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Alec Volturi soube no instante em que a porta do quarto foi aberta e a loira agachada em sua frente interrompeu o belo trabalho que fazia com as mãos e a boca, que algo estava errado.

— Os mestres solicitaram uma reunião com urgência — Félix informou, com a falta de expressividade de sempre, ignorando as caretas da loira ainda de joelhos.

— Bem, estou meio ocupado agora — A resposta de Alec soou definitiva, enquanto ele erguia as sobrancelhas de modo irônico. Com um último olhar aborrecido, ele dispensou o vampiro grandalhão, voltando a atenção para a mulher aos seus pés: — Continue, querida.

A loira exibiu um sorriso satisfeito e retomou de onde parou, sem se importar com o telespectador descontente no batente da porta. Félix dobrou os braços em cima do peito e soltou um grunhido, fitando o amigo de pé e alheio ao que lhe aconteceria futuramente.

Ainda sem demonstrar qualquer emoção, Félix se virou para ir embora, mas não sem antes soltar a notícia no ar:

— Pavlova está aqui. Boa sorte com isso, quando se desocupar.

E então desapareceu em um piscar de olhos, deixando Alec Volturi completamente desnorteado.

Ele sentiu os olhos aumentarem de tamanho, e cada poro de seu corpo se fechar. Todo o prazer que a loira o estava proporcionando pareceu sumir e, em questão de segundos, Alec sentiu a familiar sensação de ódio se espalhar como veneno em sua boca.

Pavlova.

Aquele nome tinha uma significado, um que dizia que as portas do inferno haviam sido abertas e que ele seria arrastado diretamente até elas logo mais.

— Querido? — A loira reclamou quando o vampiro rosnou e a empurrou bruscamente para trás, se desvencilhando e subindo as calças.

— Nós encerramos aqui — Declarou ele, lhe dando se costas e apanhando a capa preta do chão. — Agora saia.

A vampira levantou-se, ajeitando a saia e o corpete do vestido, evitando expressar todo o seu descontentamento com o tratamento que recebia. Ela conhecia a personalidade de Alec Volturi. Na verdade, todas as mulheres daquele castelo conheciam. Por isso, não tinha do que reclamar. Ele era frio e possuía modos rudes, e ainda assim elas o queriam.

A loira também. Limpando o canto da boca com os dedos, ela se limitou a lançar um último olhar  malicioso para o Volturi e deixar o quarto, assim como ele havia ordenado.

Quando se viu sozinho, Alec fechou os olhos e pensou em todos os motivos para que o clã russo estivesse em Volterra. Sua intuição o dizia que algo muito ruim tinha acontecido, embora desejasse que fosse o contrário.

Dez minutos depois, ele estava prestes a descobrir o motivo da tormenta. No instante em que os guardas abriram as portas do saguão do castelo, e ele se deu conta que havia sido o único convidado, os olhos dele a encontraram. Parada no centro, tão imóvel quanto uma estátua esculpida pelo melhor escultor do mundo, ela se virou lenta e graciosamente dentro de um vestido escarlate que se adequava perfeitamente as curvas do corpo, os cachos ruivos balançando em suas costas estreitas.

Os olhos vermelhos o confrontaram com o mesmo desgosto que os dele refletiam, e os traços delicados do rosto de porcelana contrastavam com o sorriso falso nos lábios avermelhados. Vermelho. Tudo nela era vermelho, da cor do fogo. E provavelmente do inferno.

POISON (TWILIGHT)Onde histórias criam vida. Descubra agora