Capítulo 5

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Por volta da tarde eu fui no Vale, quando sai de casa meus olhos não conseguiam parar de olhar para casa do Derick, tentando achar algo que me desse alguma resposta de algo, mas é óbvio que não vi nada. Quando voltei já estava tarde, mas para minha surpresa Bryan estava sentado em frente a sua casa, com o olhar distante.

- Oi- eu falei.

- Oi- ele virou rápido- É você Minerva! Eu estava mesmo querendo falar com você.

- O que houve?

- Eu só queria pedir desculpa por não ter voltado com você hoje, e também eu não sei, mas acho que a presença do Dereck não foi muito boa não é? Ele não parecia ter ficado muito feliz com o que eu pedi, eu devia saber, ele é sempre assim...

- Não se preocupe, eu não fiquei incomodada- na verdade eu fiquei, mas ele não precisa saber- o que você quis dizer com ele é sempre assim?

- É que... eu não gosto muito de falar essas coisas, mas ele já sofreu demais, nós somos amigos desde criança, então eu vi tudo, a perda dos pais no incêndio quando ele tinha 10 anos, desde então ele se isola de tudo e todos, e mesmo ele tentando me afastar também, eu jurei que nunca vou deixar ele sozinho.

-Nossa, eu... isso é tão pesado, ele era só um garoto, deve ter doído muito.

- Eu não sei se conseguiria suportar essa barra, ele é muito forte, só tem que ver isso.

- Eu imagino, você é um ótimo amigo.

- Eu só faço o que ele faria por mim, mas o que dói mais é ver esse sozinho naquela casa.

- Como assim sozinho? Não tem ninguém com ele?

- Não, ele mora sozinho.

-Mas como? Ele tem 17.

-Bom, isso é algo complicado- ele ficou um pouco desconfortável- É que do nada surgiu uma tia muito rica, que eu não sei bem de onde, mas não é daqui, que ficou com a guarda dele, desde então ele mora sozinho, mas para o governo tem a fachada de que ele mora com ela, eu não entendo muito, mas de vez em quando ela aparece, e eu posso dizer que ela é um pouco... diferente.

- Diferente como??

- Eu não sei explicar, é só que ela é tão branca, e tão bonita, que é difícil achar um defeito nela, mas também é amedrontadora, ela te deixa intimidado só com o olhar.

- Nossa, é uma definição realmente peculiar- eu me pergunto como ele convive com isso.

-Pois é, eu espero que ele se relacione melhor com as pessoas, por isso pedi para ele ir com você hoje, mas é difícil para ele, então se você puder não levar para o coração.

- Não se preocupe, eu entendo muito bem esse sentimento dele, e talvez eu queria ajudar de alguma forma também, só não sei como...

- Isso é bom! Não ligar para coisas idiotas que ele fala já é muito haha.

- Ok, então eu vou entrar, até amanhã.

-Até, se cuida- eu acenti.

Eu entrei em casa com um sentimento novo, e estranho, eu parecia ter esquecido totalmente a raiva que eu estava sentindo do meu vizinho misterioso. Mamãe estava dormindo no sofá com a tv ligada, eu desliguei e cobri ela com um lençol, subi para o quarto, abri a janela para tomar um ar e olhar as estrelas quando percebi algo me observando, Dereck me olhava sem expressão alguma da sua janela, que aparentemente era de frente a minha, eu não consegui desviar o olhar, e ele também não, ficamos alguns minutos assim, até que ele deu um breve e pequeno sorriso de canto e saiu da janela, eu ainda fiquei mais um tempo ali processando, ele me deixava tão confusa, e eu sempre queria saber mais, cai na cama querendo não ter que desvendar nenhum mistério, eu tava cansada demais, sinto falta do meu pai.

Demorei para pegar no sono, mas quando dormi tive o conforto de sonhar com meu pai, me dando colo, dizendo que tudo ia ficar bem apesar de tudo, e que eu tinha muitas coisas para descobrir e que eu era forte por isso ia batalhar, só de ver ele, mesmo que em sonho, me senti melhor.

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