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Nem são três da tarde, e eu estou parada na porta da biblioteca.
Incerta entre esperar uma hora passar ou entrar logo para dar um fim nisso, eu me movo de lado para o outro, desajeitada, sentindo o peso dos olhos das pessoas na minha nuca. Meu corpo treme, e o suor começa a se formar na palma das minhas mãos.
Nada surpreendente. Mas, por outro lado, a coragem vem.
Já dentro do lugar que não pretendia visitar tão cedo, eu sigo o percurso das mesas no centro da biblioteca onde os universitários estudam, a maioria deles, na verdade.
O local não é tão movimentado, a maioria das mesas coletivas estão vazias, algumas, ocupadas com caixas de livros que ainda vão ser guardados, ou só estão ali para que as pessoas não lotem tanto a biblioteca.
Confirmando minha dúvida, um tempo depois, que talvez eu tenha chegado cedo demais e que ele ainda não esteja aqui, eu acabo respirando em alívio alto demais, sendo repreendida com um "Shh" impaciente vindo de alguma das mesas do centro da biblioteca.
Fugindo despercebida, eu acabo seguindo para o corredor dos livros de ficção, finalmente batendo com as costas na coluna de livros recém organizados, conseguindo algum equilíbrio antes de sacar meu celular do bolso, checar mensagens novas ou o principal, minha conta bancária.
Dinheiro.
Mais dinheiro do que mês passado e antes disso.
Em menos de segundos, um sorriso satisfeito se acendeu em meu rosto e foi se desfazendo quando uma notificação da caixa de mensagens chamou a minha atenção.
Mãe
| Melhores suas notas ainda mais.Bingo. A felicidade de uma marionete sempre tem seus dois lados.
É claro que ela teve acesso primeiro às minhas notas do que eu mesma, por esses meses, no primeiro período da faculdade, ela fez isso, também como fez no ensino fundamental e ensino médio.
E, de verdade, isso me assusta.
- Se estava tentando se esconder, sinto dizer, mas você também não é boa nisso. - Alguém diz, e eu arqueei minhas sobrancelhas.
Levi.
- Como assim "também"? - Anunciei, sem mover os olhos para perguntá-lo diretamente.
No instante seguinte, eu escutei os passos de aproximação.
- Suas expressões. - Ele disse por fim. - Você não consegue disfarçar quando está triste ou com raiva.
Eu o olhei antes de me afastar da coluna de livros e guardar o celular no bolso da calça, por fim, respirando fundo, sentindo os pulmões doloridos.
- Eu não estava me escondendo. - Trocando de assunto, eu rebati. - E por quê... está me olhando assim? - Questionei, um pouco medrosa. - Ontem disse que queria conversar comigo, e então? Do que se trata?
- Venha. - Então, ignorando a minha pergunta, ele deu as costas e seguiu para as mesas, logo, eu me apressei discretamente e o segui.
A mesa que ele escolheu não é tão próxima das outras, e também não é tão distante. O ambiente sem mais uma pessoa me deixa desconfortável porquê eu não sei a intenção dele com esse "encontro".
E agora, eu tento mudar o clima.
- O seu rosto... ele melhorou?
Ele se move no assento, desfaz os braços cruzados e permanece me analisando com aqueles olhos.
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Desconhecidos com memórias
Fanfictionuma única ação juntou dois jovens universitários a criarem memórias juntos, e sobreviverem com às consequências disso