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O meu coração bateu forte contra o meu peito a ouvir o que o Harry tinha dito.

-Menos as merdas do amor e tal claro.- a sua mão escorrega do meu ombro e ele continua a andar deixando-me sozinha.

-Claro.- sussurro para mim própria e volto a acompanhá-lo.

-Tens vontade de fazer alguma coisa que te vás arrepender?- ele pergunta. Olho para ele, já não fiz muitas hoje?

-Como o quê?

-Ah eu não sei, roubar alguma coisa, partir um vidro, riscar um carro, tocar em campainhas?- começo-me a rir, a minha cabeça balança para trás.

-Definitivamente tocar em campainhas!- ambos nos rimos.

-Estás zangada?

-Por acaso estou.- de repente eu estava zangada, estava zangada com o Zayn e comigo por ter ido na conversa dele. Eu acho que ele sabia perfeitamente com quem é que eu estava zangada e foi por isso que ele perguntou. Era como se ele soubesse no que é que eu estava a pensar antes de eu sequer fazer tais pensamentos muito menos pô-los em palavras.

-Boa, vamos tocar em algumas campainhas.- riu-me quando ele começa a correr, sigo atrás dele ainda a rir.

Pelo aspeto das casas estavamos provavélmente nos subúrbios por isso era fácil de tocar e esconder.

-Queres ir primeiro?- o Harry agacha-se atrás de um arbusto e eu riu e baixo-me também.

-Ok.- corro surrateiramente até á porta de uma casa e toco duas vezes á campainhas.

Éramos crianças de novo enquanto corriamos pelas ruas agora mais agitadas, éramos crianças despreocupadas a rir histéricamente ao ver as pessoas a saírem zangadas á rua de pijama enquanto nos escondíamos atrás de uns arbustos a tentar rir o mais baixo possível para depois correr para a casa seguinte. Eu não fazia a mínima ideia do que estava a fazer nem porquê mas eu não queria parar.

Perdi a noção do tempo enquanto brincavamos até ao fim dos suburbios para a linha do metro que me ia levar a casa.

-Bem isto foi divertido.- sentei-me no banco da paragem do metro, não estava ninguém na estação o que me fez perguntar que horas eram.

Entro no metro vazio e sento-me ao pé da janela, pela cor do céu não tarda muito o sol iria nascer. Passou assim tanto tempo? Nós andamos imenso mas não fazia ideia que tinha passado tanto tempo. Passei a noite com um estranho a beber e a tocar ás campainhas das pessoas enquanto percorriamos os subúrbios de Nova Iorque, que volta que esta noite deu. Perguntei-me por breves momentos se o Zayn estaria preocupado comigo, se ele sequer me tinha procurado, mas acabei por afastar esses pensamentos olhando para um rapaz muito alto deitado nos bancos do metro, os olhos fechados. A viagem foi mais longa do que eu estava á espera, quando fui para a festa com o Zayn não tinha parecido assim tão longe. Tive oportunidade de presenciar o nascer do sol no metro enquanto passávamos pela ponte de Brooklyn, encostada á janela fria olhava para o sol a erguer-se sobre a grande cidade, fiz questão de guardar o momento para sempre pois não era todos os dias que isto me acontecia.

Nem eu nem o Harry pronunciamos uma palavra durante o caminho inteiro até á minha saída, e mesmo aí ele não disse nada, mas eu também não disse. Não sabia se ele estava a dormir ou não mas este era um daqueles momentos em que não precisas de fazer nada, está perfeito como está. Então foi o que fiz, saí do metro não sem antes dar um último olhar ao rapaz que tinha transformado o que seria uma noite para esquecer numa para não esquecer, quer ele o fosse admitir ou não.





O meu corpo espreguiça-se na cama de casal, as minhas calças de ganga estão no chão e apercebo-me que só estou com a t-shirt vestida. O Sol invade o meu quarto por completo, já deve passar do meio-dia mas sinto que não dormi nada. Não estou com sono mas a minha cabeça queima tal como o meu estomago, a minha vontade de sair da cama era zero, a noite de ontem passava por flashes de poucos segundos pela minha cabeça, lembrava-me do Harry e do Zayn e de uma festa na qual mal participei. Era como se esta manhã eu já não sentisse nada pelo Zayn, não que tenha alguma vez sentido mas o sentimento negativo que tive dele a noite passada tinha desaparecido e agora queria que pudéssemos simplesmente voltar a ser amigos, ou talvez nem isso, estava ainda muito confusa para conseguir responder a todas as perguntas que o meu cérebro me queria impor. Com esforço sento-me na minha cama e ponho o telemóvel a carregar para o poder ligar.

*uma nova mensagem e uma chamada não atendida*

Tinha uma mensagem e uma chamada da Caroline, ela não ia passar o dia em casa ia estar com não sei bem quem. Isto significa que ia ter a casa toda para mim, isso pareceu dar-me motivação suficiente para sair da cama, calcei umas meias que me davam até a metade das coxas e uns calções de fato de treino demasiado curtos para eu usar em qualquer outro sitio se não em casa. Andei até á cozinha e tirei dos armários leite e cereais e uma aspirina. Peguei na comida e enfiei-me no sofá, depois de tomar os cereais engoli a aspirina e liguei a televisão na Fox na esperança de a minha série preferida estar a dar.

Tenho andado a manhã inteira a tentar evitar pensar demasiado sobre a noite passada, eu queria deixá-la na minha memória assim como estava como a maioria das pessoas parecia fazer mas eu não acho que seja esse tipo de pessoa, eu penso demasiado sempre fiz isso e por muito que tente vai sempre haver mil perguntas ás quais eu vou ter de responder na minha cabeça, mas vou tentar empurrá-las para o fundo da minha cabeça por agora.

O som das tipicas vozes femininas ecoava por toda a casa enquanto eu andava a arranjar-me, não gosto de estar num sitio em silêncio por isso acendo sempre a televisão ou ponho música quando estou em casa. Pus umas calças de fato de treino e uma t-shirt branca, calcei os ténis e peguei nos auscultadores, num casaco e no telemovél. Pensei que talvez se fosse correr conseguisse parar de pensar. Saio do apartamento e começo a correr pelas ruas, a desviar-me de homens de fato e mulheres apressadas. Um rock pesado acalma-me e chego rapidamente até á ponte. Eu gosto de me considerar uma pessoa que corre embora eu saiba que não sou. O ar frio faz-me fechar o casaco e pôr o capuz, apoio-me nos ferros e olho para baixo, o rio forma o ambiente calmo que é aquela ponte. Se alguém me perguntar o que me fez apaixonar por Nova Iorque eu diria que foi esta ponte, a primeira vez que cheguei a Nova Iorque e andava perdida á procura da Caroline, este foi o primeiro sitio que eu parei para me aperceber do sitio de onde estava, acalmou-me e eventualmente encontrei o meu caminho até casa.

No momento em que eu voltava para casa, mais calma do que quando saí, vejo á porta do meu prédio sentado com toda a sua postura atraente, o rapaz que eu pensava nunca mais ter de voltar a ver.

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⏰ Última atualização: Jan 25, 2018 ⏰

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