18- Terno Branco

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Eu acho que escutei alguém bater na porta.

Continuo aqui, olhando para o teto, sem me lembrar de como isso aconteceu.

Eu escutei alguém bater na porta, eu sei que não é coisa da minha cabeça.

Minha cabeça está doendo, meu corpo também.

Pela terceira vez o barulho se repete.

A porta abriu.

- Bom dia Lara, como você está? - O dono da voz é um homem vestido de um chique terno branco.

Eu me virei para ele, meu olhos já não conseguiam focar realmente em sua aparência física.

- Acredito que você ainda fale? - Sua voz era famíliar, muito familiar e cheia de sarcasmo, mas eu não consigo me lembrar da onde, tudo está tão confuso.
- Vamos levante-se - Ele comandava.

Minha mente queria obedecer, não queria mais problemas do que os que eu já tinha, mas meu corpo... Meu corpo não quer, se recusa a se levantar, ou não queria.

Eu não sei se isso está acontecendo agora, ou se é só um terrível pesadelo.

Já não escuto o que eu escutava antes.

- Hora de tomar seus remédios.

Ele mantinha as mãos para atrás, e puxou uma para frente e a abriu. Lá continha 3 pílulas.

- Vão fazer bem pra você - Sua voz estranhamente se encheu de compaixão.

- Por favor tome todas... - Ele abriu a boca e logo fechou, hesitando em falar, e chegou mais perto de mim.

Levantou meu corpo, me fazendo sentar.

Ele chegou perto e me entregou as pílulas.

Eu as segurei, as examinei, não que fosse mudar alguma coisa.

Coloquei na boca, e as engoli a seco, fazendo o seus caminhos através da minha garganta, os remédios machucavam.

O homem, com olhos marrons claro, que não aparentava ter mais de 35 anos, tinha um pouco de barba, porém era bem cuidada e fazia o contorno de seu rosto.

Sua face não me lembrava de ninguém.

- Por favor, fale alguma coisa...

Eu podia ver algo nos seus olhos, um brilho que estava sumindo a cada segundo que ele não ouvia minha voz.

Meus olhos estavam começando a se afundarem em lágrimas, minhas pálpebras estavam tão pesadas.

Hesitando ele passou uma de suas mãos na minha bochecha, tirando as mechas de cabelo que caiam na frente dos meus olhos.

- Não chore, eu te imploro...

Sua expressão mostrava uma dor irremediável.
Seu rosto estava tão perto, que eu quase conseguia sentir sua dor, ele buscava por qualquer tipo de resposta.

Um alarme tocou.

Ele se virou para porta, e se virou pra mim novamente.

- Eu não vou deixar ninguém tomar meu lugar, não vou deixar te machucarem... Você entendeu?

Seus olhos estavam desesperados, e sua respiração ofegante.

- Ninguém vai tocar em você.

Dizendo aquilo ele se levantou e saindo fechou a porta, me deixando a mercê do silêncio da minha mente.




𝑺𝒕𝒖𝒄𝒌 𝑻𝒐𝒈𝒆𝒕𝒉𝒆𝒓  ʲᵒʲⁱ ᵖᵗ ᵇʳOnde histórias criam vida. Descubra agora