Cientista aprendiz

585 64 6
                                    

Já faziam mais de dois anos que Hoseok trabalhava com Dimitri como seu assistente e cientista aprendiz, o admirava muito como um profissional, sonhava em ser como ele, em ter toda a sua genialidade, inteligência e sabedoria. Hoseok queria fazer novas descobertas e poder enfim ajudar pessoas com doenças terminais.

Ele tinha uma rotina diária, a qual já estava acostumado. Todos os dias logo pela manhã antes das sete, ele saía para caminhar, na volta ele passava em uma pequena mercearia que segundo ele tinha o melhor café de Union, a cidade perfeita.

Naquela mercearia, moravam e trabalhavam a família Lee, Hoseok tinha muita amizade com eles, pois haviam chegado como voluntários para morar em Union junto com ele. Gostava muito de conversar e jogar xadrez com o Senhor Lee, o vovô da família, apesar de suas idades diferentes, tinham muita amizade um com o outro, ele era como um pai para Hoseok.

Hoseok fazia suas caminhadas antes de seu expediente de trabalho, fielmente, todos os dias, e assim como estava na sua rotina parou para seu café e sua indispensável conversa com o patriarca senhor Lee.

-Bom dia Anny - Disse Hoseok entrando na loja e comprimentando a moça, que logo olhou quando o sininho da porta fez barulho.

-Bom dia Hobi, o de sempre?

-Sim, o de sempre... - Hoseok olhou em volta - E o Senhor Lee? Ontem também não o vi aqui.

-O vovô? Ah sim, ele foi para os laboratórios para tomar algumas vacinas... achei que soubesse já que trabalha lá.

-Vacinas? - Hoseok arqueou as sobrancelhas, sabia das vacinas pois era ele mesmo que estava coordenando essa campanha, mas o Senhor Lee não estava na lista.

-Sim, vacinas, você não sabia Hobi? Não está na equipe de cientistas que estudam as vacinas?

-Ah sim sim, claro que estou, me desculpa, é falta de café - Hoseok sorriu e disfarçou, achando estranho pois provavelmente tinham mais pessoas sendo vacinadas sem o conhecimento dele, precisava averiguar aquilo.

....

Naquele dia de manhã, Hoseok foi para o laboratório e a primeira coisa que fez foi checar as fichas dos pacientes, e como ele temia o Senhor Lee não estava entre eles, achou aquilo bem estranho e sua intuição achou melhor não perguntar nada para Dimitri. Andou por todo o gigantesco laboratório de forma despretensiosa, para não chamar a atenção, como se tivesse em um dia de trabalho comum, porém estava mais atento e desconfiado, olhava tudo em volta procurando por algo fora do comum. Foi em todos os quartos e em nenhum deles conseguiu achar o Senhor Lee. Foi então que se lembrou do elevador, o único lugar que ele não tinha acesso, precisava descer lá e ver o que tinha no subterrâneo do laboratório, mas pra isso precisava do cartão de acesso, o qual apenas Dimitri tinha.

Hoseok sabia dos horários de Dimitri e sabia o quanto ele seguia sua rotina a risca, voltou para seu consultório e esperou até o horário que sabia que Dimitri estaria em seu banho relaxante da tarde. Assim que deu o horario, Hoseok seguiu para o consultório de Dimitri, a secretária já estava acostumada com suas visitas ao consultório dele então nem ligou para sua presença ali.

Hoseok entrou silenciosamente, olhando tudo em volta, procurando por Dimitri, entrou numa outra sala que era como uma espécie de quarto dentro de seu escritório, pelo barulho no banheiro viu que ele estava realmente tomando banho, essa era sua chance. Foi até as roupas do médico que estavam espalhadas sobre uma mesinha e procurou pelo cartão de acesso até o encontrar. Com o cartão em mãos, Hoseok saiu rapidamente sem parecer muito tenso, precisava ser rápido pois tinha pouco tempo, a hora que Dimitri desse por falta de seu cartão seria um grande problema.

Hoseok se dirigiu até o elevador subterrâneo e chegando lá passou o cartão, abrindo assim as portas, apertou na tecla que indicava um andar subterrâneo, como só havia um era pra lá mesmo que iria, estava com um mal pressentimento e estava nervoso.

As portas do elevador se abriram e Hoseok olhou para fora nada animado, estava tudo escuro, só a luz de dentro do elevador iluminava um pouco o local, parecia se tratar de um longo corredor. Ele olhou para o corredor extenso e escuro e engoliu em seco, tomando coragem para seguir adiante, já estava ali e não podia voltar sem ver o que tanto tinha lá.

Pegou o celular e ligou a lanterna, tentando iluminar o caminho adiante. Foi andando lentamente no escuro, apenas com a luz do celular que iluminava um metro a sua frente, sentia seu corpo todo estremecer, e um calafrio horrível tomar conta de seu corpo, estava com medo.

O lugar estava ainda mais frio ali embaixo, a Rússia em si era um país de temperaturas baixíssimas, mas ali embaixo parecia estar em uma geladeira. Foi andando vagarosamente, podia ouvir a sua própria respiração, até que chegou em uma porta. Respirou fundo e pegou o cartão de acesso, passando na porta e a abrindo.

Tentou iluminar o comodo escuro antes de entrar, mas a luz do celular não tinha muito alcance. Tateou as paredes e conseguiu achar um interruptor, o ligando e acendo todas as luzes, seus olhos levaram alguns segundos para se acostumar a claridade. Hoseok olhou em volta e o local era uma cópia exata do laboratório comum onde trabalhava todos os dias, porém ali estava deserto, não havia ninguém. Hoseok parecia estar na recepção, notou que haviam várias entradas que davam a outros salões, o lugar parecia um labirinto gigantesco.

Todo o lugar era branco, tanto o piso de mármore no chão, quanto a parede e os móveis, não havia quadros e nem flores ou plantas decorando, tudo era apenas branco.

Hoseok olhou para a direita e resolveu entrar primeiro ali. Novamente passou o cartão de acesso na porta e foi parar em um novo corredor, dessa vez tinha uma bifurcação no final que virava para a direita, ele foi andando até chegar na bifurcação, deu uma olhada antes de entrar e quando viu que estava tudo limpo continuou andando.

Haviam várias portas nesse corredor, o silêncio tomava conta do lugar, o que deixava Hoseok ainda mais assustado. Foi andando o mais silencioso possível, tentava controlar até mesmo sua respiração.

Parou de andar quando viu de longe que vazava sangue por baixo de uma das portas, na hora suas pernas bambearam, aquilo realmente era sangue, era notável o contraste que fazia com o piso branco.

Hoseok estava ainda mais nervoso, uma poça de sangue se formava debaixo da porta, é claro que estava acostumado a ver sangue, afinal de contas era formado em biomedicina, mas ver aquilo o deixava apavorado, seu medo era que alguém precisasse de sua ajuda atras daquela porta, não poderia sair correndo e deixar alguém ferido para trás como tinha vontade de fazer.

Reuniu toda a coragem que tinha e colocou a mão na maçaneta, respirou fundo e abriu a porta. 

A CuraOnde histórias criam vida. Descubra agora