1- Tuballí?

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"Eu estou em casa..." Pensava Alice, tentando se convencer de que aquilo era apenas um pesadelo. 

Era uma noite quente, quando os oito jovens se perderam na floresta onde acampavam. Os mesmos andavam juntos, já estavam perdidos e se afastar ali não seria uma boa ideia. 

— Estamos ferrados! — Falou um dos meninos, Lucas. 
— Se o Jonathan não quisesse bancar a Dora Aventureira, não teríamos que procurar ele e não estaríamos perdidos aqui! — Vociferou Flávia, completamente irritada. 
— Não é culpa dele... — Falou Pedro, ajeitando seus óculos e tentando acalmar todos ali. — Bom, não 100%. 
— Quem foi o idiota que saiu sem avisar ninguém? — Flávia falou irônica, ficando cada vez mais furiosa. 
— Será que podem parar?! — Gritou Carla, mas logo respirou fundo para se acalmar e não se estressar. — Olha, já estamos perdidos aqui, cansados, com fome e com sede. Não acham melhor a gente parar um pouco para descansar? Já está escuro, não é como se fosse adiantar muito procurarmos o acampamento de volta durante a noite. 
— Carla tem razão, estamos cansados demais. — Pedro complementou. — Passamos por uma caverna há pouco, podemos nos abrigar lá. 
Os amigos então voltaram por onde vieram, até chegarem na caverna, onde se abrigaram da quente noite. Não era confortável e nem ao menos muito espaçosa, mas o tamanho era o suficiente para abrigar os oito. Eles adormeceram ali. Mas o que não esperavam era que aquela não é uma caverna normal, mas sim uma caverna mágica. 

A caverna os teleportou enquanto dormiam. Foram parar em algo que parecia uma dimensão paralela, um mundo totalmente diferente, mas que ainda parecia igual ao deles, ao menos a primeira vista. Mas aquele lugar onde estavam, Tuballí, era totalmente diferente. Muitos habitantes possuíam magia, assim como os magos e bruxas que viam nos livros, filmes e séries, além de existirem seres totalmente diferentes, como as onças gigantes de duas cabeças, os tamanduás de fogo ou as araras que podiam ficar invisíveis. 

O maior problema aconteceu quando a primeira dos oito acordou com a água batendo em si. Sarah se levantou rapidamente, assustada. Quando olhou ao redor, viu que ela e seus amigos estavam em uma praia. Sarah começou a checar se todos estavam bem, sem acordá-los, mas quando terminou, ficou extremamente preocupada. Um deles estava faltando. 
— GENTE! ACORDA! — Sarah começou a berrar, e todos foram levantando aos poucos, confusos sobre onde estavam. 
— Onde estamos? — Carla perguntou passando a mão na cabeça, com um pouco de dor. 
— Não faço ideia. — Sarah respondeu. — Mas temos outro problema... Jonathan está desaparecido. 
— Perdemos o Jonathan?! — Pedro falou rapidamente, um pouco exaltado. — Justo o JONATHAN?? 
— Pedro... Pedro! Se acalma! — Bernardo colocou a mão no ombro do amigo, tentando o acalmar. 
— Talvez seja melhor procurarmos um abrigo. Não sabemos nem onde estamos, quem dirá conhecer os perigos daqui. 
— Carla está certa. Vamos entrar nessa mata e procurar um lugar para ficarmos por um tempo.
— Entrar na mata?! Estão loucos? — Alice falou com um tom exaltado. — Não sei se lembram, mas foi assim que nos perdemos da última vez! Não vou entrar na mata! 
— Então você pode ficar aqui e esperar algum bicho vir te matar. — Flávia, já irritada com tudo aquilo, disse. — Mas nós vamos até a mata. 

Os seis começaram a caminhar em direção a mata e Alice não viu outra saída além de segui-los. Era a melhor opção que ela tinha. Os amigos encontraram uma trilha, por onde seguiram até chegar em uma clareira, onde pararam para descansar. Estavam famintos, e não chegariam muito longe desse jeito. Sentaram em círculo na clareira e ficaram ali, em silêncio, torcendo para nenhum bicho encontrar eles. Mas quando ouviram barulhos de passos se aproximando da clareira, o medo tomou conta deles, que se levantaram rapidamente e ficaram preparados, caso precisassem correr. Eles só não contavam com o fato de que teriam outras pessoas habitando aquele lugar, e que duas delas encontrariam eles. 
Quando as duas pessoas pararam na clareira onde os sete estavam, assustados, elas ficaram confusas e se encararam, conversando em uma língua estranha, que nenhum dos amigos conhecia. 
— É... Perdão, vocês conseguem nos entender? — Pedro falou, se aproximando lentamente das pessoas. 
— Então vocês falam! — A mulher baixa exclamou, deixando todos ali chocados, exceto pela outra pessoa que estava com ela. 
— Sabem dizer onde estamos? 
— É claro que sabemos! — A mulher falou. — Nascemos e crescemos aqui! 
Ficaram alguns segundos em silêncio, quando Flávia, sem paciência como sempre, se pronunciou. 
— Podem dizer onde estamos? 
— Oh claro! Que cabeça a minha... Estamos em Tuballí. — A mais baixa disse sorrindo. 
— Tuballí?! — Seis dos sete amigos pronunciaram em coro, exceto por Bernardo, que entendeu outra coisa. 
— Tubaína? Tipo o refrigerante? — Todos olharam confusos para Bernardo. — O que? — O garoto disse ao perceber os olhares de todos sobre si. 
— Ai Bernardo, fala sério... — Flávia falou revirando os olhos, e logo em seguida sua barriga roncou. Todos eles estavam famintos. 
— Estão com fome, não é? — A mais alta disse. — Estávamos indo para nossa casa, podem ir conosco comer e descansar um pouco... 
— Não acha que ela vai brigar? Sabe como ela é... — A mais baixa cochichou. 
— São dois contra um... 
— É... Você tem um ponto. Bom, venham por aqui. — A mulher falou para o grupo e começou a caminhar em direção sul. — Nossa casa não é muito grande, mas acho que tem lugar pra vocês todos descansarem. 
— Naya não fará nada com vocês, não precisam ter medo dela. 
— Quem é Naya? — Sarah perguntou, curiosa, porém receosa. 
— Uma amiga. Nós três moramos na mesma casa. — A mais baixa respondeu simples. — Aliás, acabei de perceber que não nos apresentamos. Sou Lana, esse poste do meu lado é Jade, elu é não-binário, respeitem os pronomes delu por favor. 
— Sou Pedro. — O garoto de óculos disse. — A ruiva é Alice, a loira é a Carla, o grandão é Lucas, a negra é Flávia, a morena é a Sarah e o outro garoto é Bernardo, todos somos cis. Um dos nossos amigos se perdeu quando chegamos, o nome dele é Jonathan, ele é mais ou menos da minha altura, os cabelos são castanhos e meio bagunçados, ele é magrelo e tem o rosto fino, caso o vejam por aí... 
— Ok, lembrarei disso. — Jade disse, olhando para Pedro. — Mas então, o que os trouxe para Tuballí? 
— Uma caverna mágica. Eu acho. — Bernardo disse, coçando sua nuca levemente. 
— Não, eu digo o motivo. Por que vieram? 
— Não viemos propositalmente. — Sarah disse, andando um pouco mais rápido para ficar ao lado de Jade. — Íamos passar a noite naquela caverna porque estávamos perdidos na floresta, mas quando adormecemos, fomos teleportados pra cá. 
— Oh, então não quiseram vir para Tuballí e fugir do mundo de vocês? 
— Por que fugiríamos? Nosso mundo é bom. — Lucas respondeu. Para ele, um homem hétero e cis, o mundo era bom. 
— Deixa quieto. Chegamos na nossa vila. — Jade disse parando em frente a uma pequena clareira, vazia. 
— Não vejo nenhuma vila aqui... — Bernardo disse enquanto Lana pisava em uma pedra azul meio escondida ao lado. Assim que a mulher pisou na pedra, um portão apareceu magicamente. A mesma abriu o portão e entrou, esperando os outros. 

Tuballí: Um Mundo SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora