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Havia sete anos que não trocava uma palavra sequer com ela. A porra de sete anos que ela mal dirigiu seu olhar para mim, desde o pequeno... Deslize que tivemos nos portões da U.A, após eu promover uma pequena balbúrdia com Deku e o lixo do meio a meio.

Surpresos por me verem narrar? É. Fora um xeque-mate que decidi dar em vocês, leitores. Eu tenho muito a dizer, e todos vocês irão me ouvir.

Ou quem sabe simplesmente me deixaram narrar daqui por diante o que vem a acontecer. Talvez eu tenha competência o suficiente para esse papel.

Mas antes que retomemos daqui por diante, deixe-me lhe atualizar dos fatos depois do pequeno deslize em que envolve eu e aquela maldita ingrata.

Havíamos nos pegado no muro de tijolos de uma das repartições da U.A de forma bruta, de forma que nunca havia pegado alguém na vida. Naquele dia, tudo que estava dentro de mim que a envolvia fora libertado, e eu não fui louco de impedir. Eu também queria aquilo.

No entanto, fui muito tolo em achar que aquilo que fizemos poderia surgir alguma coisa entre nós; alguma coisa fixa e sólida. Mas não. Nada aconteceu. Ela não quis que nada acontecesse.

Depois daquele dia, há sete anos atrás, Ochako – só Deus para saber o quanto esse nome faz minha boca amargar – nunca mais olhou na minha cara. Voltou a correr atrás do casalzinho de sacos escrotais, renegando todo o tempo que passara comigo e com meu grupo.

Na verdade ela ainda trocava algumas palavras e risadas com eles. Ela não falava era comigo.

E antes que pense que é implicância minha com ela, saiba que isso tudo excede as barreiras do que poderia ser uma implicância minha. Não, com certeza não era paranóia minha, Ochako me ignorava de verdade.

E tenho a sensação de que não tem nada a ver com o dia que massacrei o cigarro dela na frente do meu grupo. Acho que a fonte daquilo seria... Seria a porra do beijo que trocamos.

Esse assunto ainda é bem complexo para eu divagar. Tentei me tornar uma pessoa melhor após me formar na U.A; talvez a rejeição de Ochako tenha me feito perceber certos pontos em mim mesmo difíceis de lidar, me levando a considerar a me tornar alguém melhor, mais tolerável. Eu estava amadurecendo, aquilo fazia parte da transição entre sair da zona problemática do adolescente e entrar na sombria que era ser um adulto.

É. Talvez meu ego seja teimoso demais a me deixar confessar, porém eu procurei um psicólogo. Claro, não foi de primeira que me adaptei; necessitei de pesquisas longínquas até encontrar o profissional perfeito: Uma velha de quase oitenta anos já aposentada, que mesmo tendo uma voz bem mansa, não me deixava tratá-la de qualquer forma. Gostei daquele comportamento, afinal, o desejo de todo dominador era ser dominado por alguém, por mais paradoxal que seja.
Ela havia sido o quarto profissional que procurei para tratar meu gênio forte, o que me ajudou bastante.

Porém a única coisa que a velhota não conseguira resolver era um caso específico. Um caso que me deixava desestabilizado, transtornado e aturdido, conseguindo estragar o resto do meu dia: Ochako Uraraka.

Não aceitei sua rejeição. Não aceitei ela sumir da minha vida sem dizer nada. Antes fosse um 'obrigado' ou um 'vai se foder, seu merda'. Ela simplesmente saiu da minha vida sem dizer nada, e teve a porra da audácia de querer que eu engolisse aquilo! Foi o que ela fez, foi o que aquela maldita fez.

E nisso o tempo foi passando. Nunca parei meu treinamento pesado ou meus estudos, sempre me esforcei para ser o herói número um, ou ainda mais do que isso, ser ainda maior do que All Might foi. Minha promessa não foi carregada pelo tempo, e fora aquilo que me motivou a seguir em frente.

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