III

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"Na lua cheia, me tornei meu lado animal. Não pude controlar, foi difícil para mim, vivo escondendo quem sou, e quando aconteceu, me atacaram, me usaram como se eu fosse nada. Me machucaram e você apareceu, no momento que pensei que seria meu fim. Todas as noites me deixou ao seu lado, me contou sobre seus problemas, eu sempre soube o que você foi no passado, te ouvi chorar em todos seus pesadelos. Não quis ir embora, mas tive de ir. Me perdoe por te abandonar quando mais precisou de um amigo."

Min Yoongi

Sentado ali, fiquei pensando, porque todo mundo não consegue me tratar como uma pessoa normal? Por ser o chefe, todos tem medo de mim e é tão complicado ter amigos nessa situação.

Sai da minha sala para dar uma esticada nas pernas, todo mundo ao me ver abaixa a cabeça, suspirei, cansado.

— Que cara maluco, saiu correndo esbarrando em tudo, derrubou até o café na roupa da Anne - ouvi uma das secretárias falando no hall com outra. — Dizem que é o novato, aquele bonitão com uma cicatriz na cara... Ele me dá medo.

Franzi a testa. O que ele fez? O que aconteceu com ele?! Mesmo que tenha cometido tantos erros em seu passado, Seokjin salvou minha vida e me mostrou o que é ter um amigo.

Mesmo que não faça ideia de quem eu sou, me acolheu e curou meus ferimentos, do corpo e da alma. E se eu pudesse, faria o mesmo por ele, preciso fazer.

Porque... nesse mês que estive em sua casa, nos seus cuidados, dormindo na sua roupa, bagunçando sua casa e sendo chamado de Pestinha, foi o melhor mês da minha vida.

Me contaram uma vez, sobre sua vida, que os Kim foram controlados por gerações, acreditavam em uma história maluca, de que comemos as pessoas...

Meu querido amigo, o que fizeram com você não se faz com as pessoas, sinto muito.

Assim como você também sente.

— Ele foi correndo lá pro terraço - disse a mulher. — Parece que quer ficar sozinho.

Foi quando me lembrei de todas as noites que ouvi Seokjin pedir para morrer... Não, ele não quer apenas ficar sozinho, quer sumir.

Corri o máximo que deu, percebi que ninguém entendia o que o dono da empresa faz correndo pelos corredores, batendo os mocassins no piso.

Chove muito, ouvi ao subir o lance de escadas, apena um, pois já estou no décimo. Ao abrir a porta o vi, olhando a cidade de cima do parapeito, o céu negro, a tempestade, os ventos balançam o seu uniforme.

Meu coração parou.

— Seokjin! - chamei e ele não respondeu. — Não faça isso...

— Ah, senhor Min, você aqui?

O que eu faço? Se eu tentar usar meus feromônios o vento e a chuva não vão deixar chegar até ele.

Estou encharcado, meu terno azul pesa no meu corpo, tirei o paletó e dei alguns passos silenciosos na sua direção. Preciso tentar chegar perto.

— Por favor, não tente me impedir - levantou a voz. — Não entende, minha vida é inútil, não tenho função, não tem... Jeito mais. Dói, sabe? Porque eu mereço viver e eles não mereciam? Porque me fizeram acreditar que minha vida é mais importante que a deles?

O CAÇADOR E O FENECO: ECLIPSE LUNAR | yoonjinOnde histórias criam vida. Descubra agora