Era notável o desconforto de Sehun naquela posição. Limpo e vestido naquelas roupas caras que achara que apodreceriam no armário parecia uma imagem distante do que realmente era. Ou ainda, assemelhava-se bastante ao que queriam que fosse: um claro filho de fazendeiro rico. No fim das contas, era o que realmente era, e sabia disso. Porém, ao longo de sua vida havia renunciado a diversos privilégios e características que lhe impunham como necessárias para um membro da burguesia. Não saberia lhe dizer quando tal aversão começou a existir. Muito provavelmente veio a calhar com a criação próxima a de Kyungsoo. Se sentia mais confortável com o amigo filho dos trabalhadores coletores dos campos de arroz que com as moças e rapazes filhos de fazendeiros que apareciam vez ou outra nas festas de confraternização de fim de ano.
Sehun conhecia a realidade dos trabalhadores braçais daquela fazenda o suficiente para reconhecer muito do que aqueles jovens gostavam e falavam com apreço exagerado como triviais. Seu plano era simples: cuidaria de sua fazenda o melhor que pudesse quando o velho pai morresse, faria o possível para que garantir ao povo do amigo o melhor que tivesse condições de entregar, fosse pouco ou muito.
A única coisa que impedia aquele momento de se assemelhar tanto aos tais do jantares de ricos de sua rotina era o tal Kim Junmyeon. O homem possuía algo peculiar, algo do qual o jovem Oh não conseguia tirar os olhos. Muito provavelmente era a educação inigualável, maior que a de qualquer um que pisara naquela casa, independente do dinheiro, ou status. Ou talvez, quem sabe, fosse a forma com a qual ele agia para consigo. Perguntando sempre sua opinião em relação aos temas tratados. Ao que o pai respondia com um olhar claro. Deveria concordar com o Oh mais velho em tudo. Não tinha opinião própria, o Kim deveria saber disso àquela altura. Sewang não era o tipo de homem mais sutil em ato algum, ainda que se esforçasse para parecer. De qualquer forma, Sehun percebeu que aquilo fazia parte da índole do homem pela forma com que repetia o ato sutilmente com o irmão.
Kim Jongin era um rapaz calado. Confirmava, em seus maneirismos o que mostrara na sala: era extremamente tímido e pacífico. Comia calado, os bons modos sempre a mesa, enquanto assistia o anfitrião falar enquanto o bolo alimentar ainda se mantinha na boca. Tinha, em si, uma delicadeza estranha, a qual Sehun desconhecia. Afeminado — um lado sombrio da mente de Sehun gritou, a qual repreendeu quase que instantaneamente. Não fazia parte de seu perfil julgar as pessoas por seus trejeitos. Era algo que faziam consigo frequentemente.
"Oh Sehun é um garoto insensível. Rejeitara várias moças belas e prendadas, sem motivo aparente."
"Oh Sehun é uma peste. Certeza que saberá cuidar das terras?"
"Ele não possui a face de um homem simpático. Deve ser mesquinho tal qual o pai."
Oh Sehun apenas não era um homem de sorrisos fáceis tal qual Do Kyungsoo. A diferença entre ambos era que o herdeiro possuía certo status. Ainda que a fazenda Saint Paul não fosse grande, ainda era vista como muito aos olhos simplistas da população carente. Isso se juntava também ao fato de que mantinha com sua aparência uma postura intocável. Alto e robusto, sério. Era de se esperar que não passaria uma imagem suave.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝑻𝒉𝒆 𝑷𝒓𝒊𝒄𝒆 𝒐𝒇 𝑯𝒐𝒍𝒊𝒏𝒆𝒔𝒔 | seho
FanfictionOh Sehun era apenas um garoto comum, vivendo segundo o fluxo, ao longo de seus vinte e um anos recém completados. Sem muita expectativa, seus planos se resumiam em apenas continuar exercendo seu papel como herdeiro, ajudando o pai com os trabalhos n...