day 3- panic

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Tony acordou em um solavanco. A mente a milhão. "Por que será que ele voltou?" "Ele tentou te matar" "Se proteja" "O perdoe" "Vá embora e o largue sozinho" "Não chore" "Onde está Bucky?" "Isso é uma estratégia?" "Socorro". O moreno fazia o máximo para tentar silenciar as vozes de sua cabeça e focar em coisas que lhe traziam paz, assim como Pepper o havia ensinado. Mas era tão difícil, tão confuso. Não sabia se queria chorar, se queria gritar na cara de Steve, ou socar aquele rosto perfeito do caralho, mas tinha consciência que precisava sair dali antes que algo de ruim acontecesse. Sua bolha se estoura quando, depois de alguns segundos, nota olhos preocupados o fitando de forma contínua, de forma que ignorar apenas faria as coisas piores.

Mas Tony não conseguia. Ele mentiu. Mentiu para Pepper, para Rhodes, para Fury quando disse que estava bem. Que, mesmo depois de dois anos sendo largado e abandonado a morte pelo próprio homem que jurou o salvar de si mesmo, ele estaria bem- seria cômico se não fosse trágico. Tony sabia que estava mentindo para si mesmo, mas acreditar na mentira era muito mais fácil do que encarar a realidade. Ele estava quebrado. Seu choro era o sangue da alma, sangue que Steve derramou, sangue da dor de ver talvez não seu pai, mas sim sua mãe, ver a vida escapando pelas suas mãos como grãos de areia e depois arremessada no chão como se não valesse nada. Algo tratado de forma tão banal, que a ficha de Tony parecia não querer cair. A máscara criada para todos apenas escondia o vazio de um homem que se escondia atrás da grandeza e do orgulho- mas novamente, quem poderia culpa-lo?

- Anthony, por favor- repetia o soldado cada vez mais assustado. Tony estava a dois minutos com os olhos fixos na parede, seu peito subindo e descendo de forma errática, como se implorasse ao ar que entrasse em seus pulmões. Os leves cachos castanhos grudados na testa que ganhavam um tom mel graças aos raios de sol que entravam no quarto a partir da grande sacada, e naquele momento Steve poderia jurar que era a coisa mais linda que já havia visto. A razão de ter acordado do gelo, de ter sobrevivido, de ter lutado, como se seu propósito, seu amor por Anthony e o próprio moreno sozinho pudessem justificar toda a sua existência.

O loiro sabia o que estava acontecendo, porém não mais sabia o que se passava na cabeça do moreno. No início da "relação", forma que Steve gostava de imaginar, pesadelos eram frequentes na parte do menor. Acordava assustado, sem ar, e se jogava nos braço de Steve, que por sua parte o envolvia em um abraço tão forte como se estivesse protegendo seu bem mais preciso- o que realmente estava- de si próprio. Deus, Tony era tão alto destrutivo. Discussões sobre a saúde mental do gênio eram constantes, onde nenhum dos dois sabiam se aquilo estava ajudando ou apenas tornando aquela tentativa de ajuda em algo pior.

Steve se lembrava de tudo. As carícias, as risadas, os abraços, as promessas. Tony havia prometido o mundo ao loiro, e o mesmo havia deixado o moreno sem chão- quão ingrato, não?

- Anthony. - Steve repete de forma mais suave, tenta aproximar sua mão com a de Tony na cama porém o medo de rejeição, que era certo, iria ser demais para suportar agora. Era mais fácil fugir da verdade. - Você está bem? Por favor.- Seu olhar permanece fixo na pele bronzeada, implorando internamente que, de forma irônica, Tony pudesse o e se ajudar.

Quatro passos para longe da cama.

Dois para pegar o moletom.

Mais um, chaves e celular em mãos.

O baque da porta.

E ali, o coração de Steve se afundou em tristeza, em uma tão profunda, que amaldiçoou os céus por lhe darem um amor tão difícil quanto aquele, ou por ser tão filha da puta- nos dois casos, ambos eram corretos.

Mas a questão era, onde Tony havia ido?


- Atenda, por favor atenda. - As súplicas em suspiros feitas por Tony acabaram se tornando mantras, e o desespero era evidente. Lutava contra a vontade de chorar, a vontade de sair correndo, ou a de chorar e se jogar no colo de Steve o implorando para que não o deixe novamente. Perguntas a serem respondidas, que tiravam o sono do mais velho, que agora seu coração remendado tinha pavor de saber, sabendo que uma vez que fosse quebrado novamente, não teria mais amor no mundo que o trouxesse cura, ou paz.

- Tones?- A voz de Rhodes era como um canto, como uma casa.- Não escute a sua cabeça, foque na minha voz, tudo bem? Eu estou bem, você vai ficar bem, estamos juntos e eu vou te ajudar, respire fundo.

- Rhodes essa m- porra, eu- Respiração. 1, 2, 3. Olhe ao redor. Árvores. Vinícolas. Uma funcionária passa e Tony sorri levemente como um "bom dia", sentindo sua mente se esvaziar e seu peito começar a se regular. As costas na parede de entrada do hotel o obrigavam a olhar a imensidão de verde dos campos, o sol e a brisa batiam contra seu corpo num lembrete de que o mundo não estava acabando, e que mesmo que acabasse em um dia, ele ressurgiria no outro.- Rhodes, caralho, me desculpa, eu n-

- Não comece com essa sua palhaçada, são 4 da manhã aqui ainda. - Rhodes ouviu a risada de Tony e aquilo bastou para saber que tinha melhorado. Um suspiro de alívio foi audível, e um tom sério prevaleceu.- Me fale o que ele fez, e eu vou aí dar um chute no meio do pau dele, só me mande a localização.

- Sua perna continua quebrada, seu idiota- As gargalhadas de Tony eram altas. A falta que Rhodes fazia em seu dia-a-dia era absurda, tudo havia ficado tão difícil.- Eu saí do quarto. Estou quase em Veneza. Quer dizer- na verdade eu não sei. Eu acordei. Pesadelos, sabe? Suor e aquela porra toda. E ele ficava repetindo meu nome- pode falar o nome dele, juro não surtar- e me encarando daquele jeito e-

-Aprendi a bater com a muleta, muito útil, diga-se de passagem. - Ambos riam, o maia velho pensando em como estaria Tony sozinho com alguém nem mais nem menos que o próprio Capitão-babaca-América, como Rhodes o apelidou desde quando tudo aconteceu.- E como estão as coisas? Como está indo com, hm... ele aí? T'challa o largou com você, Pepper me contou.

- Ele não me faz diferença, honey bear, sabe disso. - Tony bufou fingindo impaciência o que fez o outro rir. Os dois sabiam que era mentira. Os dois sabiam que as emoções de Tony quase sempre traiam seu lado racional.- T'challa foi bem claro quando deixou ele comigo e foi embora.- riu.- Fofoqueira do caralho, e parem de se roubar de mim.- Dessa vez foi Rhodes que riu, terminando totalmente de aquecer o coração cheio de saudades que Tony sentia por ele.- Nada aconteceu. Eu acordei, sai correndo e estou bem. Nada mais. Podemos mudar de assunto? Não faça eu me preocupar com você na reabilitação.

-E tem certeza que isso é bom pra você?- A pergunta saiu de forma cautelosa, para que não causasse mais nenhuma estabilização, ou insegurança.- Nós dois sabemos que o complicado da amizade é você, é melhor não me deixar preocupado antes que eu voe até a itália e te arraste pelos cabelos.

-Não falo com ele, e ele o mesmo, 'tá tudo bem, mãe.- Tony disse rindo, tentando disfarçar o desconforto que foi percebido por Rhodes rapidamente, mudando logo de assunto.- Você sabe que eu te amo, não sabe?

-Hm.- Antes mesmo de responder, se calou. Aquele era o jeito de Tony, um lado dele que permitia apenas três pessoas de apreciar, e uma delas foi Steve. "Eu te amo"s repentinos, demonstrações de carinho e afeto em qualquer situação, sorrisos singelos e pequenas declarações. Rhodes odiava Steve de uma maneira, que nem ele mesmo entendia.- Jesus, por que é sempre assim com voc-

-Admita que me ama também.

-Eu vou desligar.

-Fale pelo menos uma v-

-Eu sempre fal-

-Você nunca fala, eu q-

-Anthony, você sabe que eu te amo, agora cale a boca e me deixe dormir.

-Sim, senhor.- Tony bateu continência mesmo sabendo que Rhodes não veria e riu.- Boa madrugada, honey bear, obrigada por sempre ter ficado do meu lado.

-Sempre lutarei ao seu lado.- Foi honesto.- Fique bem, não suma.

-Acabou de admitir que é o meu assistente?- Tony continua rindo ao perceber o telefone ser desligado depois da última fala. Arruma de leve os seus cabelos e ao virar a cabeça para voltar ao hotel sua mente trava.

Fudeu.

Steve caminhava em sua direção, enquanto Tony ficava estático. Castanho no Azul. E por longos segundos, o moreno desejou que pudesse sumir dali o mais rápido possível.



OOIIIIII GENTE
qm é vivo smp aparece ne
eu decidi atualizar pq eu to com saudades deles demais:( peço perdão pela demora, no próximo capítulos vai ter mais interação dos dois!
beijos de purpurina e que stony esteja com vcs
xoxo soph

ITALYOnde histórias criam vida. Descubra agora