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Marcinha chega do colégio e vê sua mãe na sacada da janela pensativa ela estranha pois sua mãe nunca tinha desse floreio de ficar parada sempre era agitada fazendo alguma coisa. Ela se aproxima da mãe.

—Mãe está tão pensativa , o que aconteceu ? — Marcinha abraça a mãe.

Bete sorri para a filha depois volta para a sala se senta no sofá , Marcinha fica encostada na parede.

—Seu pai tá trabalhando demais chega quase sete da noite de primeira ele chegava seis agora sete eu fico me perguntando por que ele tá nessa ganância de pegar tantos casos no escritório. — Bete suspira.

—Mãe e se o pai tiver pulando a cerca. — Marcinha cruza os braços olha para o céu lá fora que estava brilhando como nunca.

—Garota para de dizer isso seu pai é um santo.

—Já que a senhora acredita nele quem sou eu pra duvidar né .

—Vamos mudar de assunto como vai a terapia ?

Marcinha bufa exasperada não gostava de falar na terapia por ela nem estaria fazendo mas sua mãe lhe obrigou a isso para ela era um martírio.

—Ai mãe sem saco pra conversar sobre isso vou pro quarto.

Ela vai para o quarto e se lembra do passado mas precisamente daquele dia fatídico depois daquele dia nunca mais confiou inteiramente nós homens.
Seu passado lhe perturbava as vezes se ela pudesse passar uma borracha como faz quando erra no exercício mas isso não era tão simples um dia ela teria que jogar todo esse drama no ventilador ou então sempre ia ficar sentindo como se uma parte dela estivesse presa aquele dia.
Marcinha nervosa deu um giro de 360 graus e coloca umas roupas na mochila e sai de casa ela queria sumir por um dia respirar um ar mais agradável.
Ela sai de casa mas coloca um aviso na fechadura do quarto dizendo que está estudando e não quer ser incomodada.

Vem outro dia já era seis e meia da manhã Bete estranhou sua filha ainda não estar acordada ela vai no quarto da filha , ficou preocupada a cama estava arrumada ela gritou.

—Marcinha cadê você ? — Bete viu o bilhete na cômoda.

" Precisei sumir por um tempo não me procure "

Júlio chega no quarto e abraça a esposa.

—Amor isso é coisa de adolescente pra chamar atenção.

Bete se solta dele e lança um olhar fulminante.

—Bete por que me olha assim ,não tenho culpa de nada.

—Ela sumiu depois que falou que você podia estar pulando a cerca.

Júlio fica nervoso mas disfarça para a esposa não perceber que ele estava apreensivo.

—Bete a Marcinha sempre acha que os homens traem é coisa da cabeça dela amor tenho que ir trabalhar.

—Tu vai me deixar sozinha nessa situação ?

—Querida eu tenho que colocar comida na mesa.

—Tu é advogado pode faltar um dia.

—Não é tão simples assim. — Júlio falou enérgico.

—Vai então eu amo minha filha.

—Bete esse seu drama não vai me fazer sentir culpado.

Bete chora na cama , Júlio sai sem dizer uma palavra.
Ela abraça o urso da filha , sente o cheiro de Marcinha e não entende porque seu marido é tão frio em relação a família.
Seu casamento estava naquela fase meio morna se continuasse assim ela não iria aguentar ,parece que só ela se esforçava para aquela família ainda fincar de pé ela tinha impressão que seu marido tinha um caso extra conjugal se isso fosse verdade iria chutar o balde de uma vez por todas o amor aguenta várias coisas mas traição era um fardo demais de se aguentar.
Ela enxuga as lágrimas e vai no apartamento de Bianca conta toda a situação a melhor amiga de sua filha , Paula a mãe de Bianca lhe dá um copo d'água.
Pedrinho diz a irmã que vai para o colégio ela acena para o irmão dizendo que não iria.

Paula leva o filho até a parada de ônibus para deixar as duas conversarem a sós.

—Bianca a Marcinha nunca sumiu na vida , estou apreensiva onde será que essa menina se meteu.

Bianca fica pensativa , Bete suspira cansada.
Bianca se lembra da cena do passado que Marcinha lhe contou se Bete soubesse de tudo muita coisa mudaria.

—Bete eu liguei pro celular dela tá dando desligado.

—Se ela tiver está em perigo aí Bianca eu fico nervosa só de pensar. — Bete quase chora.

—Calma Bete não vamos pensar o pior nessas horas devemos fica de cabeça fria.

Bianca tem uma ideia resolve ligar para o Bernardo.

—Bernardo tu viu a Marcinha ?

—Ela está comigo Bianca , estou convencendo ela a voltar pra casa disse que não suporta viver com o pai eu não sei o que esse pai dela fez mas já não gosto dele.

—Bernardo é uma longa história obrigado por cuidar dela você é um amigo e tanto.

—Imagina Marcinha é especial.

Bianca desliga o celular e avisa a Bete que Marcinha já está voltando para casa as duas vão para o apartamento esperar por ela.
Meia hora depois Marcinha chega e abraça a mãe forte , Bernardo acena para Bianca avisando que vai embora ela agradece por ele ter cuidado de sua amiga.

—Mãe eu precisei sumir.

—Tudo bem filha não vou mais perguntar sobre a terapia se você quiser parar .

—Não mãe eu vou continuar a terapia e um dia quero você e o pai participando também.

—Sim Marcinha o que você quiser eu farei. — Bete sorri para a filha.

Marcinha lhe devolve um olhar feliz parece que a terapia estava começando a ter avanço.

—Marcinha vamos pro quarto fofocar.

—Claro amiga.

As duas entram no quarto rindo , Marcinha diz a Bianca que está sentindo algo forte por Bernardo.

—Amiga me conta isso. — diz Bianca se arrumando no espelho enquanto Marcinha estava sentada na cama abraçando o urso.

—O Bernardo me aconselhou muito em relação a terapia ele sente que eu preciso resolver aquele bucho do passado.

—Tu contou pra ele ? — Bianca ficou supresa.

—Não amiga só você sabe de tudo mas um dia minha mãe vai saber de tudo esse fardo está me matando.

—Marcinha eu sempre quis que você jogasse tudo no ventilador mas eu respeitei sua decisão de não querer contar nada afinal amigas se apoiam até nos momentos mais difíceis.

Bianca senta perto de Marcinha que olha fixamente para a amiga.

—Ai Marcinha o que foi ?

Ela ri alto.

—Bianca tem ideia de quanto nossa amizade é forte nem quando a gente se briga nós para de se preocupar.

—Se me lembro na terceira série ficamos afim de um mesmo menino e ele se aproveitou da situação a gente nem sabia o que era beijo. — Bianca riu e abraça Marcinha.

Marcinha se sentia acolhida com sua amiga , a amizade delas era uma coisa mágica daquelas coisas raras da vida.



Que brisa foi essaOnde histórias criam vida. Descubra agora