Oh Sehun era apenas um garoto comum, vivendo segundo o fluxo, ao longo de seus vinte e um anos recém completados. Sem muita expectativa, seus planos se resumiam em apenas continuar exercendo seu papel como herdeiro, ajudando o pai com os trabalhos n...
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Era impossível não lembrar do que já passara em sua vida, ao menos enquanto os olhos pequenos fixavam-se no vidro da janela. Mesmo com a pouca iluminação, era notório o formato das gotas de água escorrendo quase violentamente pela transparência, manchando o material com a umidade, transformando tudo numa grande tela embaçada, tal qual sua própria existência. O barulho dos trovões eram abafados pelas paredes do quarto e pela respiração calma e constante de Kim Junmyeon próxima a seu ouvido.
Chrysalism, era a única coisa que conseguia definir aquilo que sentia. Sentia-se amado, acolhido, necessário, quando estava agarrado com o outro homem, lado-a-lado, um sentido a pele, cheiro, alento do outro. Estavam juntos, dentro de uma casa, debaixo de cobertas, enquanto o mundo parecia estar acabando do lado de fora. Por alguns segundos, sentia que eram invencíveis. Não precisavam temer. Ali dentro estavam a salvo de qualquer coisa. Toda essa sensação, porém, foi embora ligeiro.
Oh Sehun tinha um problema sério com dias chuvosos. Problema este que lhe perseguia, lhe tirava de órbita, afastava-lhe de seu satélite natural. Lhe afastava do próprio amor e do amor de Junmyeon. Dias chuvosos traziam lembranças de dias sombrias, e, com elas, as mesmas dúvidas infernais daquele tempo.
As marcas dos dias de cão estariam presentes para o resto de sua vida, tanto fisicamente como emocionalmente. A prova disso estava marcada em seu peito, numa cicatriz de queimadura de segundo grau. Involuntariamente, conseguia reviver a dor causada pelo ferro quente, as amarras em seus braços e as correntes em sua alma, — uma maldita tentativa falha de exorcismo.
Porém, pior que a dor física das diversas torturas pelas quais havia passado, era o sentimento de inutilidade quando sua mente decidira migrar para o passado.
Eu estou fazendo o certo? Eu estou vivendo como deveria? Eu fiz a escolha certa? Eu irei queimar no Inferno?
Tudo na vida se tratava de reflexos. Reflexos daquilo que um dia viveu, e que cravaram fundo em si, dolorosamente.
