Voltando a cavalo para casa, o conde atravessou o parque, mergulhado em pensamentos. Ouviu que o chamavam:
– Rake!
Virou-se e deu com um velho amigo.
– Olá, Henry! Há quanto tempo não o vejo!
– Estive em França – Henry Carlton respondeu.
– Foi cumprimentar Napoleão Bonaparte?– Encontrei-o e ele é certamente um gênio. Não preciso de lhe dizer que está, cada vez construindo mais navios e suas fábricas de munições trabalham dia e noite.
– Foi o que me disseram.
– Bem, espero que grite bem alto contra isso, quando falar com aqueles Ministros surdos da Câmara... e preciso lhe contar mais uma coisa, Rake; Napoleão pretende se coroar Imperador.
O conde pareceu surpreso.
– Está falando sério?
– Se ele fizer isso, vai realizar as profecias dos astrólogos e mágicos que consulta há anos.
– Por Deus! Está me dizendo que Napoleão acredita neste tipo de bobagem?
– Acredita mesmo – Henry Carlton respondeu –, e também sua esposa, Josefina. Claro que cada previsão deles é sempre melhor do que a anterior.
– Não posso aceitar – o conde disse cinicamente –, que alguém tão astuto e genial como Bonaparte seja influenciado por truques.
– Faz parte da tradição francesa. Madame de Mantenon praticava magia negra para conseguir as atenções de Luís XIV e Catarina de Médici fazia uma porção de rituais... sacrifícios e missa negra sobre o corpo de uma virgem.
– Não gosto destas coisas! – o conde disse, com violência.
– Concordo, mas esteja preparado para, muito breve, encontrar Bonaparte entre as cabeças coroadas da Europa.
Separaram-se, quando chegaram a Stanhope Gate. O conde foi para casa, pensando no que o amigo lhe havia dito. Sabia que seria um choque para a maioria, no Parlamento, se Napoleão conseguisse a monarquia. Disse a si mesmo, que aquilo era algo que já deviam esperar de um homem que arrasava a Europa como um meteoro.
Logo depois do café, o major Musgrove, chegou com a correspondência, preparado para discutir diversos assuntos de negócios com o conde.
Eram quase onze horas, quando terminaram a reunião.
O conde assinou a última carta e disse:
– Preciso trocar de roupa. Prometi aparecer em Carlton House à noite.
– Desculpe por tê-lo retido tanto tempo, milorde.
– Acho que não perdemos tempo. Fizemos o que era necessário.
Ia a sair da biblioteca, quando o mordomo entrou, com uma carta sobre uma pequena bandeja de prata.
– O mensageiro acabou de chegar com isso, senhor. Veio do castelo.
Era de Nanny e parecia óbvio que havia rabiscado o bilhete às pressas. Nem de longe lembrava a letra bonita e bem-feita que ele tanto conhecia.
"Senhor:
Sinto-me obrigada a pedir que venha o mais depressa possível. Estão acontecendo coisas que não compreendo e acho que o senhor precisa vir.
Sua criada,
Nanny."
Leu com cuidado e disse ao mordomo, que esperava suas ordens!
– Avise ao mensageiro para voltar ao castelo. Não precisa levar resposta. Mande preparar minha carruagem e que Jason se apresente imediatamente!
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01 - Sedução Diabólica
Ficção HistóricaQuando lady Circe Langstone botava as garras num homem, era a ruína dele. Dizia-se até que a chama daqueles olhos verdes não era o fascínio do amor, mas o feitiço da magia negra. Dizia- se, também, que só um homem, em toda a corte, seria capaz de re...