II

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"O coração do jovem é muito puro, Senhor Kim, precisamos conturbar."

Tanto sangue, por toda a parte, esse lugar da casa só tem isso. O homem a minha frente, o ferreiro, amola uma faca para o outro ao seu lado, o rapaz que costuma trabalhar com o couro. E eu, pequenino, parado naquele lugar horrível, sentindo cheiro do ferro do sangue.

Me falaram que isso é o que esse seres merecem, mataram meu irmão, então, querem se vingar. E todas as noites eu sonhei que seria devorado por esses bichos.

Acordei do meu sonho, perto do ponto. Minha vida anda tão sem graça, me sinto fraco, durmo em qualquer lugar, não sinto gosto da comida... Uma merda.

Quando desci no prédio, nos fundos, percebi uma movimentação estranha. Um carro de linha, preto, estacionado e ao redor três motos com seus guardas.

Jaebum apareceu no canto fazendo um sinal e corri até ele.

— Cara, da uma olha — apontou e olhei para onde.

Não sei explicar, se é possível isso, mas por uma fração de segundo, meu coração que estava frio e triste, queimou imediatamente.

De terno vinho, mocassins de linha, cabelos negros penteados de lado, conversando com dois seguranças, um homem elegante explica algo.

— Quem é? — arregalei os olhos.

— Burro, é nosso chefe. Min Yoongi, o dono disso tudo... Voltou do nada, ninguém entendeu, ele não deu detalhes de onde esteve e nem com quem...

Fiquei com aquela imagem na cabeça. Que mistério, o homem some e aparece do nada sem dar detalhes, impecável como um modelo. Não consegui ver bem seu rosto, mas parece ser bonito pelo pouco que percebi.

Na hora do almoço, uma luz vermelha acendeu no refeitório. O autofalante sobre minha cabeça fez um barulho antes da voz mecânica começar a falar.

— Funcionário de registro 3489 comparecer ao décimo andar na recepção cinco.

Nunca fui chamado assim e fiquei com medo de ser algum problema. Me levantei guardando meus potes de marmita na bolsa e segui para o lugar. Usando meu macacão preto do uniforme, dobrado até os cotovelos, minhas tatuagens ficam a mostra na nuca pela gola baixa.

Quando sai pela porta do elevador no andar chique, o carpete rubro, a parede de tom amarelo claro, tudo tão chique e fino, me senti sujo naquele lugar.

Já estava me sentindo uma merda, agora estou pior ainda e sem saber o que querem comigo. Todos olhavam para meu rosto, quem não vê a cicatriz me acha bonito, mas quem vê do outro lado fica um tanto chocado. Chegando na recepção cinco, uma mulher levantou seus olhos para mim, e batom vermelho, olhou para a tela do computador

— Kim Seokjin? — questionou e afirmei. — Pode entrar, o presidente quer falar com você.

O cara voltou agora e já quer falar comigo? O que eu fiz de errado?! Já esperando o pior, caminhei até a sala do homem, batendo na porta de leve.

— Entre.

Respirei fundo, ajustei meus cabelos negros para trás e entrei a passos curtos e calmos, me deparando com a sala chique e bonita. É enorme, tem uma mesa na frente, pequena. Sofás de couro, nas janelas cortinas também de tom bordô, como o terno do homem a minha frente.

Encostado na mesa, com as mãos ao lado do corpo, Min Yoongi, dono de tudo, é menor do que eu pensei e tem cabelos extremamente negros e brilhantes.

— Bom dia, Kim — disse sério e levantou os olhos para mim.

Um tanto intrigado, algo estranho naquele olhar me chamou atenção. Yoongi tem os olhos caídos de canto e a boca pequena, mas um olho é negro e o outro um tom dourado.

O CAÇADOR E O FENECO: ECLIPSE LUNAR | yoonjinOnde histórias criam vida. Descubra agora