O hospital estava quase vazio, era final de tarde e a única coisa que podia se ouvir eram os passos apressados de um homem que ecoavam pelo local. Ele estava bem vestido, embora um jaleco cobrisse a maior parte das suas roupas, sendo uma pessoa alta, de cabelos pretos e de pele clara, tinha uma postura que o fazia parecer velho, ainda que tivesse apenas vinte e seis anos.
— 21A... 20A... Talvez seja aquela. — dizia ele enquanto olhava atentamente para cada sala do corredor onde passava.
— Sala 16A... É aqui. — E agora parado diante da sala, ele estava relutante, sua mão tremia, porém mesmo assim decidiu respirar fundo e seguir em frente.
Após então bater na porta e em seguida educadamente a abrir, se deparou com o silêncio. No consultório haviam duas pessoas, um homem e uma mulher, estas eram o motivo do seu nervosismo e também o motivo por ele estar ali.
— B-Boa tarde. Muito prazer em enfim conhecê-los! Me chamo Kasima. — dizia ele evidentemente preocupado com a reação destes que no caso, se mantinha a mesma, e então após se sentar e respirar fundo continuou.
— Bem... Já peço desculpas por ser direto, mas temo dizer que não haja meio melhor de iniciar esta conversa... — E assim, antes de prosseguir Kasima fez uma pequena pausa.
— Senhor Miyazono Yoshiyuki e senhora Miyazono Ryouko... Eu os chamei aqui porque quero que saibam que existe um tratamento capaz de curar sua filha.
A partir deste ponto em específico, as palavras de Kasima, que eram recebidas com surpresa, viriam a mudar não só a vida daqueles que estavam a sua frente, como também mudaria e de forma drástica a vida de muitas outras pessoas...
— Não está aqui. — dizia um garoto decepcionado enquanto olhava para um leito vazio, e então triste decidiu sair do local e ir para casa.
— O que é isso? Me diz que tenho que entrar em contato em um período restrito e... — resmungava ele irritado assim que saiu do hospital, até que foi interrompido por um terrível pensamento: "Não me diga que... A doença piorou?"
— "O que eu faço? É melhor espera-la? E se eu pergunto pra uma enfermeira?" — dizia ele já perdido em seus pensamentos, até que foi devolvido à realidade por alguém que sem cerimonias o cumprimentava.
— Olha se não é o Arima-kun?! — dizia ao garoto uma forte voz masculina enquanto apoiava seu braço no ombro dele.
— O qqqq-quê?! — gritou Arima no chão depois de quase ter desmaiado com o susto que tomou. E então se virou e viu duas figuras muito familiares — O pai e a mãe da Miyazono-san!
— H-Há quanto tempo!
— Veio visitar a Kaori? — dizia o pai de Kaori com um largo sorriso no rosto.
— Que bom! — Completou também sorrindo, a mãe de Kaori, basicamente adivinhando a resposta de Arima.
— Ha, mas eu não a encontrei em nenhum lugar ... — dizia cabisbaixo Arima, até que uma forte lufada de vento o fez levantar o rosto novamente, para então ver os pais de Kaori se olharem perplexos.
— Ela deve estar lá. — Concluiu a mãe de Kaori.
Uma garota loira andava com dificuldade sobre uma passarela, ela se apoiava com firmeza no corrimão e com isso, dando um passo após o outro, continuava a avançar em linha reta. Sua força de vontade e concentração eram tamanhas, que surpreendiam qualquer um que a visse na sala.
— Pode continuar, devagar... — dizia o médico que com cuidado orientava a garota — Coloque o pé esquerdo.
— Ela disse que não quer perder a força e os músculos ... Pois quer tocar violino de novo. — dizia a mãe de Kaori para Kousei, que junto de Yoshiyuki observava o progresso da garota, até que dentre um passo e outro, Kaori cai.
— Kaori-chan, vamos fazer uma pausa! Não pode exagerar tão de repente! — disse preocupado o médico que a instruía, enquanto rapidamente tentava a ajudar.
— Estou bem! Não parece, mas violinistas têm bastante energia! — respondia ao médico Kaori aparentemente animada.
— Isto é graças a você Arima-kun... — completou a mãe de Kaori com uma expressão calma, fazendo Arima virar-se surpreso ao ouvir suas palavras.
— A Kaori, depois de ter desistido de tudo, voltou a andar... Dando um passo de cada vez... — continuou a mãe de Kaori, que agora observava a garota se levantar e seguir andando lentamente.
— Eu não fiz nada ... — disse Arima com um rosto triste.
— É verdade. — respondeu o pai de Kaori. — Você só estava tentando se esforçar o máximo que pode... E sua imagem tocou o coração da Kaori.
Enquanto isso, mesmo que desse um pequeno passo de cada vez, a garota seguia avançando ...
— Arima. Foi a sua vontade de lutar, que coloriu o coração cinza de Kaori.
E então, mesmo com dificuldade, a garota em fim completou seu percurso.
"Quero fazer essa cirurgia... Se é possível estender um pouco o tempo... Se é possível ter uma pequena esperança... Não importa o que seja, quero me agarrar a isso."
- Miyazono Kaori:
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Shigatsu wa Kimi no Uso: A Vida é uma Sinfonia
FanfictionToda sinfonia por mais grandiosa que seja uma hora encontra seu fim, porém e se esta apenas tivesse encontrado uma pausa? Nesta obra uma decisão mudou o final que conhecemos, dando continuidade a essa sinfonia e cabe a nós ouvir novamente o ressoar...