
Rebeca dessa vez apertou mais forte.

— Calma lá garotinha. Seu amigo não precisa de ajuda. — A coisa riu. — Fizemos um trato, só preciso limpar isso aqui e seu amigo volta!
Ele farantiu, enquanto se aproximava do corpo do assaltante.

Nesse momento sua boca abriu de forma sobre-humana. Abaixou-se e em seguida devorou o corpo “inteiro”. Marcos, ao ver essa cena, começa a vomitar. Márcia já havia desmaiado no momento em que o assaltante foi morto. Já Rebeca, se manteve calma e apenas esperou observando em silêncio.

Embora eu não tivesse controle sobre meu corpo, eu ainda podia assistir tudo aquilo, e não queiram imaginar o quão traumatizante é devorar restos de um corpo fatiado…

Alguns minutos depois, ouve-se uma sirene de polícia. No mesmo instante, meu corpo começa a voltar ao normal. Embora não tenha me visto, senti uma diferença drástica na minha altura e força física. As garras, que antes tomavam conta das minhas mãos, foram sumindo. Minha voz antes bestial, já era apenas a minha. A cor enegrecida que cobria meu corpo foi se apagando. Da mesma forma que me transformei em segundos, assim voltei a ser um humano. 

— O que aconteceu aqui? — Marcos questiona, tremendo em choque.

— Calma, está tudo bem! — O acalmei sorrindo, enquanto me aproximava dele. — Acredito que algo nos protegeu.
Estendi a mão para levantá-lo e ele aceitou.

Enquanto a polícia se aproximava, Rebeca ia amparar Dona Márcia, tentando acalmá-la. Quando os policiais se aproximaram, falei calmamente que o assaltante, ao ouvir a sirene, havia corrido para a rua de trás, pulando alguns muros. O policial, olhando fixamente para mim, como se estivesse desconfiado de algo, olha para seu colega e faz um sinal com a cabeça, em seguida, vão em busca do assaltante.

— Anda, vamos nos atrasar para aula! — Chamei Marcos e Rebeca, como se nada tivesse acontecido.

— Como assim?  Você vai mesmo agir normalmente? — Gritou Marcos ainda assustado.

— Você morreu bem diante dos nossos olhos! — Lembrou Marcos, olhando para Rebeca, esperando uma reação parecida dela.

— Não importa, ele voltou! — Rebeca ignora Marcos.

— Como você pode falar isso tão tranquila? — Marcos gritou irritado. — Desde quando isso é normal? Você viu no que ele se transformou?!
Eu e Rebeca não sabiamos como reagir.
— Não, isso não pode ser verdade, devo estar sonhando! Sim, isso é um pesadelo. — Marcos desmaiou em seguida.

Até o ColapsoOnde histórias criam vida. Descubra agora