Prólogo

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Em alguns minutos verão que o abandono não ocorre apenas pela falta de dinheiro, mas sim pela falta de caráter das pessoas

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Em alguns minutos verão que o abandono não ocorre apenas pela falta de dinheiro, mas sim pela falta de caráter das pessoas. Não citarei nomes de pessoas indignas de tal ato e representação.

 Não citarei nomes de pessoas indignas de tal ato e representação

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Beatrice olhava pela janela do carro se corroendo de curiosidade. Observava atentamente as casas passarem como um borrão, mesmo sendo apenas um borrão a garota pequena pode notar a mudança brusca de paisagem. De casas exuberantes no centro da cidade, agora se via casas simples, muros com pichações, mulheres e homens seminu nas ruas além dos drogados e bêbados que andavam por lá.

Mesmo quase encontrasse nervosa observando que cada vez mais que andavam, mais escuro ficava, dizia para si mesma que tudo iria ficar bem, que enquanto seus pais estivessem ali estaria segura. A pobre garota confiava cegamente em seus pais para se quer estranhar suas atitudes, se lhe batiam era porque ela tinha errado; se gritavam com ela, também estava errada. Sendo aberta e sincera, Beatrice inventava tantas desculpas para justificar as atitudes deles com ela que mesmo com o melhor ensinamento, não perceberia que eles na verdade não a amavam...

... mesmo tendo tanto dinheiro.

— Onde estamos indo? — questionou curiosa.

Não obteve nem uma resposta, mesmo assim continuou perguntando por vários minutos seguintes perturbando seus pais. Apenas a voz dela conseguia os irritar, motivo? Nem um.

— Cala a porra da boca! — bradou.

Instintivamente Beatrice se encolheu de medo, com os resquícios de coragem que ainda tinha, puxou o máximo o cinto e colocou a cabeça no vão entre os bancos.

— Pai...! — Beatrice foi interrompida com um tapa em seu rosto.

Seu rosto virou com a força do tapa batendo a boca na lateral do banco onde estava seu pai. Sua bochecha continha marcado a mão de sua mãe ardendo igual brasa. Aquele simples gesto a magoou profundamente, seus olhos encheram de lágrimas dando início ao choro. Não saberia dizer se chorava pela dor em sua bochecha ou pela em seu coração.

— Engole a porra desse choro pirralha! — gritou quando um soluço saiu da garganta dela. — Volte para droga do seu lugar — segurou com força seu queixo — e fique tão quieta quanto um morto! — empurrou com força a cabeça de Beatrice para trás.

Durante o restante do trajeto até o carro parar ela ficou encolhida no canto sufocando seus sentimentos para não chorar. Desceu assim que o carro parou para não irritar sua mãe, mas tudo o que conseguiu foi ser arrastada pela mãe com seu pai ao encalço até um homem desconhecido parado perto de um beco.

Beatrice não prestou atenção na conversa que se seguiu, se encontrava incomodada de mais com o modo como o homem a olhava para prestar a devida atenção. A vontade de chorar a sufocava, estava com medo, muito medo, e mesmo assim segurou seu choro, sufocou seus sentimentos para não virar um fardo para seus pais. Seus olhos captam o momento em que o homem lhes deu um grande bolo de dinheiro para sua mãe. Seus olhos se arregalaram de surpresa.

A mulher mais velha se abaixou feliz na altura da garotinha com o sorriso mais radiante do mundo e falou: — Há uma surpresinha para você dentro desse beco — indica com o dedo indicador —, se eu fosse você iria correndo lá buscar.

O coração de Beatrice bateu com força em seu peito de felicidade, pela primeira vez ganharia um presente de aniversário, se quer ligava se ele tinha passado ou não, apenas estava feliz. O sorriso que iluminou seu rosto mostrou claramente sua felicidade. Acenou com a cabeça e se direcionou para o beco. No começo entrou cautelosa, mas, ganhou confiança ao se lembrar que seus pais estavam logo atrás dela.

Um alto barulho de motor se fez presente à fazendo se virar, porém, em vez de conseguir ver da onde vinha — ou que seus pais estavam indo embora naquele momento —, foi agarrada pelo mesmo homem estranho. Ele a apalpava por todo lugar, rasgava suas roupas. Beatrice resistia como podia. Como um ato de desespero esperneou tanto as pernas que acabou atingindo as bolas do estranho fazendo assim com que ele caísse soltando-a. Correu o máximo que conseguia até a saída do beco gritando desesperadamente pelos pais, não importava o quanto sua garganta doesse, continuava chamando por eles. Foi agarrada novamente por trás quando chegou na saída do beco sendo levada de volta para dentro da escuridão.

— Pare de lutar, é inútil! Mais inútil ainda chamar por seus pais — riu — Quer que eu lhe conte um segredinho? — sussurra em seu ouvido. — Eles te venderam!

— ISSO É MENTIRA! — esperneia cada vez mais lutando contra a força dos braços que a seguravam.

— Se isso é mentira...! — a joga no chão. — Me diga o porque eles não vinheram te salvar? — sorri asquerosamente retirando suas roupas.

Ali naquele beco escuro, fedorento e frio uma garota de 10 anos foi estuprada. Em algum momento do ato ela apenas parou de chorar, sentir a dor, apenas pediu sem parar mentalmente, para morrer. Estava mentalmente e fisicamente cansada demais para continuar lutando. Não demonstrava mais nem uma reação, suas lágrimas pararam de descer e até mesmo quando um jato quente de sangue espirrou em seu rosto demonstrou algo.

Um homem tinha acabado de cortar a garganta do estuprador. O sangue jorrava de sua garganta melando totalmente Beatrice, ele tenta conter o sangue colocando a mão no corte, mas é empurrado de cima dela caindo no chão.

Tudo o que Beatrice faz é direcionar seu olhar para o mais novo estranho. O moço retirou sua jaqueta preta a estendendo sobre ela.

— Acabou. — diz o homem — Eu irei cuidar de você a partir de agora.

Beatrice consegue enxergar em meio a escuridão olhos claros, sua cor lhe lembravam o mais doce e caloroso mel; a sensação de segurança toma seu coração quebrando todas suas defesas, começa a chorar sem poder se conter mais. O jovem rapaz a puxa para um abraço, não fala nada, apenas deixa que ela chore, coloque tudo para fora. Beatrice tremia em seus braços soluçando sem parar.

Foi neste dia que Beatrice teve a pior experiência de sua vida, entretanto, também foi o dia em que começou sua jornada para uma verdadeira família. A partir daquele dia ela se tornou uma Sorrentino, aos poucos conheceu o amor e carinho de uma família, e aprendeu que o laço de sangue às vezes é mais fraco do que um laço construído através do amor e sinceridade.

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