Em poucos minutos, após fechar os olhos, Wei WuXian novamente os abriu. Algo estava diferente no local de encontro. Um cheiro estranho de coisa queimada, de folhas queimando, se fez presente.
O rapaz olhou em volta, mas não encontrou sinal de incêndio ou caeira na casa de algum vizinho. Por breves segundos até chegou a pensar que o calor havia provocado uma queimada no terreno, porque o valor subia absurdamente quente.
Estranhando não se lembrar de nada antes de fechar os olhos, Wei WuXian pensou que já estava lá plantando desde cedo e que Lan WangJi estava drasticamente atrasado para o encontro.
Céus! Estava morrendo de saudades de seu amigo, dos abraços carinhosos e beijos sedentos. O coitado estava há quase um mês sem ter um tempinho com WangJi; isso porque QiRen não colaborava com o namorico do sobrinho com a peste Wei WuXian.
Sempre que saía de casa para ir à igreja, Lan QiRen passava o portão da casa no cadeado e levava a chave, deixando os dois sobrinhos, XiChen e WangJi, presos dentro de casa. Os dois meninos pareciam uns bichinhos dentro de uma gaiola. Ficavam na grade do portão olhando para a rua com cara de assombração.
Wei WuXian já estava começando a pensar que novamente QiRen foi para a igreja e trancou WangJi dentro de casa. Se fosse isso, jurava que iria tirar satisfações com o velho, porque não aguentava mais tanto impedimento no relacionamento deles.
E, sempre que conseguiam marcar um encontro, era às escondidas dentro de algum lugar velho e quando QiRen estava dormindo. WangJi saía de fininho com a ajuda de seu irmão, que acoitava a sem-vergonhice, para não acordar seu tio e ficar de castigo na brasa ou receber uma dúzia de lapada na palmatória.
Wei WuXian achava-se mais que preocupado com seu amado, pois não sabia onde ele estava ou se estava bem.
Pensamento negativos já invadiam a cabeça do jovem apaixonado. Estava com saudades demais a ponto de começar a se desesperar com a ausência de WangJi.
Levantou-se num sobressalto quando olhou para o céu e percebeu que estava escurecendo. — Meu Deus, cadê WangJi? — sussurrou olhando em volta.
Não admitiria em voz alta, mas estava começando a ficar com medo de estar sozinho em um terreno baldio no entardecer, e o pensamento de ser abandonado por sua paixão começava a irritar-lhe inconscientemente.
Escutou alguns sons vindos de um lado do terreno, achou que seria WangJi, mas nada aconteceu; era apenas uma movimentação estranha das folhas.
O pobre rapaz suspirou cansado e cheio de saudades. Virou-se novamente e deu com o arbusto cheio de flores vermelhas de outrora. Em meio a toda aquela escuridão, as flores brilhavam; e por um breve momento lembrou-se da canção trovadoresca de seu professor Lan QiRen.
Dando-se conta de que estava realmente sozinho no cair da noite, Wei WuXian, aflito sem respostas de Lan WangJi, voltou-se para às flores vermelhas. — Ai flores, ai flores… — ia começando a canção quando sua consciência interrompeu-lhe para dizer — Meu Deus, que ridículo…
Suspirou encarando o arbusto. — Calma, WuXian, tu tá sozinho aqui mesmo… ninguém vai ver essa vergonha.
Sentindo o coração apertar ainda mais, aproximou-se das flores e trouxe um ramo para perto de suas narinas. Com a voz devidamente afinada, começou a cantoria:
— Ai flores, ai flores do verde pinho…; se sabes de novas do meu amigo? Ai Deus, e u é?
Se QiRen escutasse aquilo certamente morreria. "Se sabes de novas" não fazia parte da letra que o professor tentara encucar na cabeça oca dos alunos, deveria ser "se sabedes novas". Pelo menos Wei WuXian estava se soltando na mata e apreciando seu momento de artista.
— Se sabes de novas do meu amigo…; aquele que mentiu e se foi comigo… ai Deus, e u é?
WuXian não se importava de estar cantando a letra toda errada, só queria expressar seus sentimentos de saudades, paixão e, quem sabe, um pouco de indignação por estar levando um fora.
Deu uma giradinha, quase tropeçando numa raiz velha, e se abraçou ao arbusto. — Se sabes de novas do meu amado? Aquele que mentiu sobre o pato assado… ai Deus e u é?
Fingiu enxugar uma lágrima, já estava se afastando do arbusto quando escutou algo inacreditável sair dali. — Vós me perguntaste pelo vosso amigo…; eu bem vos digo que virou cano.
Wei WuXian assustou-se com o aquilo que escutou do arbusto. Era isso mesmo? As flores haviam respondido às suas indagações? Céus! O coração bateu tão forte que quase ficou surdo pelas próprias palpitações.
Mas ainda mantinha-se preocupado com Lan WangJi; como assim havia virado cano?
— Ai Deus, e u é? — voltou a perguntar com voz dramática.
As flores do verde pino tornaram responder: — Vós me perguntaste pelo vosso amado…; e eu bem vos digo que é cano vivo.
O pobre rapaz não estava entendendo aquela história de cano. Lan WangJi teria se transformado misteriosamente em um cano, e por esse motivo faltara ao encontro deles?
Desesperado, perguntou mais uma vez às flores vermelhas: — Ai Deus, e u é?
Imediatamente escutou o arbusto responder com aquela voz estranha, arranhada como uma taquara rachada. — E eu bem vos digo que el virou pano…; e será vasco antes do prazo saído.
Wei WuXian não sabia mais de nada. Agora WangJi já era um pano e seria vascaíno quando desse o prazo? E que prazo era esse? Ele não conseguia entender absolutamente nada do que aquelas flores queriam dizer.
De desesperado, Wei WuXian passou para impaciente. — Ai Deus, e u é?
QiRen jamais poderia imaginar que seus alunos fossem aproveitar tão bem uma aula sua, pelo menos uma aula que eles nem prestaram atenção.
Detrás do arbusto, Xue Yang ria sem fazer barulho algum, somente cobria a boca com suas mãos para não cair na gargalhada. Para WuXian acreditar que um arbusto estava falando com ele, só poderia estar muito xilado mesmo, pensou.
E foi quando avistou, de longe, uns traficantes traficando no mato. Alí estava a resposta!
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Ai Flores do Verde Pino - Mo Dao Zu Shi
FanfictionWei WuXian estava a prestar atenção na aula quando um papel perfeitamente dobrado repousou sobre sua carteira isenta de livros. Seus olhos arregalaram-se inicialmente, logo virou a cabeça encontrando Lan WangJi com cara de paisagem. Ao retornar par...