A Louca Vida de Any

Bilhete

E lá estava eu, sentando em meu banquinho favorito da universidade sem qualquer ideia de qual caminho deveria seguir. Não estava vivendo, mas sim somente observando minha vida sendo sugada lentamente por minha fragilidade emocional. Estava beirando o final da jornada, encontrando o fundo do poço, nada mais fazia sentido, nada mais me importava, nada mais merecia minha atenção. Quando eu menos esperava, em um momento de distração encontrei o seu sorriso, não teve jeito, tudo estava prestes a mudar.

Não fazia ideia do seu nome, nem de sua idade, nem do tamanho do seu dedo para poder já planejar nossas alianças. A única coisa que eu sabia é que você era diferente. O jeito que fazia todas as coisas com uma graça difícil de ser decifrada, o jeito meigo com que você se esforçava ao passar as tardes estudando nas mesinhas do refeitório ou até mesmo a maneira diferente que você amarrava seus cabelos, era tudo completamente fascinante e impossível de ser explicado.

Todos as manhãs antes mesmo de abrir meus olhos me lembro de seu olhar penetrante, do brilho que seus lindos olhos castanhos exibem ao receber a luz do sol, da maneira de como desejo fazer carinho em seus cabelos lisos e compridos, de suas pequenas pintas em seu rosto, que por sinal são seu maior charme. O dia passa e você não sai da minha cabeça, posso dizer com toda certeza do mundo que jamais vi um sorriso tão lindo quanto o seu. A cada tic do ponteiro do relógio, o que mais desejo é poder te ver de novo e a cada tac que completa o segundo passado essa vontade só aumenta. Só queria poder ter você todos os dias ao meu lado. Um pequeno vislumbre de imaginação de um futuro em que nós dois somos um só, faz com que me sinta mais vivo do que jamais senti anteriormente. Você mexe comigo de uma forma que eu não consigo explicar, essa é a minha verdade. É algo completamente imprevisível, jamais me senti de tal maneira em relação a alguém.

E mesmo assim você parece tão distante. Mesmo conseguindo decorar e me apaixonar por cada detalhe de seu lindo corpo, você parece não estar ao meu alcance. Diversas vezes quando tento voltar a realidade, acabo caindo novamente em minhas perguntas sem respostas.

Será que você já se deu conta do que representa para mim? Já pensou que eu sofro, quando percebo que algo está errado em você? Já se tocou que sempre várias vezes apareço coincidentemente em seu caminho no dia a dia? Já fez isso tudo pelo menos uma vez?

Toda vez que noto que algo está errado com você é como se eu me sentisse a pior pessoa do mundo. Eu sei que a culpa não é minha, mas mesmo assim me sinto culpado. Queria poder fazer algo para te ajudar, eu até tiraria os seus problemas e passaria pra mim. Você nunca saberá como é complicado ver a garota pela qual se apaixonou estar mal e não poder fazer absolutamente nada.

Meu único desejo era que você entendesse de uma vez por todas, que não importasse o que acontecer, eu estaria com você. Não importa qual assunto seja, sempre vou estar livre para te escutar. Eu só quero o seu bem, mesmo que seja aqui, ali, aí ou na China, não importa se for para te fazer feliz, eu topo tudo.

Em contraste a todos esses intensos sentimentos, a coisa que mais me dói não é o detalhe de ser um completo desconhecido para você, ou o fato de cada vez mais nossos encontros e desencontros casuais terem diminuído, o que realmente me machuca é a minha fraqueza.

Não tenho forças para lutar contra minha timidez extraordinariamente grande, não tenho forças para me fazer ser ouvido, não tenho forças para chegar nesse lugar tão distante no qual você está.

Mesmo assim decidi lutar por você, lutar contra toda essa minha insignificância. Não encontrei maneiras de derrubar minha completa falta de segurança para conversar com você, mas em um ato desesperado de amor escrevi esse bilhete:

Oi, você deve estar pensando: Que loucura é essa aqui?

Mas calma, irei explicar!