Perfectly Complicated • 2 Série Perfectly Imperfect

01 | Contos de fadas (não) existem

Emma

Formentera, Espanha

Se tinha uma coisa que eu aprendi após ler tantos livros e ver tantos filmes era que contos de fadas não existiam e os finais felizes eram poucos e bem raros. Tudo o que vimos até hoje ou lemos era apenas algo criado para gerar lucro para seus criadores e vender a ideia de que a vida era perfeita e o amor verdadeiro realmente existia.

Deixe-me te dar um spoiler: essas duas coisas são mentiras.

Principalmente, aquela que fala sobre o amor.

Na vida real, a princesa não será acordada pelo beijo de amor verdadeiro. O rei não vai abdicar do trono para casar com uma plebeia. As pessoas quebradas não serão consertadas por causa do amor. Os amores que deram errado não irão se reencontrar anos depois e perceber que ainda se amam...

Sinto muito mas esqueça, não irá acontecer.

E era por isso que nós precisávamos dos filmes e dos livros, para nos mostrar que às vezes até os contos de fadas poderiam se realizar e que a vida poderia ser um mar de rosas.

Não seria perfeito se a vida fosse realmente dessa maneira?

Assim, não teríamos sempre que fingir que estamos bem, porque realmente estaríamos bem, uma vez que fomos criados e escritos para tudo dar certo no final... O famoso felizes para sempre.

Quanta besteira.

Na vida real, aquilo raramente acontecia.

E essa era a discussão iminente que acontecia na família Castillo Herrera sempre que Calliope e eu decidíamos assistir alguma coisa. Daquela vez, ainda tínhamos a presença de Valentina e Isabel.

Todos os Castillo estavam reunidos naquele final de semana na casa da família na ilha de Formentera.

— A Emmy é tão cética em relação ao amor. — Disse Valentina, a primogênita dos Castillo, depois de eu comentar o quão monótono aquele filme de romance estava.

— Se continuar assim é capaz de nunca ter um relacionamento sério. — Acrescentou Calliope. Sabia que a irmã mais nova da família falava aquilo apenas para implicar comigo, como sempre fazia quando entrávamos naquele assunto. — Se depender da Emmy, nós nunca seremos tias, Nina.

Joguei a almofada que estava em meu colo em sua direção. O objeto acertou o seu braço esquerdo, que Callie usou para se defender, ao mesmo tempo que as duas irmãs Castillo caíram na gargalhada.

— Vocês são insuportáveis. — Fiz uma careta. — Como eu aguento vocês há tanto tempo?

— Famílias são obrigadas a se aturem. — Lembrou-me Nina. — Então, sinto-lhe informar, Emmy, mas você está presa conosco para sempre.

Os Castillo não eram minha família de sangue. Mas, eram como se fossem e o mais perto do que eu tinha de uma família, principalmente, desde os meus dezessete anos.

— Parem de implicar com a Emmy. — Disse a matriarca dos Castillo, que estava sentada ao meu lado. — Vocês não se cansam de importuná-la em relação a esse assunto. — Isabel passou o seu braço esquerdo por cima do meu ombro, em um gesto maternal.

— Pelo menos alguém nessa família me defende. — Acomodei-me melhor no abraço daquela que eu sempre considerei uma mãe para mim.

— Isso é um absurdo. — Disse Callie, fingindo incredulidade. Ela se virou para a irmã mais velha. — A mamãe nem esconde o favoritismo dela pela Emmy... Acho que nós deveríamos contar para o Matt. — Ela se referiu ao segundo irmão mais velho da família Castillo, Matteo.