O restante da viagem foi feito em um silêncio sepulcral e irritante após o incidente no aeroporto. Alec gostaria de ter deixado de lado o ocorrido, mas sua intuição lhe dizia que havia algo por trás do breve descontrole da Pavlova e de sua explosão inesperada.
Algo que ela não queria compartilhar.
Por isso, ele havia passado a última uma hora e meia a avaliando pelo retrovisor do carro até estacionar no gramado da mansão de vidro que se erguia imponente na beira da estrada. Quando terminou de subir os vidros das janelas, o vampiro olhou diretamente para a ruiva, os lábios comprimidos em uma linha fina e desagradada.
— Se continuar a me observar desse jeito, eu arranco seus olhos — Foi a primeira coisa que a Pavlova disse durante o trajeto do aeroporto até ali e, de uma maneira muito estranha, o Volturi ficou aliviado.
— Não é hora para egocentrismo, mas posso abrir uma exceção se você for sincera — replicou Alec, estreitando os olhos quando a ruiva revirou os dela. — O que você não está me contando?
Katerina balançou a cabeça, as longas mechas da cor do fogo se agitando ao redor do rosto angelical, embora os olhos revelassem o tormento infernal que ela era.
— Séculos depois e você ainda é um imbecil que acha que sabe de tudo, não é, Alecsandro?
— Do mesmo modo que você ainda é uma víbora traiçoeira, Katerina.
Ambos rosnaram, consternados. A Pavlova havia virado o corpo de frente para o banco do motorista e o Volturi havia virado o tronco de modo a confronta-la e tal movimento os deixara mais próximos que nunca, a apenas um roçar de corpos de distância.
E, enquanto sentia a crescente irritação por aquela mulher diante de si, Alec cometeu o deslize de permitir que seus olhos vagueassem pelo rosto dela até se fixarem nos lábios pintados de vermelho. Vermelho como sangue. Vermelho como os fios sedosos dela. Vermelho como o fogo que costumava consumi-los entre quatro paredes.
E, maldito fosse, Alec Volturi se deu conta que gostava muito daquela cor.
— Seja lá o que você esteja escondendo e tramando, se arruinar o plano e colocar meu clã em risco, você não vai mais precisar se esconder dos filhos da lua. Eu mesmo a matarei, Pavlova — A voz de Alec soou tão fria e cortante quanto o inverno da cidade do lado de fora e ele espantou para longe qualquer sensação nostálgica que pudesse ter começado a sentir naqueles breves segundos. Em seguida, a faísca de ódio que viu cintilar nos olhos da vampira o fez retomar o controle de seus sentimentos: — Fui claro?
Durante alguns segundos, Katerina apenas o fitou. Endiabrada. Prestes a atacar. Porém, pareceu recuperar o controle repentinamente. Os cantos de seus olhos se estreitaram e um sorriso de escárnio brotou em seus lábios enquanto ela erguia o queixo e soprava contra a face do Volturi:
— Como água, marido.
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POISON (TWILIGHT)
Fanfiction"Vermelhos. Os lábios dela eram vermelhos, da cor do pecado. Vermelhos como as chamas do inferno que dançavam no aguardo de todas as almas condenadas do mundo, incluindo a sua. Eram os lábios de uma predadora, convidativos o suficiente para ele pens...