Ameaça

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Marcos e eu estávamos indo até sua casa para pegar o artigo que ele havia esquecido. No caminho tivemos uma pequena conversa. Marcos ainda parecia bastante abalado com o que aconteceu, mas já estava dando sinais de aceitação. Diferente de Rebeca, ele foi ameaçado pelo demônio e é compreensível sua reação.

— Ei Oliver, você disse que garantia que o bicho não me machucaria... Como pode dizer isso? — Me perguntou enquanto corríamos até o ponto de ônibus.

— Eu não sei como explicar ainda, mas eu garanto! — Respondi ofegante. — Ele não é uma ameaça a você nem à Rebeca! Não permitiria que nada de mal acontecesse com os dois! 

— Sei que ainda parece meio confuso sobre o que aconteceu. — Disse Marcos. — Mas confie em mim, me fale o que realmente aconteceu quando você levou aqueles tiros... — Me questionou. 

— Marcos... — Parei e respirei fundo. — Eu fiz um acordo com aquilo. — Respondi.

— Não poderia ser mais estranho. — Respondeu Marcos rindo nervoso. — Você fez um pacto com um demônio, Oliver? — Perguntou virando com cara de assustado.

— É, pode-se dizer que sim, eu fiz! — Respondi olhando para baixo.

Naquele momento começava a cair a ficha do que realmente eu tinha feito e na gravidade das consequências que eu teria que assumir. Durante minha vida, eu sempre quis ser uma pessoa que ajudava os outros. Na verdade, desde criança eu sempre fiz o possível para trilhar um caminho justo, amigável e acolhedor. Até comecei a cursar Psicologia com intuito de salvar vidas... E hoje paro, olho para mim e vejo um ser demoníaco que se alimenta do medo dos humanos. 

— Marcos, eu fiz uma escolha... — Respondi com uma voz fraca, quase que rouca. — E por mais dura que tenha sido, eu estou preparado para encarar as consequências! — Falei cerrando os punhos.

— Você salvou nossas vidas, e eu sou grato por isso. — Falou Marcos se aproximando. — Eu, no seu lugar, não sei se teria coragem. Talvez morrer fosse mais fácil. — Continuou a se aproximar e colocou a mão em meu ombro. — Estou contigo, seja lá o que estiver dentro de você! — Afirmou determinado. 

— Fico feliz com isso. Na verdade, é até um alívio saber que posso ter sua amizade! — Respondi suspirando aliviado.

Naquele momento, vi que eu havia feito a escolha certa. Por mais difícil que tenha sido, eu estava pronto para fazer de novo se fosse para salvar meus amigos! Seguimos até o ponto de ônibus e logo chegamos na casa de Marcos. Porém, ao chegar lá, senti algo estranho e em seguida o demônio falou comigo.

— Ela esteve aqui! — Falou o demônio. — Chame seu amigo. É bom que esteja preparado para o pior. — Continuou num tom sério e angustiante. 

— O que você quer dizer com "Ela"? — Perguntei com medo da resposta. Algo em mim gritava de medo e queria sair dali, não queria imaginar sobre o que o demônio estava falando.

— Sua priminha. Ela veio aqui! — Ele respondeu. O que eu mais temia, ele falou num tom frio e alarmante.

— Não, não... Ela não faria nada à família do Marcos. — Falei com voz de choro. — Ela não tem sequer motivos.

— O que você disse, Oliver? — Marcos me questiona voltando até onde eu havia parado.

— Marcos, é melhor que fique aqui... — Falei, engolindo saliva e respirando fundo, enquanto me aproximava da porta de sua casa. 

— Esteja pronto para me chamar! — Falou o demônio seriamente. — Oliver, o Demônio que está com sua prima, é um velho conhecido meu. — Completou.

Até o ColapsoOnde histórias criam vida. Descubra agora