Capítulo 2

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Josh Beauchamp

Jacksonville, Florida

- Josh, consegui manter o seu irmão vivo ao longo de todos estes anos - disse o cardiologista. - O que é espantoso, tendo em conta os problemas dele. Mas, desta vez, não há nada que você, eu ou a ciência médica possamos fazer por ele.

- Raios doutor, isso não é verdade e ambos o sabemos.

O médico suspirou.

- Os cirurgiões cardíacos nem sequer vão considerar um paciente com Sindrome de Down como candidato a um transplante. E as companhias de seguro? Esqueça.

- Se eu arranjasse maneira de conseguir o dinheiro...

- Não se trata de dinheiro, Josh.

- Doutor, tudo neste mundo se resume a dinheiro, de uma maneira ou de outra. É o que oleia as engrenagens. É o sistema. Li que um transplante de coração para o meu irmão poderia custar duzentos e cinquenta mil dólares. Posso vender uma parte do rancho, angariar o dinheiro...

- Nem que você fosse o homem mais rico do mundo. O Jaden não é um bom candidato a um transplante. Não tem mesmo nada a ver com dinheiro.

Sou um tipo duro. Um homem forte. É o que dizem. O meu pai morreu num acidente no rancho quando nós eramos miúdos, depois a minha mãe morreu também, quando eu tinha dezasseis anos e Jaden  apenas sete. Tive de fugir para o méxicocom Jaden para não o colocarem numa instituição.

Passámos dez anos no México e consegui juntar dinheiro suficiente para voltar para casa e comprar um rancho. O que fiz para ganhar esse dinheiro foi trabalho honesto, mas algo que ainda hoje me embaraça. Lembram-se daquilo que eu disse sobre jogar com o sistema? Pois. O truque está na forma como jogamos o jogo e o jogo joga connosco.

Agora o pé-de-meia que eu trouxera do México estava a esgotar-se, o tempo estava a esgotar-se e Jaden estava a esgotar-se. Tive vontade de enfiar o punho no vidro da janela do consultório. Em vez disso, olhei pela a janela do arranha-céus para a baixa de Jacksonville.

Olhei para leste, para a promessa vasta e soalheira do rio St. John, « O Mississippi da Florida», como lhe chamam algumas pessoas. Como se pudesse levar Jaden à pesca de novo. Como se ele pudesse, talvez, morrer feliz se apanhasse mais uma solha.

Sentia um aperto no coração. Desejei poder arrancá-lo do peito e dá-lo ao Jaden:

- Quanto tempo lhe resta, doutor?

-Odeio ter de lhe dizer isto, mas os pacientes com os resultados que ele teve nos exames não vivem mais do que seis meses, um ano no máximo. 

Olhei para a janela durante muito tempo antes de conseguir confiar na minha voz o suficiente para falar. O médico deixou-me estar.                                                                                                                           Por fim, disse:

- O Jaden podia ter sido operado quando era miúdo. O coração dele podia ter sido tratado se o diagnóstico tivesse sido feito a tempo - fiz uma pausa - se ele não fosse filho de gente pobre.

O médico suspirou.

- Sim, é verdade. Lamento muito.

- Está a ver, doutor? Tem sempre a ver com dinheiro, de uma maneira ou de outra.

A Doçura da Chuva - Adaptação BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora