Capítulo 10

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  Uma hora mais tarde, Camila era forçada a admitir que nada voltara ao normal.

  A sra. Richardson monopolizava a conversa relatando suas intermináveis viagens, e era melhor assim. Não teria sido capaz de conversar enquanto tentava defender-se da ex-melhor amiga.

  Lauren insistia em abraçá-la, e ela passava o tempo todo tentando interromper o contato, algumas vezes com certa rispidez.

  — Pare com isso! — exigiu num sussurro furioso quando Emma Richardson virou-se para o marido.

  — Por que está tão nervosa, querida?

  — Não me chame de querida!

  — Oh, eu adoro quando Herb me chama assim — a Sra. Richardson comentou.

  Podia apostar nisso. A mulher devia ficar encantada quando conseguia ouvir a voz do marido.

  — Prefiro evitar demonstrações de afeto em público — Camila respondeu irritada.

  — Só se mudou muito, porque ainda me lembro de certas demonstrações proporcionadas por você e Lauren.

  — Viu, querida? — Lauren interferiu, enfatizando o tratamento carinhoso. — Vai ter de habituar-se às minhas demonstrações públicas.

  Camila atingiu suas costelas com o cotovelo.

  Lauren gemeu.

  — Oh, eu sinto muito... querida! Está tão perto de mim, que não pude evitar. — E sorriu para o silencioso Herb. — Ainda não disse o que faz.

  — Oh, Herb trabalha usando o telefone. Faz contatos — respondeu Emma Richardson. — Ele vive falando! Sorte dele que adoro ouvir seu tom melodioso e doce.

  Lauren engasgou com a água que acabara de beber. Camila escondeu o sorriso e virou-se para bater nas costas dela.

  — Obrigada.

  — Devia ter mais cuidado — apontou a antiga professora. — Conheci uma mulher que...

  Dez minutos mais tarde, quando todos conheciam a história de Sophie Garret, uma mulher cuja vida fora interrompida drasticamente por uma gargalhada inoportuna que a levará a engasgar com o refrigerante e morrer sufocada, o jantar era servido.

  Lauren provou o camarão e colocou um deles no prato de fetuccine de Camila.

  — Já contei como Camila e eu nós aproximamos por causa de um prato de camarão e uma tigela de fetuccine?

  Emma balançou a cabeça.

  — Bem, ela estava saindo com aquele sujeito, o tal Jed...

  — Ted — Camila a corrigiu mal-humorada.

  — Jed, Ted... Enfim, eles saíram para jantar, e o sujeito pediu fetuccine. Camila adora fetuccine, mas também gosta muito de camarão. Bem, Ned.

  — Ted!

  — Sim, Ted pediu fetuccine, como ela. Não havia variedade, e assim Camila percebeu que buscava mais em um relacionamento. E, é claro, o primeiro nome da lista era o meu. Afinal, já pedimos centenas de jantares juntas, e havia aquele beijo no laboratório de química...

  — Não foi um beijo. Foi respiração artificial — Camila a interrompeu.

  — Enfim, ela possuía a experiência necessária para saber que eu seria a melhor escolha.

  — Oh, Herb, não é a história mais doce que você já ouviu? Jamais pedirei fetuccine ou camarão sem lembrar-me dela. Querida, com quantas pessoas teve de sair até perceber que o par perfeito estava a seu lado? Lauren é a metade de sua laranja! Ou o camarão do seu fetuccine — ela riu.

Esperando por você? (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora