Conto 4 parte 1

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Tim

De volta a escola militar para finalizar meus estudos. Estou ansioso para finalmente me ver livre daqui. Falta poucas semanas e não posso negar que sentirei saudades. A princípio quando meu padrasto me colocou aqui pensei que seria horrível mas no final, até que é bem legal. Apesar da disciplina, e alguns trabalhos puxados, os outros alunos eram legais e todos brincavam muito quando tinham um tempo livre. 

O ultimo semestre foi até melhor, Nate conseguiu com a ajuda do seu pai Ares ingressar na turma e agora estamos juntos próximos de nos formar. Até me sentiria completamente feliz, se não esperasse nada de errado acontecer. Coisas erradas sempre aconteciam comigo. 

Após sermos liberados da ultima aula do dia, partimos para o refeitório. Todos conversavam ao mesmo tempo e a algazarra era  imensa. Me sento na mesa com mais alguns colegas de turma que estão conversando.

- bem .. - dizia um deles - vamos ter que comprar um certo tipo de vela e por na porta do nosso dormitório, assim ele não nos carrega.  

- do que estão falando ? - digo interessado.

- da lenda do fantasma perdido- Meu estômago se revira, fantasmas. - Bem, reza a lenda que era um aluno como nos, mas que morreu aqui. E todo final de período, antes de nos formamos ele vem andando pelos corredores e leva um de nos para um passeio sombrio. As pessoas escolhidas nunca mais são as mesmas. 

Nate da um sorriso debochado e diz:

- Parece apenas lenda. 

- não é - rebate um garoto louro gordinho - o amigo do meu irmão não acreditou e foi levado .. meu irmão disse que ele está doido agora.

Nate riu novamente e virou para mim.

- o que acha?

- não sei.. se tivesse um fantasma aqui eu teria visto. - digo inseguro. tudo que menos queria era lidar com fantasmas.

- bem, não sei vocês mas eu colocaria uma vela na porta do quarto, o fantasma vem na ultima semana de aula.

Volto para o quarto pensativo quando encontro nosso diretor andando pelos corredores dos dormitórios, ele parece perdido em pensamentos. Quando passamos por ele, ele parece nem notar o que esta fazendo ou por onde está andando. É um homem velho e feroz, nunca tolerava brincadeiras ou coisa do tipo, todos sabiam que tinham que ficar fora de seu caminho. Seus castigos eram lendários.

- o que ele faz aqui ? - Argumenta Nate

- Não sei - digo franzido a testa - suponho que com tudo isso de lendas, ele venha garantir que nenhum aluno faça alguma prenda ou coisa do tipo.

- é .. birrazo. Até ficaria com medo mas tenho você como companheiro de quarto e mais seguro que isso só dormindo com seu pai - Nate fala entrando no quarto e se jogando na cama. 

Não me sinto muito confiante sobre essa história de fantasmas, eles geralmente me encontravam com facilidade e conversavam comigo. Sobre fantasmas levarem pessoas, era algo que nunca havia lidado. 

Era 21:00, próximo ao toque de recolher, onde teríamos que desligar as luzes e nos deitar quer estivéssemos com sono ou não quando recebo uma ligação de vídeo e meu coração palpita em alta velocidade no peito.

Liz aparece na tela do meu celular, seu sorriso debochado costuma deixar as pessoas inseguras e desconfiadas. Eu achava extremamente lindo, seus cabelos loiros quase branco cortados rente ao queixo lhe davam um ar mais velho, e seus olhos cor de chocolates eram vistos como comuns mas para mim eram como um lar. 

- Oi soldado ! - ela fala ainda sorrindo - como vai as coisas?

- HM bem, é .. estamos quase nos formamos e logo vamos voltar para o acampamento - Digo e ela me encara encantada com a noticia. Havíamos começado um relacionamento pouco antes de ter que regressar a escola, ela era uma das coisas que eu mais tinha saudade e não via a hora de poder estar ao seu lado de novo.

- Bem, estou contando os dias, estou morta de saudades.

- Também estou, sério. Tipo muito mesmo, você faz falta - digo e tomo um susto quando Maya, minha melhor amiga, surge na tela emburrada:

- Oh e da amiga? esqueceu senhor timotheo? Ha! é so namorar que as amigas são esquecidas né ? pois eu também sinto sua falta mas agora deixa pra lá - Ela fala com ar superior, não deixo de rir pois sei que está so brincando. 

- Também te amo May, pode ter certeza que estou morta de saudade de você também - digo e ela me dá língua. - Como estão as coisas ai ?

- O acampamento continua do mesmo jeito, atividades, brigas, intrigas ... uma maravilha. 

- E paco ? - pergunte e ela franze a testa em preocupação. 

- Bem, ele está tentando mas não vai nada bem .. - ela responde com um suspiro - é tudo recente e tudo lembra ela .. bem estamos tentando anima lo mas está dificil sem vocês aqui .. acho que vocês fariam melhor. 

- Bem .. logo voltaremos e lidaremos com ele .. - falo meio preocupado. 

Nesse momento Nate surge no dormitório apenas de toalha, enxugando os cabelos com outra e meio distraído, quando percebe que estou falando com Maya ele fica vermelho e passa reto para seu lado do quarto. Enquanto eu e Liz nos resolvemos, May e Nate continuam numa relação estranha. Aparentemente, a conversa que tiveram no final do verão não acabou com revelação de sentimentos e declaração, mas confusão e pouca concordância. 

- Oi Nate - Maya fala alto com a cara meio emburrada. 

- Oi - responde Nate terminando de se organizar. 

- Bem, foi bom falar com você Tim. Vou deixar você e Liz namorarem um pouco mas não muito, O toque de recolher é jaja e vou ter que voltar para o quarto então juizo ! - ela diz piscando e reviro os olhos. 

Logo ela sai da tela e passa o celular para Liz que faz uma careta e fala:

- Ela pode não falar mas sente falta do Nate. Acho que uns 3 caras ja tentaram conversar com ela mas ela simplesmente arruma uma desculpa e se afasta. Quando não está comigo e o Paco está sozinha. - Liz fala suspirando. - Poderia falar pro Nate deixar de ser idiota e pensar no que falar quando voltar? Não vejo a hora desse drama acabar.

- Entendido Liz ... - resmunga Nate colocando os fones de ouvido.

- Ele também pensa bastante nela, tenho certeza. As vezes seus olhos estão distantes... - comento e ele se mexe desconfortável na cama, só para irritar falo : Até chora no travesseiro. 

Nesse momento ele joga o próprio travesseiro em mim e Liz e eu rimos. 

Converso com Liz até o momento que a luz desliga e a internet é cortada. 

Me deito na cama pensando nela e nos meus amigos.. tínhamos bastante problemas internos mas nunca deixamos de ser unidos. Adormeço rapidamente, e acordo com uma claridade nos olhos pelo que penso ser pouco tempo depois, acho que é o sol da manhã mas quando abro meus olhos a luz vem do corredor. Nervoso, pego minha espada curta de de baixo do colchão e levanto de mansinho, abro a porta devagar e saio no corredor. 

Está tudo silencioso, olho em volta e demoro a perceber a forma de um aluno poucas portas a frente. 

- oi - chamo  meio nervoso. 

O garoto se vira e não o reconheço, seu uniforme parece ser mais antigo e sua pele está pálida com os lábios azuis. 

- Quero ir para casa - Ele choraminga e minha visão escure logo em seguida. 

Buuuh !!! Votem <3

Filha da Neve - ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora