Soulmates, More Than Imagination | Hwang + Yang

8- Oito☁️

Lee Felix | POV

Fecho a porta e respiro fundo.

Chegar em casa é tão cansativo quanto sair e ir trabalhar.

Olho para o homem sentado no sofá, de braços cruzados, e minha respiração falha por um momento.

Droga.

— Você tá achando que essa casa é de quem pra você chegar uma hora dessas?— pergunta o mais velho, me encarando.

— Felix? Amor?— minha esposa sai do quarto as pressas, vindo até mim, me abraçando assim que me vê— Que susto querido, por que não avisou que ia chegar tarde assim?— pergunta tentando me dizer algo com o olhar, já que ela está de costas para ele.

Meu pai...

— Eu não ia voltar tão tarde, mas meus amigos beberam de mais e eu fiquei para ajudar.— digo dando um beijo na testa dela.

— Ainda bem que não foi nada, vamos dormir, tá tarde.— diz me puxando, mas ele impediu falando alto por cima da gente.

— Você não me respondeu, Felix.— diz fazendo eu me virar pra ele, sem saber o que responder.

— Desculpa, pai.— digo, já que realmente não sei o que dizer pra ele.

— Felix não me chegue em casa tarde assim, eu já disse que não crio vagabundo para estar fora de casa depois das meia noite!— diz bravo, me dando medo, eu espero que ele não tenha bebido hoje— Já deixo você morar com ela aqui, ainda quer abusar?— pergunta se levantando.

— Desculpa, de verdade.— abaixo meu rosto e ele passa por nós, indo direto pro seu quarto.

Ufa...

Vou pro quarto junto de minha amada, e vejo que ela está nervosa, isso é perceptível.

— Amor aconteceu alguma coisa?— pergunto com medo da resposta.

— Seu pai atendeu uma ligação estranha hoje, ele quebrou um monte de coisa na cozinha e eu fiquei com muito medo...— disse se encolhendo em meus braços, e isso me fez sentir culpado por um momento.

Eu devia estar aqui.

— Amor, eu prometo que vamos sair daqui, eu vou dar um jeito, qualquer jeito.— digo abraçando ela forte, eu a amo de mais.

— Não tem problema demorar, amor, eu sei que ele dificulta tudo para você, nos mudamos para Coreia não tem nem um mês e agora que você começou a trabalhar na sua área especializada, eu sei que dinheiro não vem do chão.— disse com seu lindo sotaque australiano, e eu rio com isso.

Morávamos em uma casa estilo praia na Austrália juntos, apenas nós dois, mas meu pai resolveu vir para Coreia e começou a causar problemas, problemas que sozinho ele não conseguiu resolver e então me arrastou para morar aqui.

O problema dele é estar errado e pagar de certo, dono da razão que ele não tem.

Ele já tinha essa casa, se não me engano foi aqui que morei por uns dias quando eu tinha meus quatro anos de idade, depois que supostamente fomos expulsos de casa...

Bem, isso é o que ele me diz, que ele e minha mãe não se deram bem e ela expulsou a gente de casa, então viemos morar aqui, e depois fomos para a Austrália.

Mesmo muito novo, eu ainda me lembro do meu irmão mais velho, ele era incrivelmente igual a minha mãe, e isso facilita minha procura por eles por que minha memória fotográfica sempre trabalha ao meu favor.

Já que estou aqui, por que não tentar achar a parte da minha família que tanto me fez falta?

— Tudo bem.— digo e então deitamos na cama um de frente pro outro, como sempre fazemos quando queremos conversar.

— E sobre 'aquilo'?— pergunta ela muito provavelmente se referindo sobre minha família materna.

— Acho que vou encontrar eles rápido.— digo sorrindo pra mesma, que fez o mesmo.

Eu tenho quase certeza que Hyunjin é meu irmão, eu só preciso confirmar isso.

Depois de conversamos mais um pouco ela acabou dormindo, ela parece um anjo dormindo, tão delicada.

Levanto da cama e cubro a mesma, indo tomar um banho e depois me deito para descansar.

Amanhã tenho muita coisa para resolver.

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Narradora | POV

☁️Flashback🍃

Um tapa na mesa é ouvido pelas crianças, e logo o homem sai furioso da cozinha, ameaçando fazer a vida da sua esposa um poço de tristeza, sem mais ou menos.

Hyunjin abraçou seu irmão mais novo sem pensar duas vezes, não queria que nada o machucasse, ele sabe como é ruim ficar sem o pai, ele achava que seria abandonado de novo.

E isso dói.

A jovem mulher saiu da cozinha chorando, indo abraçar seus filhos que, por vê-la assim, começaram a chorar também.

— Mamãe, ele vai deixar a gente?— Hyunjin perguntou fazendo a mais velha apenas sorrir triste com a situação.

— Vai ficar tudo bem, não se preocupem.— disse dando um beijo em cada um, os abraçando mais forte.

Por conta da impaciência, Cristopher Lee saiu de casa e deixou sua esposa e seus filhos com medo do que o mesmo iria fazer.

Não era a primeira vez que ele e sua esposa brigavam por conta dos hábitos ignorantes dele, e isso decepciona cada vez mais a Sra. Hwang que pensou que Lee seria a pessoa certa para viver com ela, e cuidar de seus filhos.

Por ser estrangeiro e carinhoso, ela pensou que Cristopher seria diferente do pai de seu filho mais velho, que praticamente só esperou Hyunjin nascer para se separar da mesma.

Aflita, ela resolveu por as crianças para dormirem mais cedo, na cama de casal que ela costuma dividir com seu marido, e dormiu abraçada com eles, na esperança de Cristopher se arrepender das muitas maldades que o mesmo disse, e voltar para casa e se desculpar com ela.

Tão ingênua, tão frágil.

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Cristopher chegou em silêncio naquela noite, mal se ouviam os seu batimentos cardíacos acelerados por conta da decisão que o mesmo tomou nas horas que passou fora de casa.

Com um peso enorme em sua consciência, ele pediu perdão por todas as palavras que disse mais cedo em uma carta longa escrita a mão, e antes de sair, arrumou tudo em seus perfeitos lugares como forma de dizer que queria paz na casa quando ele saísse.

Já de malas feitas, Cristopher sabia que se saísse sem algo com uma marca mais forte daquela casa provavelmente ele seria esquecido ou não teria motivos para ver sua família de novo, por isso ele realizou seu último ato de loucura da sua juventude adulta.

Ele foi até o quarto em que sua esposa estava, junto de seus filhos, e começou a chorar, pois vê-los juntos assim o sensibilizou a voltar atrás, mas não tinha mais volta.

Com suas mãos trêmulas, Cristopher tirou Felix da cama, o pegando no colo, seu jovem príncipe de quatro anos de idade carregado de traços da sua linda mãe, e com várias características boas dele mesmo, que encara seu filho não apenas como alguém que pôs no mundo.

Ele é uma joia.

— Papai?— Felix balbuciou quando sentiu falta da cama em que o mesmo estava aconchegado.

— Shiii, papai tá aqui, tá tudo bem.— disse o mais velho fazendo o jovem Lee cair no sono de novo, balançando ele em seus braços.

Depois de ter certeza que Felix dormiu, ele beijou sua esposa pela última vez, fez um leve cafuné no filho mais velho da mesma e saiu de casa chorando pela decisão que tomou.

Uma loucura momentânea que poderia fazer tanto ele, quanto seu filho sofrerem muito depois, mas naquele dia, ele não lembrou disso.

Ele apenas queria fugir.

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