1º CAPÍTULO

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USA, Los Angeles - 17h30 pm.

"De volta ao lar, a infância e o medo do passado ainda presente.
Lar, doce, lar."

Foram horas até adentrar a antiga vizinhança onde passei maior parte da minha infância, Freeidge continuava a mesma, quieta por um tempo mas poderia se tornar uma verdadeira bagunça a qualquer momento e eu não sabia se estava preparada pra enfrent...

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Foram horas até adentrar a antiga vizinhança onde passei maior parte da minha infância, Freeidge continuava a mesma, quieta por um tempo mas poderia se tornar uma verdadeira bagunça a qualquer momento e eu não sabia se estava preparada pra enfrentar meu passado.

Parada em frente a casa da minha abuelita Ana desço do carro encarando a simplicidade e reconfortante lar que passei boa parte de minha vida. O jardim repleto de flores e algumas frutas continuava vivo e alegre, respiro fundo pelo momento ao me recordar de quando eu regava as plantas com Alejandro, meu abuelito e o bile sobe a minha garganta. Balanço minha cabeça assim que escuto a porta se abrindo e a mulher de cabelos grisalhos aparecer a minha frente.

"Abuelita!" exclamo a mesma me envolvendo em seus braços sentindo o cheiro de avelã com flores, aperto meus braços ao seu redor segurando as lágrimas.

"Venha minha linda, deve está com fome."
Diz me empurrando para dentro da casa, os quadros espalhados e a tv led sobre o hack pequeno, o sofá velho a frente com a mesma decoração de anos atrás. Engulo em seco por não senti a presença do mesmo e mordo meu lábio inferior caminhando até a cozinha junto a abuelita.

"Estava com saudades de cozinhar então preparei tudo que adorava quando era menor"

Ela diz e observo a mesa repleta de comida, bolo de chocolate, tacos e até mesmo cerveja. Balanço minha cabeça soltando um sorriso sorrateiro e olhando para a ela com as sobrancelhas erguidas.

"Eu gostava de cerveja quando era menor?" Ela ri e se junta a mim erguendo sua garrafa para que pudéssemos brindar. Estar longe de casa não me fez esquecer o passado e jamais deixaria de ser grata por tudo que essa mulher fez a mim, junto ao seu amado.

Que agora fica apenas em nossas recordações.

Já passava das 18:00 pm e havia trocado poucas palavras com meu pai apenas para avisar que estava viva e bem, já que ele teve que voltar ao trabalho. Meu quarto continua o mesmo de antes a cama king encostada a parede, o closet velho e desgastado junto ao mural de fotografias repleto de lembranças ao lado da cama com fronha de flores. Eu nem havia desfeito as malas ainda.

Minha cabeça estava pesada por conta da viagem, respirei fundo procurando aspirinas em minha bolsa bagunçada e quando encontro a cartela sorrio. Existem vários fatos que me fazem pensar demais por estar de volta em Freeidge, mesmo meu avô sendo o mais importante. Passei boa parte da minha vida aqui e vi muita coisa acontecer em um bairro perigoso como esse e só quem vive aqui sabe como é odiar e amar este lugar na mesma proporção. Deixei minha faculdade no passado, trancada junto a minha vida antiga, com ela meu pai, e esse é outro item da lista que não sei como lidar.

Respiro fundo pegando a toalha e caminhando até o banheiro, eu precisava esfriar minha cabeça.

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Estava em frente ao espelho analisando o vestido preto justo em meu corpo junto ao all star preto, sorrio quando vejo abuelita adentrar o espaço pequeno enquanto colocava uma argola em minhas orelhas.

"Você sabe que Freeidge não mudou nada, certo?"

Encaro seu reflexo no espelho enquanto guardo o gloss sobre a mesinha pequena e caminho até a mesma.

"Preciso vê Charlie, eu cheguei e não avisei para ele mesmo passando o dia trocando mensagens com ele depois de um tempo" ela balança sua cabeça, preocupada e eu dou risada. "Abuelita! Você sabe que sempre vou voltar, certo?"

"Eu espero que sempre volte" ela diz entre suspiros abraço a mesma logo lhe beijando na bochecha a tempo de vê sua feição de nojo pelo gloss pegajoso.

"Como estou?" Pergunto a mesma amassando os cachos ondulados pelo babyliss e ela sorri.

"Linda, como sempre!"

Sorrio feliz pelo elogio e respiro fundo. Charlie sempre foi meu melhor amigo mas depois que fui embora perdermos o contato, as vezes trocávamos algumas mensagens mas nada frequente como na adolescência. Ele nem imagina que estou aqui e mal posso esperar para vê sua cara de surpreso quando eu o encontrar. Estava descendo as escadas a caminho e começo a procurar a chave do meu carro.

"Abuelita, Charlie ainda trabalha na lanchonete?"

"E ele tem outra escolha mi hija?" Ela diz, parando em minha frente enquanto balançava as chaves do meu carro entre seus dedos, a olho com alívio claro no rosto.

"Abuelita!" Exclamo quando a mesma desvia a chave da minha visão.

"Sem álcool, nada de chegar tarde e ..." ergo uma sobrancelha dando risada daquela conversa, eu não tinha mais 16 anos e quando tinha não dirigia carros.
"Apenas cuidado Cassie."

Respiro fundo pegando minha chave de sua mão e lhe dando um beijo na testa branca.

"Eu vou, te quiero muchísimo!"

Escuto a mesma dizer de volta antes de fechar a porta e sai até meu carro, quanto antes eu saísse mais chances teria de vê Charlie hoje. Estava animada e sentia borboletas em meu estômago, ansiosa e nostálgica por estar aqui novamente. Eu tinha medo do meu passado mas não poderia deixar de me sentir livre aqui e deixar lembranças boas invadir cada pensamento meu.

Era sexta-feira à noite e as ruas estavam com pouco movimento, nada além de alguns carros e adolescentes com garrafas em mãos enquanto cambaleavam pelas calçadas, amava o tempo em Los Angeles e tudo que esse lugar proporcionava. Quando paro em frente a "La Pérez" lanchonete da família Pérez sorrio enquanto arrumo meu cabelo, fecho o pequeno espelho no teto do carro e saio a caminho para adentrar a mesma. É simplesmente incrível como nada parece ter mudado. Tudo parece o mesmo e nostálgico como se estivesse voltado no tempo e com 16 anos outra vez, uma adolescente que apenas queria sair viva e conquistar um futuro brilhante aos 18, tenho 21 e sou uma decepção para meu eu do passado.

"Cassie?" Me desperto do meu momento de recordações quando vejo a garota a minha frente sem acreditar que fosse ela.

"Jasmine?" Retorno a indignação, "Puta que pariu garota! Você esta tão grande que está me fazendo se senti velha agora."

Ela balança sua cabeça sugando sua bombinha de ar enquanto grita por Charlie me olhando com deboche e sou obrigada a segurar o riso, velhos hábitos nunca mudam.

"Cassie?"

"Eu me fiz a mesma pergunta viado!"
Jasmine retruca a surpresa do primo e dessa vez não consigo segurar o riso enquanto abraço meu melhor amigo, estava com saudades disso. Saudades de casa.

"Eu cheguei hoje e queria fazer surpresa" Digo, Charlie era o mesmo só que agora estava bem mais alto que o habitual e com músculos.

"Nós temos que comemorar sua chegada, tenho tanta coisa para te contar e você precisa estar atualizada de todas as fofocas pendentes durante esses anos!"

Dou risada balançando minha cabeça enquanto ele me arrasta para uma mesa e Jasmine nos segue ainda com ar de deboche prestando atenção em cada movimento nosso. Ela sempre foi alegre e expressiva demais, nem posso imaginar como está sendo essa garota na adolescência.

"Chama ela para festa hoje!" Diz ela animada, olho confusa para Charlie.

"Que festa?"

"Na casa dos Santos garota, bebidas, armas e muito homem gostoso!"

Arregalo meus olhos surpresa com as expressões de Jasmine e indignada com o convite de Charlie.

Los Santos agora é zona permitida?

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