Capítulo 8

298 57 111
                                    

Músicas que ouvi pra esse cap: Tightrope (O rei do show) e From Home

/sim gente, eu sei, ouvir elas é pedir pra chorar, mas... ottoke??





Quando Mark acordou no dia seguinte, olhou para o rosto de Donghyuck ainda em sono. Seu amigo Donghyuck. Aquele por quem tinha vendido seu videogame para Chenle só para ter dinheiro suficiente para ir visitar, sem contar para ninguém sobre esse detalhe. Donghyuck, que teria feito o mesmo por si. 

Se você pedisse para Minhyung explicar mais a fundo, ele provavelmente diria que ele e Donghyuck compartilhavam objetivos, crescimento, vida. Eles eram reuniões de família que o mais novo não aguentava ir sem levar o melhor amigo junto, conversas sobre o universo no chão da cozinha e palavras dolorosas que eram misturadas com risadas para nunca doerem de verdade. Donghyuck era aqueles abraços tão apertados que conseguia sentir por dias, até seu coração fisgar e o peito aquecer.

Donghyuck podia ser tempo. O tempo que viveram juntos, desde bochechas gordinhas, aparelhos nos dentes, até formaturas. O tempo que ainda tinham, brincando entre as vistas bonitas da cidade, as paredes gastas do apartamento do mais novo e o cachorro. O tempo que parecia estar se esvaindo, deixando-os roubando segundos, se recusando a acordar só para não ter que admitir que precisariam se despedir.

Donghyuck podia ser cuidado, ensinando-lhe como usar roupas que lhe fizessem parecer menos o nerd nato que era e lhe apresentando todos os amigos. Mas Donghyuck também precisava de cuidado, quando o canadense lhe abraçava apertado, protegia-o escondido no jardim e o enchia de elogios, porque sabia que a única pessoa que se cobrava mais do que ele próprio era Haechan.

Donghyuck podia ser fraqueza, porque a essa altura era um fato científico comprovado que o menino conseguia desmoronar Minhyung com palavras ácidas com elogios nas entrelinhas. Mark o conhecia bem demais para entender. Esteve lá desde a época que o garoto só sabia se comunicar consigo assim, até que aprendesse a ser gentil e carinhoso como era agora. Mas Donghyuck também tinha fraquezas, cada uma mais preciosa que a outra, e o canadense sabia cuidar de cada uma delas, sempre garantindo que o menor não iria quebrar. Esteve lá quando o garoto teve o tornozelo machucado de tanto dançar na praça, e fez questão de lhe dar todo o dinheiro que tinham ganhado, mesmo tendo dançado junto.

Donghyuck era sua casa. Seu ninho. Seu lar. Porque enquanto algumas pessoas querem ter a vida inteira planejada, simples, certa, Mark não se importava com o desconhecido que era Donghyuck. Enquanto alguns não gostavam de entrar no mar porque estariam mais seguros na terra, Minhyung não se importava em seguir Donghyuck, sem rumo, sem medo, sem certezas. Como se o fato de estarem de mãos dadas fosse impedir a queda.

Estavam numa corda-bamba. E nunca se pode de fato ter certeza que não se iria cair. Mas com certeza era uma aventura com uma vista incrível.

Donghyuck era incrível.

Tudo podia parecer um jogo para o coreano, mas o maior podia sentir o gelo começando a rachar abaixo de si, sentir a água batendo em seus calcanhares e ainda assim não conseguia se forçar a se afastar. O pensamento de deixá-lo doía demais, e ia apenas piorar. E ainda por cima, Mark sempre foi péssimo em mentir - ainda mais para Donghyuck, que sempre parece entendê-lo de algum jeito.

A vista do garoto dormindo era o tipo de cena que inspira obras de arte, linhas de poemas e livros de romance escritos com base na minúscula palpitação de seus cílios, sobre suas lindas pintinhas e os lábios cheios. O tipo de cena que deixa qualquer um sem ar, coração batendo tão alto no peito que é possível sentir nos ouvidos.

Home to YouOnde histórias criam vida. Descubra agora