Capítulo 9

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— Eu não pedi um táxi.

Jaebeom encarava o homem à sua frente. Média estatura, aproximadamente 60 anos, cabelos grisalhos, óculos de grau e boina marrom, a qual escondia metade de seu rosto. O homem parecia saber estar sendo lido pelo detetive, mas mantinha um sorriso de canto de boca que denunciava sua indiferença, ou até mesmo, que queria que Jaebeom o analisasse.

— Isso não quer dizer que não precise de um. — o homem levantou lentamente sua cabeça, deixando que a luz refletisse em seus óculos, trazendo seu rosto à mostra.

Não foi preciso muito tempo para que o detetive identificasse aquele rosto. Em segundos, cenas dele e Youngjae correndo de mãos dadas pelas ruas de Seul atrás de um táxi passaram por seus olhos. E então, eles alcançando o automóvel e interrogando brevemente o passageiro, fingindo serem da polícia.

Sua sede em solucionar o caso levou-o a pensar o óbvio. Ao ver o táxi de forma suspeita, a resposta mais lógica seria que o réu estava fugindo usando o táxi como transporte, como passageiro. Porém, nem sempre o óbvio é o correto, o assassino era o próprio taxista.

— Você é o taxista daquele dia. — Jaebeom falou em voz alta, colocando em palavras sua análise final. — Foi você. Não seu passageiro.

— Veja, ninguém se lembra do taxista, é como se você fosse invisível. Uma vantagem muito apropriada para um... — o sorriso do homem se acentuou. — ...serial killer.

— Isso é uma confissão?

— Eu não matei aquelas quatro pessoas, sr. Im. Eu apenas conversei com elas e então... elas se mataram — o homem soltou uma risada nasalada. — E te direi mais, se você chamar a polícia agora, não irei fugir, vou deixá-los me prender.

Im sentia o vento gelado bater em seu rosto e seus cabelos balançarem. A rua permanecia em um silêncio absoluto, deixando apenas ele e a voz de sua mente. Lendo cada traço de linguagem corporal do suspeito: postura ereta, queixo para cima e contato visual constante, o detetive sabia que ele não estava blefando.

— Por quê?

— Porque eu sei que não fará isso. Se chamar a polícia, você nunca irá entender como aquelas pessoas morreram.

— Se eu te entregar, ninguém mais irá morrer, eles já acharão que eu cheguei a um ótimo resultado.

— Mas você não terá solucionado o caso por completo. — colocando as mãos dentro dos bolsos de sua jaqueta, o homem deu de ombros. — Com qual resultado você realmente se importa?

Obviamente o detetive sabia que nunca iria deixar o assassino ser preso sem realmente ter o conhecimento de seus métodos em detalhes, detalhes estes que apenas ele conseguiria extrair. Deixar um caso pela metade era um dos piores pesadelos para Im, preferia a morte do que isto. A verdade é que Jaebeom apenas estava prolongando esta conversa para ter uma premissa de quão manipulador o suspeito era, para obter assim uma base para sua análise a seguir.

— Se eu quiser entender... — Jaebeom cruzou os braços, observando o homem seguir em direção à porta do carro. — O que eu deveria fazer?

— Deixe-me levá-lo para uma corrida — o homem sugeriu, já no banco do motorista.

— Para que assim você possa me matar também?

— Eu não quero te matar, sr. Im. Eu vou falar com você, e então, você irá... — o assassino olhou fixamente para Jaebeom. — se matar.


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