CAPÍTULO 38

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Sabina’s POV
            
Logo na segunda-feira, não medi esforços e me concentrei em falar com aquele garoto da aula de Biologia.
Eu estava realmente empenhada para convidá-lo para me acompanhar no baile de Outono, que seria em breve. Não sabia ainda seu nome, nem do que gostava, ou de sua personalidade em geral, só sentia algo digamos que... diferente. Não sei explicar, mas acho que era seu ar “misterioso” que me cativava. Já havia notado antes os olhares dele sobre mim durante a aula. Eram como luzinhas enigmáticas. É, isso define.
               
Ao entrar no laboratório, uns minutos antes que de costume, fui logo em direção à mesa dele, no fundo. O mesmo já estava lá sentado, e eu me aproximei com um sorriso tímido.
                
- Hm, oi... – o olhei.
                
- Oi... Sabi? Digo, Sabina. – ajeitou a voz.
                
- Posso me sentar aqui? – apontei para a cadeira ao seu lado, discretamente.
                
- C-claro, pode sim. – fez sinal para que eu me senta-se. – Mas... por quê?
                
- Ah, sei lá. Queria te conhecer melhor... Fazemos essa aula juntos há um tempo, só que nunca trocamos uma palavra sequer.
                
- Entendi...
                
- Me fala seu nome – ri timidamente – aparentemente você sabe o meu, mas eu não sei o seu.
                
- É... Eu já tinha reparado em você antes – explicou – meu nome é... – foi interrompido pela professora, que chamou a atenção dos alunos ao entrar na sala.
                
- Pessoal, abram seus livros na página 21, vamos iniciar um novo capítulo hoje. Se organizem. – ordenou ela.
                
Eu e o “olhos de enigma” nos entreolhamos, e fizemos o que ela pediu. Durante a aula, mal conseguimos conversar e, no final, eu ainda não sabia seu nome.
                 
- Bom... podíamos nos falar agora no intervalo, nos conhecer melhor... – sugeri.
                 
- É, pode ser... – novamente, foi interrompido.
                 
- Ei, bro, vem aqui! – um dos garotos que imagino ser seu amigo o chamou.
                 
- Desculpa, tenho que ir. Depois conversamos direito, ok? – falou.
                 
- Tudo bem. – sorri, me despedindo.
                 
No fundo eu estava um pouco decepcionada por não poder conhecê-lo mais, minha curiosidade era grande. Tudo que eu sabia era que ele era muito bom em Biologia e, aparentemente, nos esportes também pelo aspecto físico, além de ter lindos olhos. Ok, vou parar de falar dos olhos dele. Mas é que minha atenção ficou presa exatamente ali. No olhar.

[...]
                 
No intervalo, contei às meninas o ocorrido, e elas pareceram empolgadas.
                 
- Uiii, quanto mistério esse tal de “olhos de enigma” tem. – comentou Joalin.
                 
- É, “olhos de enigma”... – falou Any.
                 
- Parem de chamá-lo assim! – repreendi.
                 
- Só você pode, amiga? – riu Jojo.
                 
- Sim. – falei firmemente, e as duas riram.
                 
- Meu Deus, já tem até apelido. – sorriu Any.
                 
- Pare de imaginar coisas, eu só o chamo assim porque ainda não sei seu nome. – me defendi.
                 
- Tá, mas se fosse só isso poderia usar um apelido menos específico. – continuou ela.
                 
- Argh, não importa – revirei os olhos – escolhi esse e ponto.
                 
- Quando vai chamá-lo para o baile? – perguntou a loira.
                 
- Não sei ainda... Preciso passar mais tempo com ele, se o universo permitir.
                 
- Como assim? – indagou.
                 
- Digamos que sempre que vamos iniciar uma conversa algo acontece, e por causa disso não consegui descobrir seu nome.
                 
- Calma, Sabi, vocês só se falaram hoje, dá uma chance pro “universo”. – fez aspas com os dedos.
                 
- É, tudo tem seu tempo, já estou até vendo ele abrindo a porta do carro pra você sair, no dia do baile. – imaginou Any.
                 
- Vocês chegam a ser mais iludidas que eu – ri – nem sei se vou investir nele, porque não o conheço – repeti – mas vai que o nosso santo bate?
                 
- Vai bater, eu sinto. – sonhou a morena.
                 
No caminho para o corredor onde ficava meu armário, fiquei pensando se eu e os olhos de enigma daríamos certo. Para ir ao baile. Se daríamos certo para ir ao baile. Apenas isso.

𝙄 𝙃𝘼𝙏𝙀 𝙇𝙊𝙑𝙄𝙉𝙂 𝙔𝙊𝙐Onde histórias criam vida. Descubra agora