Psycho

409 69 72
                                    


O anjo não podia acreditar que aquele demônio maldito havia lhe dado um beijo! Como ele ousa? Quero dizer, não era como se fosse BV e nem nada – credo, ele estava até pegando as gírias dos humanos – ele teve um namoradinho a algum tempo, um anjo igual a si chamado Younghyun (ou Young K hyung, como ele gostava de ser chamado), com quem não deu muito certo mas eles saíram algumas vezes. Younghyun lhe deu um pé na bunda, disse que ele era "muito sem graça", e Youngjae demorou algumas décadas para superar, até ele chegar a conclusão que ele queria transcender das relações carnais se um dia desejava ser um ser superior como da Alta Ordem Celestial. Ele não precisava ter sentimentos românticos e atração sexual se um dia desejava ser um ser superior, então assim ele seria.

A não ser que aquele simples beijo mexeu com as suas estruturas de modo a fazer ele ficar pensando nisso por dias. Mas santo Pai, Jaebeom era um demônio, não fazia sentido nenhum ficar pensando nele, ele só fez aquilo para atentar, era o que demônios faziam. E foi só um selinho de provocação, não era como se ele deveria ficar pensando nisso.

Ele havia sonhado com olhos negros naquela noite. E sim, anjos sonhavam, não iria entrar em detalhes. O demônio aparecia em sua mente, sorrindo pequeno como um gato e lhe dizendo palavras inaudíveis, vestindo roupas completamente diferentes do que o vira da última vez. Eram roupas antiquadas, ele percebeu, e quando ele parava de mover os lábios o demônio lhe virava as costas e ia embora, e aquilo doía de uma forma incompreensível. A sua visão ficava turva e vermelha, e ele podia jurar que estava gritando um nome que não conhecia, sentindo-se perder as forças conforme a dor aumentava e ele se tornava mais distante. Youngjae pensou que poderia estar sendo possuído ou estar tendo o sono invadido, mas era muito difícil um demônio fazer isso com um anjo, além de que, quando acordou, chegou a conclusão que era mesmo o seu subconsciente lhe pregando peças.

Por isso ele ficou irritado, pensando no por quê ele ainda estava lembrando daquele demônio ridículo que lhe roubou um beijo na maior cara de pau. Quero dizer, era isso que demônios faziam, apareciam, pregavam peças, irritava até o máximo que podiam e depois iam embora procurar outra vítima para o seu infortúnio. Mas ele ficou pensando o dia todo naquilo, não entendo por que não conseguia tirar o maldito sorriso de gato da cabeça.

Ainda bastante enfezado, ele vigiava umas crianças brincar no parquinho porque o anjo da guarda delas estava flertando com um espírito da fonte no chafariz da pracinha. Ai ele odiava casalzinhos, e fez uma careta quando o anjo da guarda se jogou em cima no outro espírito corado com o flerte descarado.

― Oi, anjinho.

Ele quase deu um pulo de susto ao ouvir a voz do demônio em seu ouvido, como no seu sonho. Não havia sentido nenhuma presença maligna se aproximar, por isso seu corpo se assustou por inteiro quando se deparou com Jaebeom sentado ao seu lado.

― Jaebeom! – ele gritou, ralhando com o moreno. – O que está fazendo aqui, demônio?

― Aprendeu o meu nome, então anjinho? – ele deu o seu típico sorrisinho diabólico.

― Eu também tenho um nome, seu idiota. – Youngjae resmungou, cruzando os braços, aborrecido com aquele folgado. Jaebeom riu de sua reação.

― Eu me lembro disso, Youngjae, mas gosto do seu apelido. - ele disse, se aproximando para enrolar uma mexa curta de seu cabelo castanho mel em seus dedos.

― Eu não ligo para o que você gosta ou não. – ele tentou se afastar um pouco, ao se lembrar que era perigoso ficar perto de Jaebeom sem que ele o atacasse com aquela boca quente.

― Então, Youngjae... – ele começou a usar o seu nome, para o seu alívio – Doeu?

O anjo ficou sem entender, tendo que olhá-lo novamente para mostra-lo a sua expressão de dúvida. Hoje Jaebeom usava uma camisa preta que escondia as suas tatuagens.

Run Devil Run [2jae]Onde histórias criam vida. Descubra agora