Durante dois meses / Parte 1 - Remus Lupin

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Uma nova casa, não haveria tempo para desfazer caixas e bagagens, era apenas mais um ponto de parada antes de uma nova mudança, mais de cinco meses com Remus sumindo uma vez durante o mês era muito arriscado. Hogwarts apenas o abrigava durante o ano letivo, então durante o verão de 1977 o jovem Remus estava em casa, ajudando os pais com a nova mudança.

O calor da última semana do mês de Junho fazia com que os braços do jovem praticamente pingassem com o suor, culpa do sol e do esforço. Mas estava indo tudo bem, era uma vizinhança com predominância de idosos, ninguém notaria o sumiço de Remus durante as noites de lua cheia. Talvez ali fosse um começo de um lar real e "seguro", não que ele se sentisse seguro de qualquer forma.

-Precisam de ajuda? -Uma voz chamou a atenção da família Lupin. -Não parece que são tão pesadas. -Sorriu a jovem ao se aproximar, com um senhor que parecia ter em algum momento de sua vida servindo ao exército.

-Estamos bem, obrigado! -O patriarca da família sorriu um pouco irritado.

-Que isso, bobagem, ajuda nunca é demais! -O velho se aproximou pegando uma caixa que julgou ser leve. -Bons vizinhos se ajudam! Não é Kiki?

-Se ele falou está falado. -A garota piscou para Remus e sorriu. Remus corou e virou o rosto para uma caixa.

Ele não estava acostumado a ter atenção feminina, não que ele não fosse bonito, muito pelo contrário, ele era muito bonito para jovens de sua idade, além de hábitos agradáveis, mas sempre foi tímido o suficiente para não ter tanto contato com garotas.

Algumas caixas faltavam quando os mais velhos ficaram dentro da casa. Hope Lupin gostava de ver seu filho tendo uma experiência comum adolescente em sua vida. Ela ofereceu chá gelado para seu avô, que aceitou de bom grado sentar-se em uma das cadeiras espalhadas na cozinha. Ela sussurrou para Lyall que deixasse Remus e a jovem garota sozinhos carregando o que faltava. Relutante, ele atendeu o pedido da esposa.

-Sabe, sou S/N, não Kiki como meu avô me chamou antes. -Ele a olhou e sorriu. -Ele só me chama assim por que amo a voz dela, um dia serei famosa e cantarei com ela, isso se eu não enlouquecer meu avô antes de tanto escutar as músicas dela. -Remus apenas conseguiu rir da velocidade com que as palavras saiam da boca da garota.

-Sou Remus, apenas um pobre estudante. -Ele sorriu. Algo na garota o deixou confortável. -Acho que nunca cheguei a ouvir as músicas trouxas direito... -Remus parou no meio da frase, como ele podia ter deixado aquele termo escapar?

-Trouxa? -A garota puxou a calça pantalona de uma das caixas que a prendiam no chão, caixas empilhadas sem notar o espaço a prenderam. -É uma nova gíria? Vocês britânicos não deixam de me surpreender. -Ela ignorou totalmente o que preocupava Remus sorrindo para ele. -Poderia? -Disse apontando para as caixas enquanto puxava a perna.

-Claro. -Ele se aproximou levantando algumas caixas de cima a ajudando. -Bem que notei um leve sotaque, de onde é?

-Um país adorável e tropical. É na américa, o continente, não o país. -Batendo nas pernas para afastar a poeira ela se ajeitou jogando o cabelo para trás.

-É comum confundir o país com o continente? -Ele encostou na parede se apoiando para descer e sentar na varanda.

-Você ficaria surpreso com quantos estadunidenses se ofende com fatos. -Com as pernas cruzadas ela se sentou em frente dele.

-Quase explicar a diferença entre o Reino Unido e Inglaterra? -Com um sorriso mútuo eles ficaram em um silêncio confortável.

O tempo parecia colaborar com os jovens, mandando uma brisa revigorante para esfriar seus corpos.

-Se quiser, pode ir a minha casa escutar música, qualquer dia, as férias ficam um pouco entediantes por aqui. -Ela se aproximou dele, o suficiente para tocar os joelhos.

-Eu adoraria. -Ele sorriu. -Se quiser amanhã estou livre! -Ele percebeu que parecia um pouco desesperado e corou virando o rosto. -Claro, se não for incomodar.

-Que isso, vai ser legal, gosto de companhia. Meu avô já cansou de tentar me ensinar o valor do silêncio. -Com a mão estendida ela esperou ele segurar pacientemente. -Vou te mostrar o melhor que os anos 70 proporcionaram. -Lupin segurou a mão dela e eles se cumprimentaram. -Foi um prazer Remus!

Com um empurrão bem dado ela se levantou. Alguns segundos foram o suficiente para o avô da jovem sair pela porta a chamando para irem para casa.

-Venho te buscar amanhã de tarde! Aliás, achei suas cicatrizes maneiras! Seja lá o que rolou, te deixam um charme! -Com o rosto ganhando uma cor rosada ela se virou seguindo o avô pela rua.

Remus então notou que ela não parecia incomodada com suas cicatrizes e sorriu levemente, mas logo dando espaço para o medo de a machucar ou dela o rejeitar.

-Espirituosa não? -Hope apareceu na varanda. -O sotaque deles é engraçado. Definitivamente não são britânicos.

-Acha que tudo bem eu a ver amanhã pai? -Remus se virou para seu pai que levava uma expressão de desconfiança.

-Não vejo mal que os veja durante o dia. -Ele sorriu para o filho tentando parecer calmo. Ele estava apavorado pelo filho, mas não poderia o deixar assustado com o mundo para sempre não é? Ele carregaria as preocupações pelo filho o quanto ele pudesse.

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