- O que é isso? – Draco perguntou quando entrou na sala da Mansão dos Malfoy. Que por ironia, eu sou uma Malfoy agora. Demorei alguns meses, mas me acostumei a morar em uma mansão escura e que foi local de muitos acontecimentos durante a guerra do mundo bruxo. Acredito que, escolhendo ficar com Draco Malfoy, eu tive que aceitar o pacote que vem esse lugar. Um pouco sombrio, mas de alguma forma agora o vejo como um lar.
Parada aqui em frente a lareira da sala principal, eu me lembro o motivo que me fez conversar com o Draco pela primeira vez. Não foi por um motivo muito agradável.
- É o convite do casamento dela. – respondi franzindo o cenho. Não para o convite, mas para o segundo papel que veio junto com ele.
- E tem algo de errado, Astória? – questionou se aproximando silenciosamente. Draco não costumava fazer barulho desnecessário.
- Sim. – digo mostrando o segundo papel para ele. – Eu não entendo! Ela já tinha escolhido os padrinhos com Edgar e nós não estávamos incluídos. Nem eu, nem você.
- Talvez Dafner tenha mudado de ideia. – sugeriu me devolvendo o papel. Nem reparei quando ele pegou da minha mão.
- Não! Mas a última vez que a vi com Edgar eles estavam decididos. – expliquei andando pela sala. – Estava tudo certo. – digo confusa com a proposta de sermos padrinhos. – Isso não está certo.
- Não é certo sua irmã querer você como madrinha e de graça seu marido como acompanhante? – perguntou confuso de pé no lugar que eu estava. Parei de andar.
- Não é isso que está errado. – respondi o abraçando por trás. – Por mais que Dafne seja minha irmã, não somos tão próximas assim. Quer dizer, eu considero ela, mas...
- Ela não dá valor à irmã que tem – completou se virando nos meus braços. – Foi por causa dessas atitudes dela, que a gente se falou pela primeira vez.
Fecho os olhos sentindo seu corpo balançar com o meu e ele começa a cantarolar sua música favorita. Respiro fundo e deixo a preocupação e a confusão que minha irmã me deixou, de lado e, permito me levar por um momento.
Eu vivia em função da minha irmã e estava muito feliz em ser a sombra dela. Dafne tocava piano e a pintava quadros muito bem. Era a nossa estrelinha. Todos da família a adoravam e eu também. Quando eu era criança sentia muita mágoa pelo favoritismo da família e meus pais com ela, principalmente, porque em Hogwarts as pessoas não faziam isso. Mas depois eu percebi que não podia cobrar algo das pessoas que elas não poderiam te dar. E cheguei à conclusão que não era culpa da Dafne. Então, comecei a viver em função dela depois que me formei. Segui o fluxo da minha família
Não tinha lugar para sonhos ou vontades na minha vida. Até que um dia, ela conheceu Edgar, começou a expor seu quadro e a tocar piano todas as noites em lugares diferentes. Fiquei com muito tempo livre e passei a procurar novas amizades. E só conseguia conversar com pessoas mais velhas que eu.
Em uma dessas festas chatas que mamãe promovia, um lugar onde só os sangues puros egocêntricos e ricos frequentavam, eu conheci Narcisa. Detestava esses eventos, mas encontrei algumas pessoas que falavam algo a mais do que suas riquezas e parentes famosos. Em uma dessas exposições de egos, Narcisa soltou um comentário irônico, mas como era de costume todos a ignoravam e se afastaram dela por causa dos feitos do seu marido, do filho e de sua irmã.
Eu a admirava! Ela sempre mantinha a postura e não parecia se importar com o comportamento das pessoas. Mas diferente dela, eu me importava e não gostava de ver ninguém sendo excluído. Puxei assunto com ela e passamos a conversar em todas as festas. Ou melhor ela passou a falar comigo. Gostava de ouvi-la e ela precisava de alguém para desabafar.
Com o tempo, passamos a nos entrar todas as quartas, no Beco Diagonal. Ela falava sobre suas perdas e, eu sobre a situação em que me encontrava. Nunca me esquecerei das suas palavras quando me aconselhou:
"Astoria, nunca viva em função de alguém ou seja sua sombra. Não nascemos para viver assim. Todos somos importantes para alguém e precisamos ser protagonistas da nossa própria história! Só amamos as pessoas de verdade quando aprendemos a nos amar também. Não estamos no mundo à toa. Estamos aqui para algo. E precisamos descobrir a razão!"
"Olha para minha vida. Segui o homem que eu amo e a irmã que tanto admirava, mesmo achando extremo as atitudes. Estou velha e agora, tentando buscar o que eu quero. Você é jovem ainda. Dá tempo de correr atrás e descobrir porque você está aqui!"
Aquele encontro de quarta-feira mudou a minha vida. Eu, realmente, passei a me conhecer melhor e a ler mais. Gostava de aprender e ensinar, mas não queria ser professora, então fiz o exame para trabalhar no Ministério de Magia como pesquisadora de Alquimia.
Meus pais e Dafne apoiaram, mas no dia que o resultado de aprovação saiu, eles lembraram que já tinham um compromisso, no qual ela não foi convidada. E tudo bem. Já era um costume e isso nem chegou a afetar de tão feliz que estava com a notícia, por isso aparatou rapidamente para se encontrar com Narcisa. Mas ficou muito surpresa ao se deparar com Draco Malfoy e o recado de que a mãe se encontrava no St. Mungus. Não foi um dos momentos mais agradáveis ficar perto do Draco. Principalmente, porque ele não falava nada. Nem quando sua mãe conversou comigo sobre a minha aprovação, nem quando ela pediu para ele me acompanhar até em casa ao me tranquilizar dizendo que estava bem e que não tinha nada demais.
Por ela estar no hospital, tinha certeza de que não a veria na festa de sexta-feira, que meus pais ofereceram pelo sucesso da turnê da Dafne. Porém, minha surpresa foi imensa ao encontrar Draco Malfoy em seu lugar pela segunda vez em uma semana. Pela primeira vez vi ele em uma festa, mas diferente de sua mãe, Draco está incomodado por estar ali. E eu não estava com a mínima disposição de conversar com ele.
Quando minha irmã terminou sua apresentação, meus pais como sempre agradeceram a todos e a encheram de elogios. Em seguida, os três se aproximaram de Edgar e seus pais. Aproveitei para parabenizar a Dafne, mas quando eu cheguei perto, antes mesmo de dar boa noite. Dafne já estava mandando eu ver se estava tudo certo com os Elfos, na cozinha para o jantar ser servido e virou para falar como outro grupo de pessoas. Fiquei chocada e parada no lugar. Edgar olhou para mim com um pedido de desculpas e foi atrás da namorada com os pais.
Naquele momento, eu tive vontade de lançar um feitiço de azaração e lhe falar tudo o que estava entalado. Mas eu me virei e fui em direção a mesa de bebidas. Peguei um copo de Whisky de Fogo e engoli de uma vez só. Minha garganta pegou fogo. Estava pouco me importando com a etiqueta. Ela que se lascasse.
"Vai com calma Greengrass!" alguém falou. Quase peguei a minha varinha pela segunda vez naquele dia, mas a surpresa de ver Draco Malfoy conversando comigo, me parou.
"Quem é você para falar alguma coisa?" lhe olhei de cima a baixo com raiva. Como sempre, ele estava impecável com a sua roupa preta.
"Olha" disse com a voz fria sem nenhuma emoção. "Você não deveria beber por causa da sua família"
"Com certeza você é um exemplo a ser seguido!" recrutei não segurando a rispidez no meu tom de voz. Sua expressão nem se alterou.
"Eu não quis dizer isso" respirou fundo e olhou ao redor e se voltou para mim novamente, como se perguntasse o que estava fazendo. " Eu não sei o que é ter um irmão, mas sei o que é não ser uma opção para as pessoas que você gosta, Greengrass! Depois de um tempo você percebe que há pessoas que gostam de você e te veem como uma opção sempre e às vezes você a despreza. Então, Greengrass, foca nessas pessoas!"
Estava tão chocada e pela primeira vez, o vi como uma pessoa que pode passar por problemas como qualquer pessoa. Ele era tão diferente das fofocas. E pior, Draco Malfoy estava certo.
"Você quer dançar?" a pergunta saiu antes que eu pensasse. Não sei quem ficou mais surpreso dos dois, pois por um segundo vi a surpresa passar pelos olhos dele. Já tinha saído mesmo. Então esperei uma resposta.
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O Convite
FanfictionQual é o poder de um convite? Talvez lembrar o passado? Quem sabe trazer dúvidas ao presente? Ou lhe dar coragem para enfrentar o futuro?