Haechan sabia que iria ficar bem. Era isso que repetia para si mesmo.
Ele já via o mundo de uma forma tão diferente agora. Olhando pela janela, lembrava que havia um lugar à beira mar que era seu lar. Sua cidade, que lhe parecia tão distante, mas que quando não sabia o que fazer, não sabia o que sentir, lembrava que tinha para onde voltar.
Quando disseram que ele podia ir embora, que tinha acabado por hoje, o fez com o cérebro lhe dizendo que era um alívio, mas o corpo gritando que estava exausto.
Pegou o telefone quase que automaticamente, no costume de enviar uma mensagem de "indo para casa" para sua mãe. E por casa ele se referia ao minúsculo apartamento que tinham alugado para si.
Olhou distraidamente para a cidade enquanto se dirigia para lá, quase se arrastando de cansaço. Os mesmos edifícios altos demais que já tinham lhe arrancado 'wow's na primeira vez que esteve ali agora lhe pareciam muros, fortalezas frias e sem alma. Os parques que ele imaginou que iria por diversão agora eram usados como obrigação para seu exercício diário. Até as enormes ruas que tinham lhe feito dizer que a cidade grande tinha uma charme digno de filmes tinham perdido o brilho e se transformado em apenas uma dificuldade quando as pessoas esbarravam em quem não andava rápido o suficiente.
Quem não conseguia andar rápido o suficiente.
E havia, claro, a universidade. A cinco minutos a pé do apartamento em que estava. Não sabia se era saudável, mas sempre parava em um banco de onde via a entrada, dizendo para si mesmo que só estava descansando um pouco, mas terrivelmente curioso para ver os estudantes saindo dali. Alguns em grupos falando alto, outros quase fugindo ao fim das aulas olhando para o chão. Todos diferentes, todos compondo aquela massa de jovens que tinha conseguido entrar.
Que tinham tudo para entrar.
Pegou o celular quando sentiu a vibração insistente em seu bolso. Estranhou, pois geralmente sua mãe mandava apenas um 'ok', deixando para ligar quando já tinha avisado que estava em casa. Imaginando que ela devia ter alguma instrução, ou que talvez seus irmãos tivessem roubado o celular mais uma vez, se apressou em rapidamente apertar o botão verde, aceitando a ligação.
"Alô?"
"Hyuck!"
A voz desapareceu de si, sua garganta se recusando a emitir qualquer som. Até sua respiração parou, só voltando quando notou que já estava ficando sem ar por tempo demais, o desespero lhe amassando o peito doendo doendo.
"Hyuck? Eu tô ouvindo os barulhos de rua! Onde você tá?"
"M-minhyung?" - disse apenas, sem acreditar que depois de tanto tentar, não tinha conseguido fugir do melhor amigo. Não sabia que sentia tanta saudade de sua voz.
"Sua aula já acabou?" - Mark perguntou, soando animado, o que o fez olhar para a universidade à frente. Sentiu o coração doendo contra a caixa torácica, e repassou todo o roteiro do que deveria falar antes que se debulhasse em lágrimas e destruísse tudo.
"É... eu tô saindo da Universidade agora... eu tô na rua, então depois a gente se fala" - disparou tudo um tanto ofegante, sentindo as pernas tremerem - provavelmente teria caído se não estivesse sentado - e a boca puxando o ar, como se seu nariz não fosse o suficiente para o tanto de oxigênio que precisava para não colapsar.
"Não! Pera! Não desliga!" - ouviu o outro quase gritar do outro lado. Mark só não sabia que, no estado em que estava, o coreano não tinha sequer sido capaz de tirar o telefone da orelha. - "Tá me ouvindo? Hyuck?"
"Uhum" - pensou dizer, mas não tinha certeza se era esse o som que tinha escapado de seus lábios, muito menos se Minhyung conseguiria entendê-lo.
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Home to You
Fanfiction"𝘌𝘴𝘵𝘢𝘳𝘪𝘢 𝘵𝘶𝘥𝘰 𝘣𝘦𝘮 𝘴𝘦 𝘦𝘶 𝘷𝘰𝘭𝘵𝘢𝘴𝘴𝘦 𝘱𝘳𝘢 𝘤𝘢𝘴𝘢 𝘱𝘰𝘳 𝘷𝘰𝘤𝘦̂?" ◤Donghyuck se mudou para "a cidade", deixando todos os amigos felizes. Porque era assim que precisava que os outros estivessem. Felizes. Sem saber do que r...