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— Você tem certeza, irmão?

Alec paralisou com a mão na gravata. O reflexo no espelho lhe permitiu observar o exato momento em que as linhas de sua expressão enrijeceram e a forma como seus olhos se estreitaram. O mínimo pensamento, até mesmo aquele mais irrelevante que fosse sobre o assunto, o fazia querer destruir tudo ao seu alcance.

Porém, quando o Volturi se virou para a vampira loura que tinha os mesmos traços que os seus, o desejo sombrio se acentuou um pouco.

— Desde quando faço algo cujo não estou absolutamente certo, Janette? — retrucou, voltando a trabalhar na gravata, que parecia ter vida própria. — Maldita gravata!

Com um suspiro frustrado, a vampira balançou a cabeça e se aproximou, estapeando as mãos atrapalhadas do irmão.

— É Jane, seu idiota — O corrigiu enquanto fazia um nó na gravata perfeito. — E sua resposta não responde a minha pergunta.

— Deve ser porque você faz perguntas na mesma frequência que faz exigências.

— Ou então porque você não está seguro o suficiente com a porcaria do plano — Atirou ela, erguendo as sobrancelhas em deboche. Em seguida, retomou a expressão preocupada, deslizando as mãos para os ombros dele: — Isso tudo é loucura, Alec. Aquela mulher quase arruinou a sua existência e o fez sofrer por anos e agora volta querendo a sua ajuda? Ela fará de novo, você sabe disso e ainda assim está disposto a recebe-la de braços abertos? Você é um otário, irmão.

— É complicado, você sabe. Tem uma profecia...

— É, eu sei. Mas sejamos francos; nada nunca o fez dissuadir de suas opiniões ou vontades. Uma profecia não seria capaz, seria?

O Volturi ficou em silêncio, sob o olhar questionador da irmã gêmea, sentindo-se frustrado por não ter uma resposta a altura.

— Nós compartilhamos um útero, querido irmão. Não há nada que eu não saiba sobre você — Jane bufou e o fitou fixamente. — Seja lá o motivo pelo qual está fazendo isso, vá em frente. Estarei torcendo por você e irei apoia-lo em qualquer decisão, mesmo que seja uma que nos coloque contra o resto do mundo. Mas, estou avisando: se aquela vadia da Katerina ferrar com você, eu arranco a cabeça dela.

— Não tenho dúvidas — Alec sorriu minimamente, e Jane devolveu o gesto, o empurrando levemente.

Foi naquele momento que ele soube que estava fazendo a coisa certa pela pessoa certa, o que o motivou a não dar meia volta quando passasse pelas portas do castelo.

— A cerimônia já vai começar. Creio que você deva estar lá para isso acontecer — A voz melódica de Jane alcançou seus ouvidos, o tirando dos pensamentos. Quando ele a olhou, ela já estava caminhando em direção a porta do quarto, praguejando contra o vestido rubi que trajava: — Você vem?

O vampiro louro-acastanhado lançou um último olhar para o espelho na parede e alinhou o terno mais uma vez. Então, contrariado, caminhou até a irmã e segurou sua mão.

— Não há como se ausentar do próprio funeral, creio eu.

Jane riu e ele a acompanhou. Assim, os gêmeos rumaram em direção ao salão principal, caminhando pelos corredores vazios do castelo. A música clássica ecoava entre as paredes.

— Senhoras e senhores, que o show comece —A voz sarcástica de Jane ecoou pelos corredores antes deles pararem diante das pesadas portas de carvalho do Grande Salão.

Alec a lançou um olhar afiado e se concentrou no que aconteceria a seguir. As portas foram abertas pelos servos de patente inferior do castelo, e os gêmeos adentraram juntos o Grande Salão.

POISON (TWILIGHT)Onde histórias criam vida. Descubra agora