A Torre

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"Quando a carta A Torre sai em uma leitura de Tarot, ela indica que uma mudança importante e radical irá acontecer na sua vida. Inicialmente, essa mudança lhe parecerá algo ruim, assustador e estressante.
No entanto, ela é necessária para te sacudir e fazer você enxergar melhor o que se passa para colocar sua vida no caminho certo."

7 anos depois.

Remus Lupin nunca saiu da universidade. De estudante, tornara-se pesquisador e de pesquisador acabou se tornando professor. Não era bem a vida que ele idealizara quando era mais novo, mas estava muito satisfeito com as suas escolhas.

Morava em um apartamento a poucas quadras dos prédios universitários, ganhava um salário bastante generoso e acabou saindo do sedentarismo graças a um problema que adquirira na coluna por passar tantas horas curvado sobre os livros. Fizera doutorado, PhDs e conquistou muitos prêmios na área acadêmica, alcançara o sucesso como Tonks havia previsto anos atrás.

Sobre ela, ele não a esqueceu, parou de procurar, mas não de recordar. Era irônica a forma como o gloss de cereja ainda estava forte no seu paladar, como ainda conseguia se lembrar das suas roupas extravagantes ou do sorriso que sempre enfeitava o seu belo rosto. A saudade fora minimizada com o tempo, isso era um fato, mas a lembrança sempre estaria viva no coração de Remus.

O que era estranho, ele sempre pensava, fora apenas uma noite, não conhecia nada sobre ela e vice-versa, como pôde se apaixonar tão rápido? "Adrenalina e noradrenalina", ele dissera na tenda há 7 anos, mas aquilo era muito mais forte do que simplesmente dois componentes químicos no cérebro.

A sua psicanalista o dissera que aquele sentimento relâmpago era apenas um reflexo da sua infância conturbada, mas ele, pela primeira vez em toda a sua vida, não acreditou na ciência tão exata. Se aquilo era carência familiar, por que não passava? Seus sentimentos ainda estavam vivos como há 7 anos atrás.

Suspirou completamente sem foco, bebericou o seu café amargo e correu os olhos pela cafeteria procurando uma válvula de escape para distrair o seu cérebro perturbado. Sua distração chegou na figura de um garotinho pequeno usando roupas muito formais para uma criança tão nova e com os cabelos azuis-turquesas.

O menino era no mínimo intrigante na opinião de Remus. Além de usar uma gravata com blusa e calças formais, ele carregava um pequeno caderno em uma das mãos e na outra carregava o jornal estadual. Até onde Remus sabia, crianças não liam jornais.

O menino se aproximou do balcão, ficou na ponta dos pés, realizou o seu pedido, pegou a bebida que pedira e se sentou na mesa em frente a mesa do Lupin. O que ele estava fazendo sozinho?

O garoto dos cabelos azuis abriu o pequeno caderno e imergiu no conteúdo dele apagando o mundo inteiro ao seu redor. Curioso, Remus se levantou e fingiu jogar algo na lixeira aproveitando para passar os olhos nas anotações da criança.

Para a surpresa do Lupin, o garoto não estava desenhando coisas infantis tampouco escrevendo uma redação sobre suas férias, ele estava calculando formas geométricas e rapidamente Remus identificou como sendo cálculos de geometria euclidiana. Ensinavam aquilo nas escolas?

Remus passou um tempo parado observando com fascínio os cálculos do garoto. Ele parecia saber exatamente o que estava fazendo, estava focado e determinado a resolver aquela matemática avançada.

— Eu posso ajudar o senhor em alguma coisa? — o menino perguntou e Remus se surpreendeu por achar que ele sequer havia notado a sua presença.

— É geometria euclidiana? — apontou para o caderno.

— Sim, o senhor conhece?

— Eu ensino isso aos meus alunos — além de inteligente, ele era um garoto extremamente educado, mas algo ainda o incomodava: por que ele estava sozinho? — Onde aprendeu?

Love and MysticismOnde histórias criam vida. Descubra agora