PIRATARIA É CRIME! - Fique atento.
-- NÃO AO ROUBO DE DIREITOS AUTORAIS --
II
- É, meu querido. Você perdeu, lembra?
- Estou entrando com uma ação contra esta decisão estúpida a teu favor, Patrícia. Ora pagar pensão a uma cadela vira-latas pulguenta. Se fosse um filho, faria com maior gosto, mas nenhum filho você meu deu.
- Otávio. Tudo foi decidido na justiça. Foi legal e dentro dos conformes, as provas nunca mentiram.
- Só um idiota daria ganho de causa mesmo.
- Quem é o idiota aqui? O juiz que deu ganho a uma cadela ou você que perdeu? E Fifi não é vira-latas pulguenta, para seu governo.
- Não sei como casei contigo. Devo ser um grande idiota mesmo por tê-la pedido.
- Dizem que chega-se a um ponto que reconhecemos quem somos.
- Acho que sei bem o que fazer.
- O quê, por exemplo?
- O tempo dirá, minha querida. O tempo.
– Ϟ –
Apesar de a bolha no dedo ter parecido feia, não incomodara mais que o desmaio, o porquê dele; com tesoura da cozinha cortou a pele, de dentro saído líquido-água, um pique apenas. Queria terminar o dia – é pedir demais? Hein? Deitar a cabeça no travesseiro; em casa, relaxar – como nunca relaxei, há sempre um novo caso depois.
Delegacia parecia menos movimentada. Um suspiro. Pensou na última vez que folgara, uma semana sem estresse em Torres, RGS; fora um período forçado, obrigado pela delegada porque se envolvera demais num caso de estupro-sequestro-morte, tendo relação amorosa com a ré. Adilson sabia que era um bom inspetor, e isso bastava-lhe; sabia igualmente que férias tradicionais não se incluíam em seus objetivos nem na labuta; não duvidava que delegada o daria novas folgas depois deste.
Sentado à mesa, pensamentos brancos, olhos perdidos a visar em derredor (porta de entrada do gabinete da delegada, vazio, luzes desligadas; mesas ao redor, papeladas em ordem; um ou outro colega; sua própria mesa, papéis em desordem, telefone silencioso no canto esquerdo, note com tela baixada em modo de espera); assustara-se aquando do toque do celular – quase dormira tamanho sossego, atípico, na delegacia.
Inspetor observara o número que lhe era desconhecido; com cenho franzido, atendeu.
Antes de pô-lo no ouvido, voltou a conferir o número.
Diga.
Ninguém.
Alô.
Adilson fez que não.
Quando ia tirar o fone do ouvido –
latidos.
Desligou.
Coçou os olhos. Pegou caneta. Anotou número. Não podia ignorar o feeling, embora engano. De toda forma, não obstante aparência mais que idiota, ligaria mais tarde, quando estivesse em casa.
Noite avizinhava-se lá fora.
– Ϟ –
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Cachorra de Madame
Mystery / ThrillerCachorra de Madame. Durante o dia é um poodle; à noite, um demônio que mata por sede de alma.