A última entrega da noite

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Cinco minutos para uma hora da manhã. Era esse o horário que Ace via em seu relógio, faltavam cinco míseros minutos para poder pegar seu capacete, subir em sua moto e ir embora para sua casa e poder curtir o seu dia de folga dormindo lindamente pelo resto da noite e da manhã também. Era tudo o que Ace queria, depois de 6 dias pilotando sua moto pelos mais diversos cantos da cidade para entregar pizzas, o moreno de sardas merecia um belo e longo dia de folga, um dia para relaxar de todo aquele estresse do trânsito da cidade.

O moreno se sentia eufórico, a cada minuto que se passava em seu relógio sentia-se mais perto de sua tão sonhada liberdade. Faltava um minuto, um único minuto, Ace já começava a colocar seu capacete em sua cabeça pronto para ir embora para sua casa e deitar em sua cama confortável.

- Ace, espera, que bom que ainda está aqui - comentou o dono da pizzaria tocando no ombro do rapaz que se virou para ver o que seu chefe queria - temos a última entrega da noite, espero que não se incomode, o endereço é esse aqui, não fica tão longe, em cinco minutos você deve chegar, é melhor se apressar, parece que vai chover essa madrugada.

Ace assentiu com um pequeno sorriso, mas, assim que o chefe entrou para a pizzaria a fechando, bufou frustrado e grunhiu irritado, maldito último pedido da noite, quem poderia ser o bastardo que interrompera e atrasara o tão sonhado descanso do moreno?

O motoboy colocou a caixa da pizza dentro da mochila térmica e a ajeitou em seus ombros, arrumou o capacete em sua cabeça e subiu na moto dando a partida. Quando parou no segundo semáforo as gotas de chuva começaram a cair e Ace grunhiu novamente, ainda mais irritado por ter esquecido de trazer suas roupas impermeáveis. Péssimo momento para ser um completo cabeça de vento esquecido.

O moreno de sardas acelerou o máximo que pode tentando chegar o mais rápido no endereço para finalmente poder voltar para sua casa. A chuva torrencial o atingira em cheio durante todo o trajeto, o deixando totalmente encharcado. O moreno parou a moto em frente ao endereço que seu chefe passara e tirou o capacete o deixando pendurado no retrovisor. O rapaz andou a passos rápidos até a porta da casa e tocou a campainha, enquanto esperava abraçou seu próprio corpo para tentar mantê-lo aquecido, seus dentes batiam uns contra os outros e seu corpo tremia pelo frio e pela chuva que atingia suas costas.

Demorou longos segundos até que a porta fosse aberta e um belo homem loiro surgisse pela fresta que aos poucos ia aumentando. Ace sentiu sua boca se abrir levemente com aquela beleza bem diante de seus olhos, o homem a sua frente era lindo, radiante, apesar das leves olheiras abaixo de seus belos olhos azuis, ou da expressão cansada em seu belo rosto, os ombros largos e fortes bem marcados pela camisa aberta que deixava amostra seu abdômen tão bem definido, Ace se viu fixado no corpo alheio, cada parte daquele homem era o número e tipo exato do moreno de sardas. O motoboy nem ao menos estava ligando para a chuva naquele momento, nem para a raiva que sentira em ter que adiar seu descanso, estava hipnotizado e imerso naquela beleza que o moreno não sabia que seria possível existir.

Ace não soube dizer quantos segundos ou minutos ficou só secando e divagando sobre a beleza alheia, só se deu conta de que estava olhando demais quando sentiu a mão quente e grande do outro tocar em seu ombro chamando sua atenção. O moreno ergueu o olhar e sentiu seu rosto se esquentar, o olhar preocupado e próximo do loiro o deixava totalmente envergonhado, aqueles olhos que carregavam uma imensidão profunda o observando com intensidade e um brilho vívido e deslumbrante.

- Você está bem? Seu rosto está vermelho, você está com febre? - questionou o homem encostando a palma da mão suavemente sobre a testa do moreno, os olhos fixados na escuridão das orbes de Ace - vem, entre, você vai piorar com essas roupas encharcadas.

- Não, eu estou bem, eu vim entregar a pizza - comentou o moreno sentindo-se cada vez mais envergonhado por estar quase babando naquele homem que aparentava estar tão cansado.

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