Baseado no capítulo 16 de Atos, a história mescla versículos e ficção cristã numa jornada inesquecível para aqueles que acreditam na importância do IDE.
Essa história surgiu após um desafio de escrita do @projeto_VMOM1 está completa e será publicada...
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Ilha de Samotrácia, verão de 1999
Após uma recuperação, o aspirante a escritor e o missionário atracam no porto devido a outra mudança no itinerário. No rosto de um, o brilho do Espírito Santo, no do outro, penumbras de preocupação.
— Que cara é essa, hein?
— Nada. — Ao desviar o olhar, Silas confere o mapa outra vez.
— Você continua pensando naquela mulher?
— Não, mas... o que ela disse mesmo?
— Nada. Só falou que a caligrafia é bonita. Ela não leu as cartas para a sua futura esposa.
— Mas você leu. — diz ao rosnar, ainda chateado.
— Eu já pedi desculpa, aliás, eu nem li tudo.
— E nem vai ler.
Insatisfeito com a expressão preocupada do amigo, Paulo insiste:
— O que foi?
Os ombros caídos de Silas e a mão direita a coçar os escassos pelos do rosto são a resposta.
— Você ouviu no sonho Macedônia ou Macedônia do Norte?
— Só Macedônia.
— Então por que você quer ir para a fronteira com o Kosovo? Durante uma guerra?
— Porque quero cuidar dos refugiados.
— Sim, mas você está com medo, não é?
— Não. Onde está a sua fé? Deixou na Turquia ou no Brasil?
Tão logo joga a enorme mochila nas costas, o missionário eleva os pensamentos.
Eu te peço mais uma vez, Senhor, faça a tua vontade nas nossas vidas. E dá um pouco de fé a esse abençoado porque, se ele tiver alguma, está escondida.
— Mas é o Kosovo. Você sabe que as pessoas daquele país seguem o Islã, não é?
— Sei. E daí? Eu, Paulo, sigo o Deus vivo e só temo a Ele.
— Tem muitos muçulmanos lá.
— Sei, e é por isso que estamos indo. Muitos deles estão desamparados e precisam saber que, apesar das aflições do mundo, Jesus venceu todas elas.
•••
Admirando a vista da ilha de Samotrácia, a jovem, com coragem e muita fé, se prepara diante de mais uma missão. Encontrar os refugiados da guerra do Kosovo que buscam abrigo no local é difícil. Apesar disso, ela sabe onde procurar e sempre encontra quem necessita de ajuda.
Porém, antes de desembarcar, os olhos se fixam outra vez nos dois viajantes. Para ela, os cabelos e olhos negros, emoldurando o rosto angulado, se destacam e o encanto é imediato. Contudo, sabe que a missão é prioridade. E mais uma vez, envolvida num misto de esperança e bravura, continua a busca, mantendo o encontro com o homem de caligrafia bonita no coração.
