I

5K 326 313
                                    

Nota: (1) – Harry Potter e seus personagens não me pertencem. E sim a J.K. Rowling. Toda a trama desta história é baseada na incrível obra de S.J. Watson, que, obviamente, também não me pertence. Porém, a causa da amnésia de Harry e o final desta história serão completamente diferentes do livro de Watson. Essa história não possui nenhum fim lucrativo, é pura diversão.

(2) – Essa história contém relacionamento Homem x Homem. Então, se você não gosta ou se sente ofendido, é muito simples: não leia.
(3) – Entre "..." pensamentos.
Entre - ... – diálogos.

Hopekookeiiiie, conforme você pediu! Espero que goste!

-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

AMNÉSIA

Os belos olhos verdes se abriram devagar e enfocaram um quarto estranho, nada familiar. Ele não sabia onde estava, nem como fora parar ali, nem como faria para voltar para casa. Ele havia passado a noite naquele lugar e fora acordado pela voz de uma mulher – por um instante, ele pensou que a mulher estivesse ao seu lado na cama, mas depois percebera tratar-se apenas do noticiário que estava programado como despertador do rádio relógio – e, ao abrir os olhos, havia se deparado com aquele quarto desconhecido.

Finalmente, quando seus olhos se acostumaram à penumbra, ele olhou ao redor e viu um leve roupão de seda verde-esmeralda pendurado atrás da porta do armário e calças escuras cuidadosamente dobradas sobre o encosto de uma cadeira à mesa. Ele não conseguia ver muito mais e a animada voz da mulher começava a irritá-lo. Após alguns minutos, porém, ele encontrou o botão e deu um jeito de silenciá-la.

Neste momento, ele ouviu uma respiração tranquila às suas costas e percebeu que não estava sozinho. Ao se virar, um par de costas largas e musculosas estava à sua frente. Um homem. Cujo braço esquerdo estava para fora das cobertas e um anel de ouro se destacava no dedo anelar de sua mão. O pobre rapaz de olhos verdes então reprime um gemido. Aquele homem forte de cabelos negros e corpo perfeitamente esculpido ao seu lado parecia impressionante, sem dúvida, mas, pelo visto, era casado. Ótimo. Ele não só havia transado com um homem casado, provavelmente um gay enrustido que aos olhos da sociedade possuía uma família perfeita, com sua esposa e filhos, mas fizera isto no que parecia ser a casa dele, na cama que ele compartilhava com a esposa. Voltando a se deitar, o rapaz tentava se recompor.

- "Onde estará sua esposa?" – pensava – "Será que preciso me preocupar com a possibilidade de ela voltar a qualquer momento?".

Ele imaginava a imagem de uma mulher enfurecida do outro lado do quarto, gritando e o chamando das piores coisas possíveis. Uma medusa. Uma massa de serpentes. Ele pensava em como iria se defender, caso esta mulher realmente aparecesse. Porém, o cara na cama não parecia muito preocupado, absorvido num sono profundo.

O jovem acordado piscava seus lindos olhos verdes, mas permanecia imóvel. Normalmente, ele conseguia se lembrar de como acabava nessas situações, mas não era o caso hoje. Deve ter sido uma festa, uma ida a um bar... Ele devia estar muito bêbado, com certeza. Bêbado o suficiente para não se lembrar de absolutamente nada. Bêbado o suficiente para ter ido parar na cama de um homem casado.

Ele respirou fundo e afastou as cobertas o mais suavemente possível e se sentou na cama. Antes de mais nada, precisava usar o banheiro. E assim, ignorando o chinelo aos seus pés – porque uma coisa era transar com o marido de uma mulher, outra era usar os chinelos dela, mesmo que parecessem perfeitos ao tamanho de seus pés –, o jovem, ciente de sua nudez, seguiu para uma porta entreaberta que parecia ser o banheiro integrado à suíte.

Após se aliviar rapidamente, dar descarga e se virar para lavar as mãos, ele estendeu o braço para apanhar o sabonete e notou que havia algo errado. De início ele não conseguiu perceber o que era, mas então ele viu: a mão que segurava o sabonete não parecia ser sua. A pele estava um pouco mais velha, mas também mais suave, fina e hidratada, os pequenos calos haviam sumido, substituídos pela pele bem cuidada de uma pessoa que não estava acostumada ao trabalho, e tal como o homem deitado no quarto havia uma aliança simples de ouro em seu dedo anelar.

Amnésia Onde histórias criam vida. Descubra agora