00 | don't blame the drunk caller

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Para a experiência completa, recomendo a leitura no modo escuro.

Se atentem às datas, elas são importantes!

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1 de janeiro de 2020

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1 de janeiro de 2020.

Jogou a chave no aparador ao lado da porta após fechá-la atrás de si.

Levou alguns segundos até que conseguisse focar a própria imagem refletida no grande espelho do corredor de entrada da casa, que ia desde o chão até o teto, estendendo-se por toda a parede, e encarou a si mesmo na superfície polida.

As luzes que vinham dos spots no teto acima do espelho iluminavam seu rosto e lhe deixavam ainda mais tonto ao dançarem e formarem desenhos engraçados sobre a pele. Tentou ignorar as grandes bolsas roxas abaixo dos olhos, às quais tinha se habituado desde que estava quase todas as madrugadas em boates e bares diferentes, as veias avermelhadas e saltadas nas escleras já sendo uma característica comum de si há meses.

Tropeçou até chegar ao sofá com dificuldade graças à escassez de luz na sala de estar e se deixou esparramar ali, todas as terminações nervosas do corpo relaxando e os braços pesados finalmente descansando de uma noite cheia de abraços vazios e sorrisos forçados.

Ele quase podia aproveitar a sensação de estar flutuando entre as almofadas, o efeito do álcool espalhando pela corrente sanguínea e tentando levar embora todas as sensações agridoces que tinha saboreado aquela noite: desde a triste constatação de que estava completamente sozinho naquela porra de mundo (se não fosse por seu melhor amigo, que deixara de aproveitar a virada de ano com a própria família e amigos só para não deixá-lo afundado em sua própria miséria), até o ponto alto da noite, cerca de três ou quatro horas antes — ele não estava tão certo quanto ao tempo —, o principal motivo por seu estado atual.

Por um tempo, ele só quis esquecer todos os acontecimentos dos últimos meses, e fechou os olhos na expectativa de aproveitar as memórias que aquele sofá velho ainda guardava, abraçando a si mesmo como um lembrete sufocante de que tudo que tinha restado existia apenas em sua mente.

To Be So Lonely ➳ l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora