Faço uma escolha definitiva

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Quando toquei, não foquei em quem estava na platéia, só mantive a minha atenção no instrumento e em demonstrar sentimentos com ele, fazer com que cada um daquele salão sentisse cada nota.

  E de fato consegui, mais ninguém tinha sentimentos diferentes do que a beleza melancólica da música. Até demorou que acordassem desse transe e me aplaudiram como se a vida deles dependesse disso.

  Agradeci os aplausos enquanto saia do palco com um sorriso enorme. Eu não quis mudar a roupa, então só fui em direção a Soobin - que estava com uma expressão bem chocada de uma forma boa - e a sua mãe - que parecia o próprio sol de tão radiante.

  - Eu queria poder te alugar por mais tempo, mas tem alguém aqui que veio especialmente por você - MinHee avisou, segurando a minha mão e sinto a sua incerteza.

  Sei exatamente de quem ela tá falando.

  - Eu já vou lá, só queria abraçar vocês antes. Obrigado por ter me chamado pra tocar aqui. Espero que me chame outras vezes, garanto que sei tocar uma boa quantidade de instrumentos e canto bem - me ofereço com humor.

  - Não te escutei cantando ainda - Soobin diz.

  - Vou cantar pra você dormir hoje - faço um carinho de leve no seu rosto, fazendo Soobin fechar os olhos momentaneamente e dar aquele sorriso pequeno e um pouco sonhador. - Já volto. Vou falar com a minha mãe.

  Aviso, deixando um beijo no rosto do meu namorado antes de me virar pra onde Psique tá. Não preciso de muito pra saber já que a sua energia é bem distinta da dos outros mortais ali.

  Ao mesmo tempo que Psique sempre parece bem minimalista, ela passa a sensação de ser acima de todos, mas de uma forma que faz com que todos queiram se aproximar. Enquanto os outros deuses parecem só inalcançáveis e pode até deixar um mortal ansioso na sua presença, Psique faz com que mortais pareçam só gravitar por ela. Sempre pensei se era porque ela nasceu mortal e se tornou deusa depois ou se é por causa da sua especialidade com a mente.

  Ela me vê e sorri, falando algo com os mortais à sua volta.

  Psique me recebe de braços abertos e eu aceito o seu abraço carinhoso e cheio de saudade. Eu sempre tive uma relação próxima com ela e fui seu favorito por todos esses séculos. Claro que meus irmãos não sentiam inveja ou ódio de mim por isso, eu era o favorito deles também.

  - Sinto tanto a sua falta, Beomgyu. Até os deuses sentem. Nenhuma festa foi a mesma desde que você se flechou - diz e eu logo sinto a sua tristeza. Seguro a sua mão, tentando passar alguma tranquilidade.

  - Fico feliz que tenha aparecido agora, só não sei se vou ficar feliz pelos meus poderes estarem voltando e eu não me sentir tão mortal assim mais - comento, com um tom simpático, sem acusação ou mau humor.

  Ela sorri e começa a me levar com o seu braço entrelaçado no meu.

  - Vamos conversar no terraço. Selene sente falta de te ver.

  - Eu tenho sempre visto a lua da minha janela - comento.

  - Não é a mesma coisa de estar na rua ou no alto de uma construção. Ela só te viu mais quando foi à uma praia e a um encontro com o seu mortal. Soube que estava lindo em ambas - Psique conta.

  - Eu tô sempre bonito, acho que não tenho muito o que mudar sobre isso com a mãe que tenho.

  Psique sorri enquanto pegamos o elevador.

  - Fiquei com medo que esquecesse de nós depois de querer se tornar mortal.

  - Por que eu esqueceria?

The Archer • soogyuOnde histórias criam vida. Descubra agora