SETE "SUPERVISÃO"

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NICHOLAS

***

Puxei a corda com os dedos quase trêmulos e fadigados de tanto treinar, em seguida, soltei a flecha. Ela não atingiu o centro. Segundos depois, senti minha cabeça voar para trás, quando sua mão bateu em meu rosto.

— Segure isso firme!

Estou tentando, tive vontade de falar. Mas com homens como Richard, a palavra "tentar" não fazia parte do vocabulário. Você precisava conseguir. Isso e ponto final.

— Sim, pai.

Peguei outra flecha da aljava encostada em meu joelho. Ajeitei no arco, segurei a linha e aproximei as penas das flechas da minha bochecha. Inspirei, depois quando fui soltar, deixei que todo o ar saísse em uma lufada.

Dessa vez, se aproximou do alvo. Mas ainda estava foro do círculo.

Richard me olhou, então depois, para as dez flechas que ainda não conseguiria colocar no alvo. Claro, eu começara a praticar hoje, o que ele queria? Resultados. Aquela palavra flutuou estranhamente por meu subconsciente.

Até ele estalar outro tapa em meu rosto. Minha pele parecia em chamas.

— Mais uma vez, e da próxima, o chicote caíra em seu rosto como faca na manteiga.

Sim, pai.

E certamente, a manteiga era o meu rosto. Peguei outra flecha, encaixando-a no arco. Imaginei o rosto de Richard naquele círculo perfeito e preto. Vi seu rosto, reuni minha raiva toda que mantinha dele e soltei-a.

Segundos depois, a ponta da flecha brilhou sob a superfície preta.

***

Eu mal dormi naquela noite. Esqueci de dizer que meus homens não chegariam perto dela. Que se um se arriscasse, apareceria com um buraco na cabeça. Rolei e rolei até embolar o lençol e os cobertores nas pernas.

Até não parar de lembrar sua expressão medrosa quando entrei. Até não esquecer seus seios tampados pela água morna.

Na manhã seguinte, a surra de David estava pior e mais dolorosa. Fiz uma careta ao olhar para o espelho e ver os hematomas se misturando aos não curados de quando tirei o poder de Richard. Os cortes abertos eram piores.

Desgraçado. E em pensar que ele saíra apenas com um olho roxo.

Nem desci para tomar café da manhã. Como de costume, fui direto para o escritório que se tornara meu, e como de costume... Daylon estava sentado ali, me esperando com os braços cruzados na frente do corpo. Franzi o cenho ao fechar a porta atrás de mim.

— Pensei que fosse partir com Blake.

— Sirvo melhor aqui do que lá — resmungou.

Ele serve. Não comanda mais. Me encaminhei para a enorme cadeira, tirando o paletó e colocando-o no encosto. Sentei e somente aí, olhei em sua direção. Ele estava comprimindo os lábios fortemente, numa linha branca.

— É por suas memórias, certo? — Adivinhei, ligando o computador.

— Em grande parte.

Eu sabia que a outra parte era por aquela garota. Nós éramos homens que matavam cruelmente, que dilaceravam seus inimigos sem dó, mas era entrar uma mulher ou criança em nossa frente... Que nos provava que não éramos de todo desalmados.

Não disse nada, enquanto avaliava os documentos da petição para contrabandear animais silvestres. Meu pai era tão podre. Recebi um e-mail para uma proposta de mais contrabandos de mulheres para o tráfico. Duzentos mil por cada uma.

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