Capítulo 4 - Fudeu!

80 12 23
                                    

Londres, 30 de julho

15:15 da tarde

Deu merda!

Acredite quando eu digo, deu merda!

No momento em que eu olhei para ele, e vi que era Marcelos, eu sabia que a historia iria começar toda de novo.

- Srta. Benson - cumprimentou, olhando direto para minha irmã

- Marcelos - sua voz saiu falha

- Eu... podemos conversar? - ele perguntou

Eu olhei para Hera, seu rosto transmitia a surpresa e o medo que ela estava sentindo.

Zeus, nos olhava sem saber o que estava acontecendo, e completamente perdido.

- Precisamos ir! - exclamei puxando Hera para dentro do carro - Obrigada, novamente por nos acompanhar Sr. Olimpos

- Espera! - Marcelos exclamou e olhou para mim - Eu preciso falar com ela!

- Talvez depois - falei firme - Mas agora não!

Entrei no carro e fechei a porta.

(...)

- Por que fez aquilo? - sabia que iria ter essa discussão no momento em que a puxei para dentro do carro

- Hera...

- Eu queria falar com ele. Não o vejo a meses!

- Mas ainda lembra o que aconteceu da ultima vez que o viu! - devolvi - Lembra perfeitamente de todas as ameaças que o papai fez se ele chegasse perto de você novamente?

Isso a abalou. Ela encostou no banco do carro, e eu vi uma lagrima rolar pelo seu rosto

- Hera, eu não vou controlar a sua vida, ou dizer o que você tem que fazer - a abracei - Não tenho esse direito, a vida é sua. Mas, eu acho que você precisa pensar; precisa de tempo, pra decidir se vai ou não se encontrar com ele.

- Eu tenho medo - soluçou - Eu ainda o amo, Hes! Mas eu tenho medo, medo do que o papai vai fazer se voltar a me encontrar com ele. As vezes, eu ainda acordo com pesadelos, lembrando do som dos tiros aquela noite

Fechei os olhos, eu também acordava com esses pesadelos, e não era nada bom.

- Vai dar tudo certo!

- Madames - o motorista chamou - Chegamos!

(...)

- Eu vou subir - Hera falou assim que chegamos na sala - Preciso de um tempo

Enquanto a loira subia a escada, minha mãe me lançou um olhar questionador

Hera geralmente passava um tempo aqui em baixo conversando com minha mãe sobre algum assunto do momento. Isso já era tão comum que o estranho seria ela não ficar aqui em baixo.

- O que aconteceu?

- Nada mãe - neguei tentando desviar do assunto

- Aconteceu algo sim! - afirmou - Mas eu vou esperar você ou ela me contarem por conta própria. Enfim, como foi o trabalho? 

- Foi até fácil -afirmei - Era sobre a entrada do Reino Unido na guerra contra os nazistas

- E sobre o Sr. Olimpos? - ela levantou uma sobrancelha

- Ah não, mãe - neguei - Absolutamente nada entre eu e Zeus. Eu não gosto dele. Além disso, conheço ele desde a escola, e sei exatamente como ele é!

- Como ele é? - ela perguntou confusa

- Sim! Por que acha que Hera inventou aquele apelido para ele?

- Que apelido?

- Kenga - informei tentando ao máximo não cair na gargalhada

- Deus! - minha mãe poderia estar chocada, mas era visível que ela se segurava para não rir

- Mamãe, entenda, ninguém daquela família presta - eu ri - O relacionamento de Hades e Perséfone não tem traições porque a  relação é mais... apimentada; e também porque ele é louco por ela!

- Mas Poseidon é casado, a cinco meses se eu não me engano!

- Mãe, sabe que é raro existir algum casamento atualmente livre de traições - argumentei - Você e papai se casaram por amor, por isso não há traições, vocês se amam! Mas a maioria dos casamentos é feito por acordos, como por exemplo o de... 

- Meter - ela completou tristemente

Minha mãe nunca foi a favor do casamento de Deméter, ela queria que suas filhas se casassem por amor, assim como ela mesma. Mas meu pai fez aquele acordo. Eles ficaram brigados por quase 6 meses, desde o anuncio até o casamento.

- Mãe... - chamei, fazendo ela erguer o olhar para mim - O motivo de Hera estar assim é...

- É... - me incentivou

- Marcelos voltou da guerra, e nós acabamos encontrando ele na rua - informei tentando ao máximo não perder a voz

- ELE VOLTOU?

Fudeu!

Nos viramos assustadas, para dar de cara com meu pai, com uma cara nada feliz.

- Pai... - tentei falar

- ELE VOLTOU DA GUERRA, HÉSTIA? - perguntou mais uma vez

- Richard! - minha mãe falou em aviso

- Não, Mylenna! - negou abaixando o tom de voz, ele nunca gritaria com ela - Eu quero saber! Ele voltou ou não? - virou novamente em minha direção

- Voltou... - minha voz saiu em um sussurro, e eu abaixei minha cabeça olhando para meus sapatos

No momento em que ergui minha cabeça novamente, eu o vi sair em direção a porta.

- Pai! PAI! - chamei indo atrás dele - O que vai fazer? - parei na sua frente

- Vou resolver isso!

- Resolver o que?! - perguntei exasperada

- Sua irmã não ira voltar a namora com esse homem! - afirmou

- E o que pretende fazer?

- Infelizmente, não irei mata-lo! - afirmou fazendo ao menos um pouco do meu desespero sumir - Mas ele não vai ficar com sua irmã novamente

E com essas palavras ele simplesmente passou por mim e entrou no carro, me deixando completamente perdida, e sem saber o que fazer.

1940Onde histórias criam vida. Descubra agora