Capítulo VI

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Voltando a cavalo para casa, o conde atravessou o parque, mergulhado em pensamentos. Ouviu que o chamavam:

– Rake!

Virou-se e deu com um velho amigo.

– Olá, Henry! Há quanto tempo não o vejo!

– Estive em França – Henry Carlton respondeu.
– Foi cumprimentar Napoleão Bonaparte?

– Encontrei-o e ele é certamente um gênio. Não preciso de lhe dizer que está, cada vez construindo mais navios e suas fábricas de munições trabalham dia e noite.

– Foi o que me disseram.

– Bem, espero que grite bem alto contra isso, quando falar com aqueles Ministros surdos da Câmara... e preciso lhe contar mais uma coisa, Rake; Napoleão pretende se coroar Imperador.

O conde pareceu surpreso.

– Está falando sério?

– Se ele fizer isso, vai realizar as profecias dos astrólogos e mágicos que consulta há anos.

– Por Deus! Está me dizendo que Napoleão acredita neste tipo de bobagem?

– Acredita mesmo – Henry Carlton respondeu –, e também sua esposa, Josefina. Claro que cada previsão deles é sempre melhor do que a anterior.

– Não posso aceitar – o conde disse cinicamente –, que alguém tão astuto e genial como Bonaparte seja influenciado por truques.

– Faz parte da tradição francesa. Madame de Mantenon praticava magia negra para conseguir as atenções de Luís XIV e Catarina de Médici fazia uma porção de rituais... sacrifícios e missa negra sobre o corpo de uma virgem.

– Não gosto destas coisas! – o conde disse, com violência.

– Concordo, mas esteja preparado para, muito breve, encontrar Bonaparte entre as cabeças coroadas da Europa.

Separaram-se, quando chegaram a Stanhope Gate. O conde foi para casa, pensando no que o amigo lhe havia dito. Sabia que seria um choque para a maioria, no Parlamento, se Napoleão conseguisse a monarquia. Disse a si mesmo, que aquilo era algo que já deviam esperar de um homem que arrasava a Europa como um meteoro.

Logo depois do café, o major Musgrove, chegou com a correspondência, preparado para discutir diversos assuntos de negócios com o conde.

Eram quase onze horas, quando terminaram a reunião.

O conde assinou a última carta e disse:

– Preciso trocar de roupa. Prometi aparecer em Carlton House à noite.

– Desculpe por tê-lo retido tanto tempo, milorde.

– Acho que não perdemos tempo. Fizemos o que era necessário.

Ia a sair da biblioteca, quando o mordomo entrou, com uma carta sobre uma pequena bandeja de prata.

– O mensageiro acabou de chegar com isso, senhor. Veio do castelo.

Era de Nanny e parecia óbvio que havia rabiscado o bilhete às pressas. Nem de longe lembrava a letra bonita e bem-feita que ele tanto conhecia.

"Senhor:

Sinto-me obrigada a pedir que venha o mais depressa possível. Estão acontecendo coisas que não compreendo e acho que o senhor precisa vir.

Sua criada,

Nanny."

Leu com cuidado e disse ao mordomo, que esperava suas ordens!

– Avise ao mensageiro para voltar ao castelo. Não precisa levar resposta. Mande preparar minha carruagem e que Jason se apresente imediatamente!

01 - Sedução DiabólicaOnde histórias criam vida. Descubra agora