• Prólogo

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       Diante de toda a soberania a menina se manteve de cabeça baixa, enquanto era guiada ao fim do corredor

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       Diante de toda a soberania a menina se manteve de cabeça baixa, enquanto era guiada ao fim do corredor. Os burburinhos eram constantes e ela se encolheu sob tantos olhares; suas mãos tremiam em reação ao medo que sentia, mas não era medo daqueles que assistiam seu fracasso, não, era medo de seu destino.

— Levante a cabeça. — A voz forte e carinhosa de Airell quase fez com que a tempestade de seu coração se acalma-se.

Quase, assim que a menina levantou sua cabeça se perguntou por que o fez. O templo estava cheio de pessoas apenas divididas por aquele corredor por onde passava, a sua frente estava duas sacerdotisas, uma de Rollena e outra de Tarlim, uma de cada reino de seus pais.

Elas caminhavam de mãos dadas, Airell havia lhe explicado sobre as tradições envolvidas e o que acontecia no julgamento perante o Sol e a Lua; esse ato serve para demonstrar união e harmonia, também é uma forma de dizer que os deuses, seus pais, estão de acordo com seu desfecho. Seu fim.

Ao canto do templo, ressoou sons de tambores, ela não evitou olhar para trás, só para saber se Mayn ainda estava lá; ela sabia que a mulher não gostava dos sons de tambores, que sentia angústia ao ouvi-los. Mas, se havia algo que ela sabia é que certamente, Mayn não estava lá por que queria, por ela, e sim por obrigação e compromisso.

As batidas se tornaram mais frenéticas e um tremor passou por seu corpo quando percebeu que se aproximava do fim do corredor. Seus pés travaram assim que luzes ofuscantes invadiram o recinto, ela sentiu a mão de Airell em suas costas como incentivo para continuar a andar. Ela caminhou em passos pequenos e parou quando Airell tirou a mão de suas costas.

A luz cegante, sendo possível ou não, se tornou mais forte e então uma figura de brilho intenso se fez presente, seu cabelo com brilho de estrelas, seus olhos como pequenas bolas de calor e brilho, suas vestes resplandecentes fizeram seus olhos lacrimejarem; ao seu lado se fez outra divindade, seus cabelos brilhavam como joias preciosas, suas vestes assim como de seu parceiro eram ofuscantes, eles se olhavam de mãos dadas ao lado um do outro antes de descerem os degraus e olharem para seus pais, deuses da Terra e do Ar.

Os juízes divinos, Sol e Lua, finalmente lhe direcionaram olharem em uma perfeita sincronia.

— Por que invocam a presença dos juízes divinos? — A voz grossa e potente do Sol soou como um trovão. O olhar da Lua se pousou na garota, sua cabeça inclinou para o lado e seus olhos se iluminaram.

— Presumo que seja um processo de expulsão. — Enquanto a voz do Sol era como um trovão, a da Lua era como o som da ventania nas árvores, calmo e relaxante. E era uma pena que o assunto não era tão leve quanto sua voz.

Airell e Mayn foram a frente dela e fizeram reverência aos juízes, a garota fez o mesmo.

— Como a grande juíza havia concluído, o caso se trata de uma expulsão. — A voz Mayn foi firme, Airell olhou para a filha por cima dos ombros e sentiu a velha e conhecida dor, ela sabia que em algumas horas não poderia nem ao menos pensar naquela menina como sua filha. Em algumas horas ela não mais existiria.

— Airell, deus do Ar, nos apresente o caso da jovem.

Airell, não tinha uma definição física, ela poderia se transformar em um homem ou em uma mulher quando bem entendesse. Na ocasião, estava em sua forma masculina, cabelo azul curto e olhos roxos-azulados, as vestimentas deixavam mais aparente os desenhos que cobrem seu corpo.

— Lya, completa 16 anos hoje. Nesse tempo ela não apresentou nenhum poder, seja ele legítimo ou peculiar, embora tenha se adaptado a ambos territórios.

Por um momento o Sol e a Lua encararam a garota, intrigados.

— Se aproxime. — O Sol ordenou. Ela subiu dois degraus e ficou à frente deles. — Me dê as mãos e feche os olhos.

Assim ela fez, deixando todos os murmúrios das pessoas do templo para trás, a escuridão por trás das pálpebras foi tomado por um brilho intenso, ela sentiu uma mão em sua cabeça e tentou abrir os olhos, mas não conseguiu. O apavoramento a deixou inquieta, não demorou muito para ela se debater e tentar gritar.

A garota podia jurar que ouviu um grito de Airell, mas como podia ser ela se não ouvia ninguém do templo? Talvez fosse seu próprio grito, Airell não gritaria por ela.

Então, ela sentiu algo ser sugado dela, seu corpo ficou mole e dessa vez seus olhos se abriram ardendo pela claridade das velas e candelabros do templo. Sem forças, seu corpo caiu, não demorou para Airell segura-la. Sua respiração estava ofegante e quando a garota olhou para seu rosto vermelho sabia a quem pertencia o grito.

— É incomum que um filho de deuses se adapte aos reinos, mas não tenha poder algum. — O Sol se posicionou.

— O que fizeram a ela? — Perguntou Airell firme ainda segurando a filha nos braços.

— A examinamos, procuramos por algum resquício de poder. Não encontramos nada. — Foi a vez da Lua se posicionar — Sendo assim, a expulsão é incontestável.

O Sol ofereceu a mão a sua parceira e quando ela a segurou eles se iluminaram e disseram juntos: — Nós, os juízes divinos, declaramos Lya uma exilada sem poderes diante de todo o povo. Será conduzida até o final da tarde à ilha, deverá ser esquecida por seu povo e viver o castigo exigido pelo Deus dos Deuses. Older a sentenciou e nós faremos sua vontade.

Os juízes explodiram em luz e  Asteria continuou ali, sem forças nos braços de Airell sentindo seu coração apertar e seu estômago se revirar de apreensão e medo.  



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Espero que tenha gostado ;)

A Herdeira Exilada • Fantasia - Luiza Matos (Malu_Books)Onde histórias criam vida. Descubra agora