Perdão, mas não

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Marinette acordou no dia seguinte com uma enorme dor de cabeça, parecia que um piano tinha caído em sua cabeça. Levantou sem pressa e abriu o armário do banheiro para procurar por qualquer remédio, odiava quando isso acontecia.

-Mãe! A senhora tem aspirina?- Gritou pela porta.

-Tenho, vou pegar para você.- Sabine respondeu e apareceu minutos depois.- Aqui está, dormiu pouco?

-Obrigada.- Pegou o remédio.- Eu dormi bastante, por quê?

-Você costuma ter essas dores quando dorme mal.- Olhou preocupada para a filha.

-Estou bem, mãe.- Sorriu.- Pode acreditar.

-Como foi ontem?- Perguntou animada.- Passearam? Comeram?

-Sim, fomos ao parque.

-Isso é ótimo, chame ele para almoçar conosco!.

-Ah...- Falou sem graça.- Achou que não vai dar, ele está cheio de trabalho com o pai.

-Uma pena.- Notou o desconforto da filha.- Mas então...- Falou receosa.- Rolou...algo?

-O que?- Marinette quase engasgou com o copo de água.- Não, não aconteceu nada.- Engoliu o comprimido.

-Mesmo?- Sabia que a filha estava mentindo.

-Mesmo, mãe.- Respondeu.

-Se está dizendo.- Revirou os olhos.- Acredito.- Concluiu.

Marinette viu a mãe sair de sua visão para soltar um suspiro, aquela mulher parece ler mentes! Mentir é quase impossível!

Se arrumou para a faculdade com suas típicas roupas confortáveis e pegou sua bolsa, iria tomar café fora de casa, pois sabia que Sabine iria ficar em cima até descobrir e não iria contar, ainda não, sua mãe pareceu colocar grandes expectativas neles dois.

-Mãe, vou tomar café com Alya e Nino lá perto do campus!

-Ok, tenha um bom dia.- Mandou um beijo para ela.

-Você também.

Entrou no carro e ligou o rádio, precisava de música urgentemente.

Ao chegar na cafeteria, tentou mandar mensagens para os amigos pela décima vez, porém não estavam respondendo.

-Até imagino o porquê.- Revirou os olhos.- Parecem dois cães no cio.

Tentou, tentou e nada de retornar, então fez seu pedido e se deu por derrotada, estaria sozinha naquela linda manhã de verão. Enquanto esperava seu café, pegou seu tablet e sua caneta digital, queria terminar alguns convites e adiantar seu projeto para a aula seguinte. Abriu o aplicativo e se deparou com aquele gatinho preto, que sorria fácil para ela.

-Chat Noir...- Falou baixo, deixando uma risada singela.- O que eu faço com você, gatinho?- Perguntou a si mesma e ouviu seu nome.

Correu para o balcão e viu seu nome no copo junto de um prato de cookies.

-Obrigada!- Agradeceu e tentou voltar para a mesa.

Parou perto o suficiente para quase trombar na pessoa a sua frente, a mesma pessoa que sabia todos os locais que ela frequentava. Aquele perfume, aquele olhar, aquela pessoa. Era ele, olhando para ela bem de perto, espantado pela aproximação repentina, ou talvez pelo fato de quase ser encharcado de café.

Marinette sentiu as pernas bambearem e o coração falhar, estava bem a sua frente. Equilibrou o copo e desviou para a esquerda, porém, ele fez o mesmo tentando passar.

-Desculpa.- Marinette tentou passar.

Adrien mudou a feição ao reconhecer a garota, ela estava bem arrumada como sempre, com os cabelos soltos, mas sem aquele sorriso que adorava. Engoliu a saliva e desviou o olhar para os amigos, não queria olhar em seus olhos.

-Claro.- Respondeu baixo e passou por ela

Marinette conseguiu volta até a mesa junto de seu tablet, iria ficar focada naquele aparelho até sair dali, para não correr o risco de cruzar olhares. Terminou seu café, alguns esboços de convites, e por fim, seu gatinho preto já tinha uma quase parceira, só faltava refazer os traços.

Ao longe, Adrien olhava de relance para a garota, que sorria com o aparelho em mãos, será que estaria conversando com alguém? Ou desenhando? Aquele sorriso fazia ele querer sorrir também.

Continuou a olhar e esqueceu dos amigos à sua volta, queria poder capturar cada feição. Sorriu involuntariamente ao vê-la arrumar uma mecha atrás da orelha, e por fim, os olhares se encontrarem.

Marinette levantou e desviou o rosto, guardou o tablet e andou pelo local não tirando os olhos do chão. Adrien a viu sair e a acompanhou com a cabeça, não teria coragem de ir atrás

-Será um longo semestre.- Disse no meio da conversa dos amigos, que acabaram por não entender.

A azulada sentiu um pequeno alívio quando saiu de lá e então partiu em direção a faculdade, teria poucas aulas e tentaria falar com os amigos de novo, pois queria saber o motivo do desaparecimento, ou quase, né? Não queria detalhes.

Chegou no campus e correu para sua aula, deixando a bolsa cair. Sua barriga gelou e uma dor no coração apareceu, seu tablet estava lá dentro.

-Deveria tomar cuidado.- Luka entregou a bolsa.

-Meu Deus, obrigada, espero que meu tablet não tenha quebrado.- Abriu a bolsa e procurou pelo objeto.

-Quebrou?- Ele perguntou com as mãos no bolso.

-Não, ufa!- Falou feliz.

-Ótimo.- Sorriu de volta.- Eu terminei o áudio daquela música que eu fiz com a Juleka, quer ouvir depois do segundo período?- Perguntou animado.

-Claro, Luka! Seria ótimo.

-Então eu te vejo depois?

-Sim, depois.- Sorriu.

-Se precisar de mim, já sabe meu posto.

-Óbvio, Just Dance.- Revirou os olhos.- Matar aula é feio.

-Não acho.- Ele arqueou a sobrancelha.- Até mais tarde.- Se atreveu a dar uma beijo na bochecha dela.

-Até...- Respondeu baixo.- Idiota.

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