O azar é meu, por ter um coração tão Humano

Survivor

Survivor: sobrevivente !

*CAPÍTULO 12*

As férias acabaram, estava na hora de encarar o medo de frente, eu me imaginava chegando no portão da escola, e eu já entrava em pânico, ainda mais sem Joseph.

Segunda feira, sete horas da manhã:

- Filha, está na hora !

- Mãe eu não posso ir, como vou entrar no refeitório, aquelas cenas não saem da minha cabeça... Como vou passar pelo o armário de Joseph, pra dar um beijo antes da aula, se ele não VAI ESTAR LÁ !

- Meu amor, você precisa voltar pra escola, a Direção colocou detector de metal na entrada, ninguém vai entrar com mais nada perigoso, pra superar, você precisa encarar, filha ele não vai estar no armário, ele vai estar com você o tempo todo, você precisa começar a voltar sua vida, pensar no seu futuro, era isso que Joseph iria querer, ele disse pra você na carta, que te daria um tempinho pra sofrer, já fazem mais de 8 semanas que você não sai desse quarto, não se alimenta direito, o seu prazo acabou.

Eu só balancei a cabeça, eu não via mais um motivo pra querer continuar, a não ser o ódio que eu estava sentindo por aqueles garotos.



Escolhi minha roupa, não tinha cabeça pra isso, só peguei meu moletom e vesti, fui até o espelho e notei o quanto minhas olheiras estavam aparentes, mas eu não fazia muita questão de escondê-las, eu só queria voltar o mais rápido possível pra casa, e me jogar na cama novamente, prendi meu cabelo num coque bagunçado, peguei minha mochila e desci as escadas.

-Bom dia abelhinha. Meu pai veio e me deu um beijo.

- Bom dia pai ... Bom dia meninos...

- Animada pro último ano da escola mana ?

Olhei bem pra Lian, que já entendeu o recado.

- Sério mesmo que está me perguntando isso ? Não, eu não estou, por mim, eu viveria o resto da minha vida, debaixo do edredom...

Minha mãe veio e apertou meu nariz de leve.

- Mas assim perderia todas as coisas que a vida te reserva!

- O que mais ela me reserva hein mãe ? Algum outro tiroteio, ou namorado assassinado ? Outro aborto ?

Meus pais arregalaram os olhos e ficaram em silêncio.

- Eu vou de a pé, vou passar na casa de J... Na casa de Rose e Mark.

- Um beijo minha filha, nós te amamos.

- Amo vocês.

Sai pela porta da entrada, e fui caminhando em direção a casa de Joseph.

Apertei a campainha e esperei alguém abrir.

- Bom dia Querida ! Rose me abraçou e não me soltava mais.

- Bom dia Rose, espero não estar incomodando, eu só queria vir aqui, pegar algumas peças de roupas, e uns objetos de Jo, pra eu poder guardar, será que eu posso ?

- Você nunca incomoda, pelo contrário, você me trás paz Gaby, apareça mais vezes aqui em casa, quando estamos com você, sentimos a presença do nosso filho, mas pode ir lá, paga o que quiser, não vamos nos desfazer das coisas dele, vão ficar guardadas.

Fui até o quarto dele, e quando cheguei na porta, travei, comecei a chorar baixinho, pra ninguém ouvir, mas sem sucesso.

- Oi Gaby, entra vai te fazer bem, é como se ele só estivesse viajando, e a qualquer momento vai voltar ! Mark diz.