O encontro.

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Yuri pov.
Eram exatos 12:50, de acordo com relógio de meu notebook, desde quando acordei não tinha comido nada, apenas dei pequenas beliscadas no pacote de marshmallows que tinha perto da minha cama. Passei a maior do meu tempo fuçando a internet, vendo as notícias do momento para alimentar meu lado fofoqueiro, obviamente. Decidi sair para comer algo em uma cafeteria que era próxima de minha casa, já que a preguiça dominava meu corpo, por estar nevando lá fora e a temperatura era de -4º coloquei o máximo de agasalhos que tinha e separei os três objetos de maior importância: meu celular, minha carteira e as chaves da casa. Ao sair de casa, e me certificar de que tudo estava fechado, comecei a caminhar até a cafeteria, com minha mente absorvida em vários pensamentos e quando acordei para a realidade já estava em frente ao local de meu desejo. Entrei ali e fui em direção ao balcão — cujo tinha algumas banquetas — sentei-me ali e vi minha amiga de longa data, e atendente, Mizahou, se aproximar de mim com um enorme sorriso.

— Yuri! Já faz tempo que você não vem aqui, não está frequentando outra cafeteria né? — Brincou, fazendo um beicinho triste.
— Yah, yah, claro que não! Apenas estive absorvido com o trabalho e algumas questões familiares... — Murmurou a última parte para que esta não escutasse. — Vou querer o de sempre.
— Um café gelado com pão de queijo e cookies para o nosso melhor cliente!

Apenas sorri com seu comentário, não dando continuidade aquele assunto, Mizahou, sempre que podia, vinha até mim e puxava assunto sobre algo aleatório, mas o que a intrigava era minha vida amorosa. Faz bastante tempo que não conheço alguém, uns cinco anos talvez? Enfim, Mizahou odiava me ver assim, absorvido pelo trabalho e não querer procurar algum passatempo mas o que ela poderia fazer? Nem eu mesmo procurava por aquilo.

Estava aproveitando minha bebida até perceber que alguém tinha se sentado ao meu lado. Meu lado curioso se atiçou e eu desviei minha atenção a pessoa e pude ver um homem alto, com um cabelo platinado, aparentava ser um pouco mais velho do que eu e — com certeza — era muito mais alto. Ao perceber que estava sendo observado o mesmo retornou o olhar e sorriu, ação que me fez corar como um adolescente envergonhado e desviar rapidamente o olhar.

Voltei a atenção ao meu café da manhã e almoço, tudo junto, e em poucos minutos terminei a refeição, como de costume paguei a Mihazou — mesmo que o correto seria ir até a balconista que cuidava daquilo. Me retirei do estabelecimento e senti um arrepio pela minha espinha, estava bem mais frio do que quando havia chegado porém aquilo era o que menos me preocupava. Comecei a caminhar em direção a minha casa e no meio do caminho encontrei um conhecido de longa data de meu bairro, batemos um papo por um tempo e, no meio da conversa, lembrei que em minha geladeira estavam faltando várias coisas essenciais, soltei um suspiro longo e me despedi dele logo caminhei em direção ao mercado mais próximo dali.

Já no mercado peguei tudo o que necessário, aproveitei também para pegar algumas guloseimas já que meu estoque estava acabando, fui em direção a menor fila, para a minha surpresa vi um rosto que me era parcialmente conhecido: o rapaz que se sentou ao meu lado na cafeteria! Achei irônico e levemente assustador estarmos em dois locais iguais, na mesma hora, bem próximos... mas a cidade é pequena, óbvio que vamos trombar em lugares semelhantes. Ignorei aquilo e fiquei esperando até minha vez, fato que demorou um certo tempo para acontecer mas assim que feita as compras finalmente pude ir para casa descansar.

Decidi inaugurar minhas recentes compras e fiz brigadeiro de colher, para ser mais exato a metade da panela. Enfim, em meu quarto deixei tudo separado: o brigadeiro em minha cama, a netflix aberta em uma série que iria me fazer chorar horrores pois nunca iria acontecer comigo e, por fim, minha cachorrinha Vicchan. Feito tudo isso, me acomodei debaixo de meu cobertor de ursos e dei play na série.

[ ... ]

Viktor pov.
Com certeza essa quarta é a mais calma que tenho em anos. Felizmente não tive nenhum trabalho e aproveitei para ficar ao lado de meu fiel cachorrinho, Makkachin, mas também fiz uma pequena limpeza em meu quarto já que estava bagunçado desde que me mudei para aquela casinha, naquela cidade do interior. Por me acostumar com a vida agitada rapidamente enjoei da minha casa, decidi dar uma volta com Makkachin e assim o fiz, ele pareceu gostar bastante já que encontrou várias outras cadelas pela rua.
Chamei o tutor e deixei meu amado cachorro com ele, optei por espairecer umas ideias que estavam em minha mente e fui até uma cafeteria próxima, já que era um novato pelas redondezas deveria saber onde ficava os comércios por ali e talvez conhecer alguns moradores, criar amizades. Sim! Isso seria incrível pra mim.

Me sentei em uma banqueta livre, ao lado de um garoto que estava concentrado com a sua comida. Por ser minha primeira vez ali pedi pelo melhor da casa e, para a minha surpresa, não demorou tanto como demorava nas cidades grandes em que já morei. Estava degustando minha comida até que percebi alguém me observando, como qualquer outra pessoa faria retribui ao olhar e pude prestar mais atenção nos detalhes de meu 'vizinho'. Ele tinha lindos olhos castanhos, que pareciam brilhar como de uma criança curiosa, seu cabelo estava meio bagunçado, notei que ele não tinha ligado muito a como estava antes de sair e a última observação, mas não menos importante, este parecia ser bem menor do que eu.

Me surpreendi ao ver sua reação, de vergonha, quando retribui ao seu olhar, mas internamente ri daquilo, agora ele parecia um gato assustado. Não quis iniciar uma conversa para não assustar ele ainda mais então continuei degustando da deliciosa comida, uau, esse prato faz jus a fama que tem. Mesmo depois de terminar de comer, consegui engajar uma conversa com a atendente e alguns clientes de lá, sentia a felicidade tomar conta de meu corpo por estar me conectando aquela comunidade que parecia ser tão calorosa.

Claro... o tempo foi passando e eu olhei meu relógio percebendo que já estava na hora de fazer umas compras lá pra casa, o estoque ainda dava para essa semana mas não gostava de deixar as coisas pra última hora. Perguntei a um cliente onde ficava o mercado mais próximo e ele me apontou, agradeci-o pela ajuda e em passos rápidos corri até lá, comprei tudo que vinha a mente minha como necessário e alguns petiscos ao Makkachin, ele sempre ganhava um mimo meu quando eu visito o mercado.

Não sou burro, escolhi a menor fila e para a minha surpresa vi ninguém menos que o garoto da cafeteria logo atrás de mim. Aquilo assustou ambos, já que pude perceber o olhar assustado e surpreso dele, e me assustou pelo fato de ser o nosso segundo encontro. será que era apenas uma coincidência? Ou a cidade era pequena demais e esse tipo de evento fosse mais comum do que eu pensava? Todavia, ambos ignoramos rapidamente o fato e voltamos nosso foco as compras.

Conhecer um pouco da cidade? Feito.
Simpatizar com a comunidade? Feito.
Compras de última hora? Feito.
Ok, meu dia foi ótimo, apreciei cada momento, mas aquele garoto cujo esbarrei duas vezes martelava em minha mente, nunca tinha tido uma fascinação assim por alguém antes e aquilo me deixava confuso, tenho que tirar ele da minha cabeça!

Me sentia cansado demais para cozinhar algo, só queria me jogar na cama. Mas ainda disso tratei de trocar a ração e a água de Makkachin, depois me joguei na cama e não demorou muito para dormir que nem um bebê.

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