Capítulo 06

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4 horas antes

A garota estava sentada no sofá de sua sala, lendo distraidamente alguns papéis sob a luz amarelada de um pequeno abajur, quando o som desnecessariamente alto e inconveniente de seu celular lhe atrapalhou. Segurando o aparelho por alguns segundos em suas mãos, seus olhos logo se arregalaram sob as lentes de seus óculos. Ela estava pasma e intrigada sobre a chamada, já que era a primeira vez que seu amigo lhe contatava.

Após o choque inicial, a Beta rapidamente atendeu ao celular, movimentando-o para posiciona-lo entre sua orelha e seu ombro, enquanto se levantava para andar em direção à cozinha desorganizada. 

"Levi!~", chamou, animada. "É um prazer finalmente receber um oi!".

A linha permaneceu em silêncio por um tempo, mas a garota não se incomodou, pois estava acostumada com a quietude do garoto. Entretanto, o que ouviu a seguir lhe surpreendeu.

"Uh...", a voz suave e insegura de Eren alcançou seus ouvidos, e ela parou por um momento, sem ter certeza de que havia escutado corretamente. "Estou falando com... a Hange?..."

A Beta piscou os olhos algumas vezes, encarando um ponto fixo em sua parede manchada por alguma substância ilícita, com uma feição boba. "O garoto dos olhos bonitos!~", finalmente respondeu, em um tom alegre e animado. "A que devo essa surpresa?! - Não! Pera, deixa eu adivinhar...", seu rosto se contorceu em um sorriso malicioso, enquanto seus olhos estavam semicerrados, "Você e o Ravioli tiveram uma baita de uma reconciliação! Hehehe~".

A linha permaneceu em silêncio por alguns segundos, e a jovem pôde ouvir o mais novo suspirar pesadamente antes de responder em um tom cansado.

"Uh... Você poderia vir pra casa do Levi?... Ele precisa de alguém com quem esteja confortável, no momento."


Presente

"O que cê tá fazendo aqui?...", Levi indagou, ofegante.

"Oh!~", Hange riu, achando a situação extremamente curiosa. "Seu Alfa me ligou... Ele estava bem preocupado com você, viu?".

Assim que as palavras deixaram a boca da Beta, o rosto de Eren empalideceu, enquanto o de Levi se contorcia com algo entre irritação e ódio. O Alfa sentiu o coração pular algumas batidas ao ver o punho do Ômega se fechar rapidamente, e ele tinha certeza de que não era por paixão.

"Olha, você devia ter visto!", a garota continuou, ignorante ao clima tenso à sua volta. "Eren ignorou completamente os próprios ferimentos e foi correndo na farmácia comprar uns analgésicos ai pra você... Ah! Como o amor é lindo~".

"Amor? Há!", o garoto de cabelos negros bufou, com um riso seco e sem humor, levantando seu punho na altura do nariz. "Quanto eu conseguir me levantar eu vou mostrar pra ele o que é amor!".

O mais jovem estremeceu, mas permaneceu no lugar, decidido de que não iria escapar dos problemas que havia criado sozinho. Fechou os olhos verdes apagados, manchados de hematomas escuros e nada saudáveis, pensando: 'Mas de todos os Ômegas com quem eu poderia ter fodido, por que justo esse?!'

"Ora, não seja assim...", a menina interviu, subitamente tomando uma expressão séria, que lhe tornava 10 anos mais velha. "Você já é um adulto, Levi. Eren ainda é jovem... Sim! Ele merece ser punido pelo que fez, mas... Você não vai ser o que vai perpetuar isso, até porque você não pode."

Mesmo recebendo olhares ameaçadores do amigo, que poderiam fazer centenas se ajoelharem, ela continuou, constatando o que o Ômega tentava profundamente negar. "Como o laço foi unilateral, biologicamente você não deveria ser capaz de ferir seu Alfa, mas... Bom, ignorando essa parte. Levi, você sabe que sem a aprovação do Alfa que te marcou, e dos feromônios dele, você não vai durar muito tempo."

Um silêncio ensurdecedor caiu sob o pequeno apartamento, e Eren de repente começou a se sentir claustrofóbico, o que tornou a situação ainda mais desconfortável. Ele sabia que nada disso teria acontecido se ele não tivesse tido o impulso de seguir o outro até sua casa, mas nada lhe adiantaria ficar chorando sobre o leite já derramado.

A mordida de um Alfa surtia o mesmo efeito que uma droga, no corpo dos Ômegas, e causava algo similar ao vício. Ômegas que foram mordidos por um Alfa sentem a necessidade de marcá-los de volta e precisam da constante presença dos feromônios do seu parceiro. Caso isso não seja possível, sintomas de abstinência se fariam presentes, variando desde náuseas e dores de cabeça até, em casos mais graves, o óbito.

Eren sentiu calafrios subir em sua espinha apenas em pensar de ser a causa de morte de um Ômega inocente que havia tido o azar de cruzar consigo. "Levi.", chamou, incerto, e ao perceber que não receberia uma resposta continuou. "Você não precisa falar, nem olhar pra mim... Mas eu vou vir te ver pelo menos algumas vezes por semana pra... ah- você sabe", terminou a frase subitamente, sentindo-se estranhamente envergonhado.

Hange olhava de um para o outro, inquieta em seu acento, mas mantendo-se em silêncio para não atrapalhar o desenrolar dos problemas entre os dois jovens. 

"Vai se foder", foi tudo o que o garoto de cabelos negros respondeu, antes de desaparecer sob as cobertas finas de sua cama.


--X--


Eren andava em passos curtos e lentos, sob a luz da lua, nas ruas escuras da cidade. Seus olhos verdes estavam fixados nos próprios pés, enquanto sentia a dor aguda, e o sangue pingar, de seu nariz quebrado. Suas mãos cerradas estavam escondidas em seus bolsos, e seu rosto estava sendo coberto por um capuz.

Em sua cabeça, mil possibilidades se passavam, sobre como explicar para Mikasa que havia dormido com um nariz perfeitamente em lugar e acordado com um partido ao meio. Dentre todos os cenários que havia imaginado, o mais absurdo não chegaria nem perto da verdade: "Ontem eu escapei para a casa do Ômega que eu marquei, e levei uma surra!".  Com certeza, caso dissesse isso, não seria apenas o seu nariz que estaria quebrado, mas também sua dignidade... e algumas costelas.

Sacudiu a cabeça, lançando o olhar para a janela levemente aberta de seu quarto, antes de pular para dentro, fechando completamente as cortinas. O garoto estava exausto, sonhando em deitar-se em sua cama macia e-

"Eren.", um calafrio subiu sua espinha quando encontrou uma jovem de cabelos negros familiares sentada em sua cama, com um olhar severo. "Onde você estava?".


--X--


Ugh! Tô meio enferrujada, mas daqui pro próximo capítulo eu pego o jeito de novo. 

Foi meio curto mas espero que tenham gostado, e mesmo se acharam meio meh, obrigada por lerem :D Até a próxima :)

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⏰ Última atualização: Nov 30, 2021 ⏰

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